Já dizia Nelson Rodrigues: “Goleadas são perigosas. Quisera eu que o Fluminense sempre vencesse de 1 x 0 ou então de meio gol a zero...”. Essa tão famosa máxima faz parelha com outra também não menos famosa: “Esse é o típico jogo em que 1 x 0 é goleada”, e isso resume bem a vitória mínima de 1 x 0 do 1000 Gols contra o Rachão. O duelo era um dos mais esperados, de um lado, o Rachão, que atropelou o Loloverpool por impiedosos 7 x 1, do outro, o 1000 Gols passou pelo Só Nois por 3 x 2. O vencedor daqui estaria nos calcanhares do Gigantes, que sobra na ponta com dois pontinhos a mais que o Tricolor.
A partida começou com estudos, os dois times observando as reações de seus adversários e procurando os melhores meios de atacar e explorar as suas deficiências. O cronômetro caminhava para o quinto minuto, quando os milhares fizeram uma jogada espetacular. Marquinhos partiu em velocidade para a lateral direita, enquanto recebia um lançamento em profundidade. Então, o camisa 10 deixou a bola passar e deu para trás, de calcanhar, nisso, Nattis apareceu como um furacão entre a defesa e soltou a bomba no meio do gol, que golaço. 1 x 0!
Aliás, jogada bem trabalhada foi o que não faltou aos tricolores, só faltava calibrar a chuteira. Como na jogada em que Cocada arrancou da defesa, passou a Shumasso, que rolou para Nattis e cedeu de volta a Shumasso, envolvendo o Rachão com tabelinhas rápidas. O gol só não saiu porque o camisa 6 chutou para fora tendo o gol de Piero totalmente à sua mercê.
A partir daí, o Rachão lembrou que precisava também atacar, então, Lapinha recebeu na entrada da área e bateu de qualquer jeito, a bola acabou explodindo na defesa. Kami quis mostrar ao amigo como se fazia e chutou, aproveitando o rebote, mas para seu azar, Vitão impediu com uma defesa providencial.
Nattis quis mostrar que é também um exímio bailarino, quando tirou a defesa contrária para dançar. Pegou a bola, sambou de um lado, gingou do outro, e quando ficou cara a cara com Piero preparou a bomba, mas o chute foi tão fraco, que o camisa 1 só precisou agachar-se para apanhar.
Ricardinho derrubou Guto perto da área, Renatinho apresentou-se para a cobrança e mandou um canudo no canto direito, a bola tinha endereço certo, mas Vitão evitou o presente de grego, espalmando para fora. Em resposta, Guilherme lançou Nattis, que saiu costurando a defesa adversária e só foi parado quando Piero bloqueou seu chute no canto direito. A partir daí, começou uma sucessão de convites para o cinema e cobranças por não ter flores no dia seguinte. Shumasso e Bruno passaram boa parte do restante da partida fazendo juras de amor, mas não passaram disso. Na sequência, Tieppo teve uma chance de ouro de empatar. Numa tremenda falha de marcação dos tricolores, o camisa 23 recebeu livre na intermediária, do lado esquerdo, e quando estava prestes a marcar e correr para o abraço, Vitão tirou-lhe o ângulo e chutou de volta para a frente.
Quando a partida já caminhava para o fim do primeiro tempo, os jogadores de ambos os lados deram de ombros para a arbitragem e começaram a marcar para a balada de logo mais à noite, pois ficaram na lateral da quadra conversando tranquilamente. A arbitragem não quis saber de bate-papo virtual ou pessoal e mandou a turma se preocupar com o jogo. O treinador do 1.000 Gols não aceitou e queria permanecer conversando com seus amigos do outro lado, por isso, os homens de preto pediram-lhe que fosse confraternizar com os torcedores do lado de fora da quadra. Depois disso, a arbitragem deu por encerrada a primeira etapa e os jogadores passaram a conversar só entre seus próprios times, afinal, a tática para o segundo tempo ainda era uma prioridade.
Nem bem o apito soou e o Rachão quis partir com tudo. Padilha partiu com a bola dominada desde a sua defesa, tentou fazer um passe quando foi cercado, mas os adversários interceptaram e ligaram o contra-ataque. Nattis recebeu pela direita e mandou um chute forte, só que para longe da meta. Na sequência, Piero deu rebote num ataque adversário e Cocada tentou aproveitar enquanto o goleiro estava caído, e mais rápido que um raio, o camisa 1 recuperou-se e mandou o chute para escanteio.
Na sequência, o momento que poderia ser a grande reação dos dourados. Noguchi fez falta em Padilha dentro da área, não pode. Bola na cal, Pataxó não fez a Dança da Chuva e correu como o vento, bateu forte, confiante e a bola foi... para fora. Uma bomba, mas muito por cima do gol. Comemoração entusiasmada de seus adversários e bola novamente em jogo.
Em nova tentativa, Guto chutou em cima de Vitão, no rebote, Pataxó quis se redimir, mas não era o seu dia, pois o camisa 15 desperdiçou nova oportunidade ao arrematar em cima do arqueiro, que fez uma bela defesa. No contra-ataque, a bola foi aos pés de Marquinhos que, da intermediária, virou e bateu forte, a bola explodiu na trave direita de Piero e voltou ao jogo.
Minutos depois, o desespero começou a se abater nos atletas do Rachão, tentando maneiras pouco ortodoxas de tentar chegar ao empate. Numa delas, Piero, que já vinha abandonando constantemente a meta para tentar ser um homem a mais em linha e fazer passes aos companheiros desmarcados, errou um passe e foi fatal. O camisa 1 perdeu a bola para Nattis, que ficaria livre para marcar, daí então, Piero desferiu um ponta-pé na canela esquerda do adversário na intenção de achar a bola, mas acabou encontrando apenas um bilhete azul, isto é, vermelho, indo para o chuveiro mais cedo.
Aliás, “mais cedo” foi apenas uma licença poética, já que a arbitragem já olhava para o cronômetro, esperando o fim da partida. Padilha, que não foi para casa, foi para o gol substituir o companheiro. Ao verem um jogador de linha na meta contrária, os tricolores tentaram a pontaria. Leandro arriscou um chute de longa-distância a fim de encobrir o novo guarda-metas, quando a bola chegou às mãos de Padilha, ouviu-se o apito final. Fim de papo e vitória assegurada dos tricolores.
Ficha técnica
Rachão fc70 0 x 1 1000 Gols – 4ª rodada da V Copa Estrelato
Gol: Nattis (1000G)
Cartões amarelos: Vellozo (R70); Maia e Ricardinho (1000G)
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