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Muitas vezes caímos no chavão de generalizar ou dar luz a eventos não tão relevantes, sem contar omissões, mas uma análise de jogo mescla objetividade com subjetividade – e desse suco temos de entregar o máximo de acerto

Há uma figura dentro do jornalismo tradicional chamada ombudsman, muito usada nos Estados Unidos e que no Brasil tem no jornal Folha de S. Paulo seu maior expoente. Ele é uma espécie de “advogado do diabo”, olhando para a produção jornalística da casa e tecendo críticas e comentários. Algo como um ouvidor, tendo a função de representar o povo leitor dentro de uma redação.

A Liga Chuteira de Ouro F7 é diferente porque tem na prática jornalística um de seus motes. Vanguardista em um ponto da história do século XXI. Ela não tem um ombudsman oficial, mas tanto Lucas P. quanto eu exercemos função similar a respeito das reportagens chuteirenses. Afinal, qualquer reclamação ou sugestão, principalmente em se tratando de matérias escritas, vêm a nós.

Esse retorno é muito importante: sim, pois quem lê as reportagens deve ter poder de análise crítica e ser exigente. Eis um desafio maravilhoso para quem é repórter e editor. Nossa responsabilidade aumenta e deve sempre zelar pelos interesses de quem está envolto a um jogo. Porém, deve ser uma via de mão dupla. Afinal, existe também o desejo da Organização de que nada de ruim ou ofensivo possa manchar uma marca construída com muito trabalho e dedicação. Desde 2006, a LCOF7 sempre se preocupou em não fomentar todos os fatos. Tem coisas que simplesmente não merecem publicidade.

Ética é uma palavra tão linda quanto “liberdade”. Para bom ou boa entendedor\a, fica cristalino que ela, a ética, tem limites, é vigiada e é bem subjetiva. Como chefe de redação, minhas orientações para quem fará reportagem são objetivas e sempre buscando justiça e pluralidade. Porque o esporte amador exige que, na condição de “eu pago o mesmo que ele”, aconteça igualdade. Diferente do esporte profissional, todos ali são iguais, independente da técnica ou destreza.


Entretanto, a isonomia nem sempre virá por completo. Muito detalhe sai da subjetividade. Esta, dita certas regras. Por isso, enquadrar repórter recém-começado no jornalismo chuteirense é muitas vezes mais desgastante do que gerenciar uma confusão entre times. O preparo de um repórter para o trabalho jornalístico chuteirense é grande. O nível de dificuldade, imenso. O nível de atenção e memória exigidos, colossal.  

Cesão, um dos maiores expoentes do Real Madruga, criticou fortemente a preguiça de parte da imprensa chuteirense quanto a resumir os jogos do líder do Grupo A da Prata 27, com 100% de aproveitamento até agora, com o “madrugabol”. A jogada, alcunhada por alguém da casa na década passada tornou-se a marca do RM dali em diante. A famosa “pecha” em ação. Sei que o capitão do Madrugão busca exatamente o que os direcionamentos e conceitos jornalísticos têm em termos de teoria. Isso quer dizer que deveríamos não nos concentrar somente na excelente jogada aérea do time.

Por enquanto, foi evidenciado, nas Arenas Chuteira de Ouro, que o recurso aéreo continua sendo uma jogada forte ao Real Madruga. Dos 12 pontos alcançados até agora, é possível afirmar que a metade foi utilizando o “madrugabol”: na estreia massacrante sobre o Lapiros, e na suada vitória magra ante o Fúria ZB no último lance de jogo. A fama tem seu preço. Numa matéria escrita ou no Planeta Chuteira, o ângulo jornalístico deve se ampliar a duas equipes para, depois, afunilar aos fatos mais relevantes. Se contra o FZB a cabeçada de Dudu não entrasse, com certeza a trave poderia ser enaltecida na matéria ou comentários. Na parte escrita, com certeza estão registradas as produções de jogadas que explodiram no poste, todas com os pés. Na parte oral, muitas vezes elas passam batido diante do tanto de informações que quem apresenta (no mínimo uma dupla) o programa na TV Chuteira deve ter em mente.

Quem lê pode até considerar que os parágrafos acima são mero vitimismo. É seu direito. Porém, é uma justificativa para amansar desconfianças carregadas ao olhar da imprensa chuteirense sobre estilos de times. Nada de “mimimi”, como foi fortemente criticado por Cesão ao mostrar descontentamento sobre a análise comportamental em uma parte da vitória sobre o Fúria ZB, na terceira rodada, da reportagem do jogo. Houve um entrevero desgastante, sim, entre RM x FZB (longe de ser generalizada, porém que envolveu um membro de cada time), mas jamais será descrito em detalhes – justamente para não passar ideias erradas.

Para a compreensão de Cesão, foi até desonroso ao seu time ler que os times fizeram “mimimi”. Sim, historicamente, o Real Madruga não pratica essa infâmia (nem o FZB), sempre buscando jogar futebol e sem falar com arbitragem ou jogadores adversários. Por isso está brigando no topo quase sempre. Porém, no recorte de um jogo, o RM se envolveu em discussões desnecessárias com o FZB, e, sinceramente, neste caso, tanto faz quem começou a provocação dentro de quadra. Naquele ângulo de notícia, o nome Real Madruga esteve envolvido.

A orientação jornalística na LCOF7 é simples: além de não haver detalhes de confusões, ambos os times devem ser responsabilizados por pausas indevidas, que deixam o ambiente carregado e sacal. Se aconteceu uma expulsão, você não vai ler o motivo. Apenas saberá que quem provocou a exclusão foi a própria pessoa.

Você que leu até agora a coluna provavelmente me chamou de hipócrita. Aceito. Quem não é? Com certeza pensou que a arbitragem sempre tem muita importância em entreveros. Lógico que tem, afinal, pelo menos seis pessoas em quadra, numa partida carregada de emoção, “buzinam” nos ouvidos da dupla arbitral. Diz-me aí quem consegue se concentrar com pessoas gritando como se deve fazer o trabalho sem errar ou se questionar. Pense na sua empresa e veja se isso acontece. Você aguentaria a pressão? Se veja no lugar dele uma vez e responda honestamente.  

Quem está apitando o faz por amor, e também – óbvio – pelo dinheiro. É sustento de família. Eles não estão brincando com o jogador, como muitos dizem dentro de quadra e levam, merecidamente, uma advertência em forma de cartão. É ser humano que erra tanto quanto eu ou vocês. Porém, aqui reside o grande desafio da reportagem chuteirense: eliminar vícios do jornalismo tradicional – porque, profissional, Antônio Lemos, Matheus Mazzo, Rafael Burihan, Miguel Inácio, Pedro Romeo, Leandro Fazano, Luiz Andreassa, Pedro Moralez, Rafael Sales, Guilherme Napolis, o novato Rodrigo Croos, o fotojornalista Guilherme Rodrigues, o videomaker Leonardo Erba, além de Lucas P., todos somos.

Claro que imitar a vida é prática corriqueira. Quem começa cru nas reportagens associa jogadores e jogadas ao futebol de campo masculino profissional. Trazem consigo a mania sensacionalista de explorar degradação ou miséria em forma de “fato”. Na LCOF7, amam descrever uma jogada desleal na primeira rodada de matéria. Obviamente, são cortadas essas orações pela edição, transformadas em constrangimento para as autorias dos fatos copiados do profissional-explorador, como as brigas, justificadas como “é da cultura do futebol”.

Se brigas, discussões, culpar a arbitragem pelo insucesso, são da cultura do futebol, não quero mais participar dela então. Joguei até 2019, quando me aposentei definitivamente dos gramados devido a minha operação no joelho direito e pela minha forma ranzinza advinda da experiência em idade. Durante meus 35 anos de prática futebolística, jamais participei de brigas. Jamais incitei briga ou discussão inútil. Nunca caí em “pilha adversária”. Passei longe de ser o reclamão com arbitragem. Sempre tive em mente que, ali, é um jogo. Existem regras. Existem limites. Saber lidar com a partida é meio passo para o triunfo. Inclusive aceitar derrota [recomendo duas leituras para quem busca se envolver e conhecer cada vez mais as raízes do futebol: Veneno remédio: O futebol e o Brasil (de José Miguel Wisnik) e O futebol explica o Brasil: Uma história da maior expressão popular do país (de Marcos Guterman)].

A nova modalidade é “vetar árbitros(as)”, muitas vezes colocando essas vidas em exposição em mídias sociais. Vício total do futebol de campo, onde os limites para punições são longos. Se não há condenação, ou então ela é omitida, então está liberado praticar? Jogadores e treinadores de clubes profissionais saem aos microfones bravatando contra a arbitragem sem ter o mínimo de autorresponsabilidade sobre a participação de sua equipe na hipotética derrota.

Onde entra a reportagem chuteirense nisso? Em nenhum lugar. O fato desgastante, quando houver, será destacado, sim, mas não em riqueza de detalhes. O RM não é time de dar trabalho à organização, porém deu trabalho naquele determinado jogo, porque esteve envolvido naquele fato. Quem discutiu com quem, como, onde, por quê etc. estará inteligível no texto e na ficha técnica abaixo da matéria. A interpretação da condensação de parágrafos, logo, passará a ser subjetiva. “Olha só, teve treta aqui”. Essa pessoa leu que teve um fato desagradável traduzido em “ambos os times estavam de mimimi”, ou, como eu acostumava escrever, “pararam o espetáculo para marcar um churrasco pós-jogo, irritando o público”. Isso é uma forma de proteger os jogadores, a LCOF7, e a equipe de reportagem.


O que repórteres não podem fazer é deixar passar fatos realmente relevantes, como gol anulado do Deu Certo (como reclamou Patrício), ou “inventar lance”, como chamou minha atenção Gustavo Valadão sobre matérias do Independiente del Baile. Não é fácil, Cesão, a gente erra demais tentando levar informações importantes em forma a deixar as divisões mais sadias e equilibradas.
 
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