O primeiro confronto das oitavas de final da Estrelato reservava um novo jogo entre Madureira e Galudos. Na fase de classificação, válido pela 5ª rodada do Grupo B, Mogi fez os cinco na goleada madureirense (leia aqui), resultado que provocou uma revolução nos galudos: terceiro jogo seguido sem derrota, vitória por 3 x 1 para surpreender e eliminar o criador do monstro, e a confirmação de uma equipe em franca ascensão.
 
A mudança de postura do Galudos - desde a derrota por 5 x 2 no dia 13 do último mês - foi o fator determinante para colocar a equipe entre os 8 melhores do certame. A ida – e efetivação – de Bona na meta galuda fez a equipe ganhar confiança desde então, conquistando duas vitórias e um empate. O arqueiro resenhou muito antes de o melão rolar, diga-se de passagem: “Só vou cobrar uma coisa, postura”. O problema é que ele já tinha feito outra cobrança anteriormente: “Quero 10 chutes nos primeiros 10 minutos!”. Só que, na verdade, quem escutou o pedido foi Barrucho logo na saída, ao tomar e disparar do centro à direita para soltar a botina. Bona mandou a escanteio.
 
A postura do Madureira era de tentar abrir a contagem para se soltar depois. Os problemas, porém, eram a ausência de vários jogadores – inclusive Mogi – e a vontade do Galudos, demonstrada em cobrança de corner onde a zaga amarela cochilou e Mateus concluiu para Lattes defender para frente. Os suplentes galudos, inclusive, levaram um pito da arbitragem antes de novo escanteio, dessa vez para o Madureira: redonda arremessada pela esquerda para Gelado testar, mas ver Bona operar um milagre antes de ele se estirar no chão para ganhar um tempinho!
 
Apenas 8 jogadores para um jogo eliminatório, na Arena Chuteira de Ouro 5 ainda por cima, não seria nada fácil ao então favorito Madureira. O sistema defensivo estava bem postado e concentrado até então. Nem o lançamento para Mateus fazer o pivô assustou: Favela mandou por cima. Enquanto isso, o tempo foi passando - com as equipes longe de demonstrarem suas técnicas peculiares. A campanha “Quero Meus 10 Chutes” estabelecida por Bona já tinha ido pro vinagre a esta altura.
 
Passada a metade da primeira etapa, o número de faltas cresceu, e aqui está o busílis. Zibahlada deu oportunidade para Barrucho numa delas, mas o madureira 33 endereçou à Marginal Tietê! Minutos depois foi a vez de Maurilio começar seu plano de sair mais cedo do match pela infração na entrada da área, mais à direita: Lattes virou estátua na pancada de Favela! 1 x 0! O Galudos pediu tempo logo após abrir a contagem. Isso fez com que o Madureira voltasse trocando passes rápidos até Gisa cacetar da esquerda. Bona defendeu com o pé. No minuto posterior, contragolpe para Favela pisar de calcanhar à pancada rasteira de Italo, que deu prejuízo ao tirar tinta da trave!
 
Mesmo que Lobo tenha tomado o doce da mão de Italo e obrigado Bona a defender para o lado de forma sensacional, o Madureira não estava bem, parecendo tanto afobado quanto apático diante de uma galudada com fome de bola! O nervosismo de Barrucho só diminuiu na troca de passes até Maurilio disparar o torpedo, mas Bona defendeu para o lado. Na resposta, Kenzo acionou Favela pela direita, que soltou o petardo. Lattes estava seguro.
 
Antes da troca de lados, Eduardo falou algo referente ao videogame Fifa 2017, de acordo com Barrucho, e foi amarelado no banco de reservas. Parabéns, garoto, por ter aumentado o número de faltas coletiva da sua equipe, é assim que se faz! Depois, Bona ainda tentou surpreender quando Lattes mandou para o ataque do Madureira, mas o arqueiro galudo se antecipou já chutando para tentar encobrir o colega de profissão. Contudo, o intervalo chegara e, logo na saída da etapa final, Barrucho não estava de pneu slick: Mello agradeceu, rolou para Zé errar na matada (mas consertar ao devolver), e conferiu no canto o 2 x 0!
 
Seria difícil ao Madureira reverter a situação. A questão física pesaria, sim, mas o Galudos estava mais ligado em todas as ações – sempre com o olhar do suspenso The Creator Saad do lado de fora. Os amarelinhos chegaram com Barrucho levando pelo flanco esquerdo para mandar a bomba e ver Bona defender, mas o rebote foi desastroso quando Gelado chutou e Gisa estava no meio do caminho, com a redonda sobrando à zaga galuda. Maga levaria perigo pela direita, após troca de passes e invertida de Maurilio da esquerda, mas Bona mandou o problema para o lado.
 
O Galudos era consciente. Sabia que a vantagem era boa para atuar numa quadra mais larga diante de uma equipe contada. Nem a bola parada ajudava o Madureira: falta rolada por Gisa para Lobo, da intermediária, soltar a chinelada, e Bona teve de mandar por cima de sua meta a escanteio! Depois disso, os minutos se passaram, com os amarelinhos abrindo os bicos cada vez mais. Movimentação mesmo só quando Maurilio lançou, mas Maga não alcançou e Bona mandou o perigo. Trinta segundos depois, o arqueiro aliviou outra encrenca, vinda do envolvimento entre Gelado e Alba. Na reposição, Maurilio praticou aquele judô fora de hora em Italo e se despediu da Estrelato com o segundo amarelo.
 
O Madureira pediu break para se ajustar. Jogaria com um a menos por dois minutos, mas o Galudos nem quis saber de se desgastar. Favela, por exemplo, cobrou uma falta na barreira e, no rebote, mandou torto: comemorar gol também cansa, deve ter pensado o galudo 91. Enquanto isso, coitado do Lobo solitário cumprindo 4 minutos de suspensão! Como assim? Vamos lá: ele levou amarelo antes de Maurilio deixar a quadra, e, enquanto cumpria a sua punição, seu time ficava com um a menos. Vida complicada ou não? Só voltou à quadra quando Gelado cobrou falta da direita, mas à linha de fundo.
 
A reta final teve muita emoção. Mello e Zibahlada trabalharam bem e fizeram Lattes acordar! Trinta segundos depois, Kenzo surgiu na esquerda e arriscou. Outra defesa do arqueiro do Madureira, dessa vez ao lado. Lobo teve chance ao mandar de longe, mas o acrobático Bona jogou a corner. O Galudos ainda cometeu sua 5ª falta coletiva na etapa final e o time pediu um break. Liquidou o adversário com essa parada.
 
Os acréscimos, após alguns minutos de muita marcação galudada e pouco físico aos madureiristas, foram movimentados. Primeiro com a pintura de Kenzo, que recebeu e emendou um petardo no ângulo para fazer 3 x 0, e depois com Alba descontando de cabeça após escanteio. Só que não havia mais tempo de qualquer reação: o monstro criado por Mogi e o próprio Madureira já estava de olho no Bote Certo.
 
Ficha técnica
 
Madureira 1 x 3 Galudos – Oitavas de final da VII Copa Estrelato
 
Gols: Alba (M); Favela, Mello e Kenzo (G)
 
Cartões amarelos: Maurilio e Lobo (M); Zibahlada e Eduardo (G)
 
Cartão vermelho: Maurilio (M)
 
MVPs: 1 – Mello (Galudos); 2 – Kenzo (Galudos); 3 – Bona (Galudos)