Esqueça “resiliência”, “fé”, “oportunizar”, “meritocracia”. A palavra mais aventada na Liga Chuteira de Ouro F7 é “critério”. Ponto pacífico. Da Série Ouro à Copa Estrelato é o trend topic da vida real. Exigem-no na arbitragem, na organização, no jornalismo. Também no time adversário. É tomado pela própria agremiação, mas não necessariamente colocado em prática - porém é impulsionado nos conscientes muitas vezes pela omissão/ocultação na informação de que ele mesmo (hipotético jogador) não está exercendo um caráter criterioso no relato de um suposto fato.
Há de separar nos contextos chuteirenses a palavra “critério” quando empregada. Quando se o pede para a arbitragem, desde antes do apito inicial, é exigido dela “coerência” - até o encerramento - principalmente nas marcações dos lances interpretativos. Sobretudo no que se refere a “trancos” para desarmar o rival, erguer a cor do cartão da mesma maneira sofrida anteriormente… até no excesso de reclamações disparadas contra a arbitragem, entre outros casos. “Se o cara tá xingando, eu também farei o mesmo (voz do subconsciente: a jurisprudência me salvará)”. Bem, há casos em que quem apita pode interpretar a forma dirigida a ele(a) de um jeito diferente. Você acabou de ler esse trecho e pensa que aliviarei para a arbitragem. Negativo. São descriteriosos, sim, quando não aplicam a regra para os dois lados. Porém, o ser humano é único. “Tem noite que é dia”.
Não vai adiantar escrever que a arbitragem faz o melhor papel possível para que o espetáculo ocorra da melhor maneira, sem ter de escutar reclamações/dúvidas sobre estudo ou condição econômica - algo recorrente principalmente de equipes desesperadas num determinado jogo ou situação na divisão - no fim de mais um combate. Não ter de ouvir a expressão genérica de que “o árbitro não será punido, enquanto meu time saiu prejudicado”.
Bem, como escrevi acima, talvez seja perda do seu tempo de leitura lembrar que um jogo de fut7 oferece muito mais oportunidades e alternativas durante uma partida do que o futebol de campo. Quando vem a expressão genérica citada, se o seu subconsciente não tiver antídoto contra o discurso pronto - lembrando que um lance isolado não serve para o society na maioria esmagadora dos casos, porque quem apresenta essa dor provavelmente omitirá as três bolas na trave (que é erro) mandadas antes, os gols perdidos cara a cara com o goleiro adversário, as faltas coletivas cometidas desnecessariamente etc., tudo com a finalidade de tomar para si o protagonismo - poderá se sensibilizar e até banalizar o momento. Se esse jogador agir assim, é porque não exerceu critério também.
Coerência entra na jogada e se apresenta como um desafio à mente. Não é sinônimo de “critério”, mas se misturam muitas vezes ou caminham lado a lado. Os exemplos vindos das relações entre times, jogadores e arbitragens mostram uma verdadeira feira livre. Tem todo tipo de discurso para a clientela - que é vasta, eu sei, Marcelo Falcão. Se for adotado um critério, será exigido coerência. É como uma redação escolar: se você lançou uma tese, sustente-a com argumentos coerentes para justificá-la. Pensa-se assim. Difícil é sua execução. Poucas pessoas conseguem. Posso recorrer de novo à arbitragem novamente. É de época em época quem elogia uma “conduta exemplar” de quem apita. Na alegria, ninguém quer saber das dores do mundo chuteirense. Enxergar o exercício do critério de árbitros(as) numa derrota, então, é para lordes como o professor Alê Bersa - sempre apresentando um ponto de vista neutro da arbitragem após dirigir uma atuação do Zona Nossa. Isso é um grão achado no oceano.
Porém, não apenas da arbitragem se exige critério. Da organização também. Um dos exemplos é quando adotado para definir “critérios de desempate”. Todo fim de fase de grupos o assunto volta com força. Principalmente por parte de quem empatou em pontos com outra(s) equipe(s), mas ficou atrás dela(s) na tabela. Pivardy não se conformou quando soube que o Gbex entraria de férias porque não tinha vencido os confrontos diretos ante Olimpo e SPQSF no Grupo A da Prata 28. Adoro esse assunto, porque quem fica de fora da festa, deixa de aceitar algumas verdades.
Em primeiro lugar, é prerrogativa do evento - não é obrigado copiar modelo popular. Segundo, a organização deixa claro o recado: a fase classificatória vale menos somente que o título, ou seja, ou você leva a sério desde a primeira rodada, ou terá de recalcular rotas. O acesso direto para a divisão acima vencendo determinado grupo é exemplo.
Para o artilheiro do Gbex, o segundo critério de desempate deveria ser o saldo de gols. Assim como pensou um dia Pina para defender o Roleta Russa. Também o lendário Sucão quando mantinha o Fúria Futebol Arte. Para todos eles usei simples justificativa, que a exponho para você que pratica a leitura: é justo uma equipe ganhar vaga porque fez muitos gols numa equipe desinteressada - que mandou à quadra cinco jogadores de linha para não dar w. o., desonrando o compromisso firmado antes do campeonato? É digno aumentar o próprio saldo por não-comparecimento do adversário nas rodadas finais - como ocorre no Grupo B do Chuteira Cinco 18?
O SIMA entendeu que valorizar o jogo é importante, e por isso não precisou do saldo para vencer essa chave e garantir passagem à Aço 21 (próximo semestre). Ao ganhar da concorrência, e vê-la patinando em outras partidas ao mesmo tempo, ganhou força mental para ficar com a primeira colocação com uma rodada de antecedência para o encerramento da fase classificatória. Jogou conforme os critérios criados - e nem a goleada sofrida para o Fundão na terceira rodada abalou a campanha. Não se importou com saldo, embora o gol seja fundamental.
Quem é eliminado sumariamente recorre à reprovação ao critério de confronto direto como segundo critério de desempate. Observe: segundo, porque antes vem o número de vitórias. “Ah, mas isso nunca aconteceu”. É raro, mas ocorre também de época em época. O MachuPichu quebrou um tabu que durou até o oitavo jogo contra o Wake 'n' Bake na Ouro 34, e poderia acabar o Grupo B com a mesma pontuação do arquirrival. Porém ficaria atrás, porque o MP teria um triunfo a menos que o WB. Ou seja, quem está pensando em quartas de final, deveria usar o critério da coerência em disputar (e vencer, óbvio), antes, as oitavas de final.
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