Depois de 10 campeonatos e 10 títulos, sendo os quatro últimos o tetracampeonato da Ouro, o Nois que Soma finalmente conheceu o gosto amargo de uma eliminação. E o algoz do “rei dos mata-matas” não poderia ser outro se não o Peneira. Após partida eletrizante em que ficou em desvantagem duas vezes, o tricolor venceu o poderoso adversário por 4 x 3, garantindo vaga nas semi.
 

Bruno, Dedé, Jonas e Rubão marcaram os gols do Peneira, que teve Michael, Nei, Ricardinho e Negueba como outros destaques. Cascudo e focado, o elenco teve a primeira chance justamente com o último jogador da lista: bastaram alguns minutos para Negueba escapar pela esquerda e mandar chute que mordiscou a trave. Era um sinal que o jogo seria bom.
 

No NQS, Felipinho era uma ausência importante. Para piorar, Paulinho sentiu a coxa e praticamente não participou da partida. Quem tentou cobrir a lacuna deixada pela dupla foi Paulo Netto, que arriscou de fora da área em diversas ocasiões. Na primeira delas, batendo falta, o camisa 14 tirou um fino do poste.
 

Pouco depois, a arbitragem pegou recuo da defesa peneirista para Michael, gerando nova chance para Netto. O jogador do NQS enfiou o pé mirando o ângulo, mas o goleiro efetuou grande defesa. Na terceira tentativa de Paulo Netto, Michael defendeu mais uma vez.
 

A presença do goleiro também impediu que Luiz Minici deixasse o dele após jogada pela esquerda; caindo, Michael esticou uma das mãos e salvou. Com Neres e Tuco entrosados, o NQS se mostrava cada vez mais perigoso. Ainda assim, o Peneira foi capaz de levar perigo em cobrança de falta de Bruno que só bateu no travessão porque Tinho desviou antes. Ela ia entrar no ângulo e foi cheia de curva.
 

Aos 15, porém, o gol do Nois Que Soma saiu. A bola foi alçada na área e Tuco testou. Michael defendeu, mas deu rebote para Neres, que mostrou seu faro de gol: 1 x 0! A vantagem durou pouco mais que dois minutos. Isso porque o empate do Peneira veio com Bruno, em nova tentativa de bola parada - desta vez mais próxima do gol e frontal. Mesmo com três na barreira e com Paulo Netto se jogando na frente da bola, o foguete do camisa 10 subiu até chegar onde o jogador queria. Tudo igual!

Só que o show estava longe de acabar. Mordido, o NQS procurou restabelecer a vantagem ainda na primeira etapa. Pela esquerda, Tuco fez a diferença novamente e saiu do marcador para arranjar bom chute. No meio do caminho, Murilo desviou a bola. Michael não teve chances: 2 x 1 e muita vibração do lado do NQS.
 

O gol saiu aos 24; aos 26, o Peneira empataria novamente. Depois de parada técnica, uma bola longa foi alçada para Rubão. O camisa 5 ajeitou para Dedé, que bateu menos forte do que ele gostaria, mas tirando o suficiente de Tinho para a bola bater na trave caprichosamente e entrar no gol.
 

O Peneira deixaria o primeiro tempo reclamando de suposta inversão de falta pela arbitragem. Durante o intervalo, Claudião parabenizou o time, mas pediu atenção com o contragolpe do NQS, que iniciou o segundo tempo reclamando da arbitragem, que não teria marcado infração de Ricardinho dentro da área. Paulo Netto seguia arriscando de fora da área, enquanto no Peneira o clima parecia meio quente entre os companheiros Jonas e Ricardinho - que discutiram em quadra.

Foi deste caldeirão que saiu a jogada do gol da virada tricolor. O lance começou com Nei (que não brinca em serviço) desarmando e fazendo a ligação para Negueba, que enfiou para passagem de Jonas. O camisa 8 foi quase até a linha de fundo, de onde chutou cruzado pela esquerda. Ninguém viu por onde a bola passou. Na comemoração, Jonas “dedicou” o gol a Ricardinho, lembrando de certa forma o amor entre os flamenguistas Felipe Vizeu e Rhodolfo. 3 x 2!
 

Uma vez vencendo, o Peneira mudou a tática. Do gol até o final da partida, pelo menos cinco paralisações ocorreram, seja por cera ou por câimbra. Michael era quem mais solicitava ajuda - como se precisasse. Em grande forma, o goleiro fez defesa dupla em chute de Paulo Netto e rebote de Desco quando cobrado.
 

Além das paradas, a atuação de Dedé, Ricardinho e Nei dificultava a vida do Nois que Soma, que já começava a ficar ansioso. Quando toda a equipe pressionava no ataque, Negueba descolou contragolpe veloz depois de desarme de Ricardinho e ligou Rubão na ponta esquerda. O grandalhão venceu no um contra um e finalizou forte. Tinho chegou a tocar na bola, mas não teve jeito. 4 x 2!
 

Os times pediram novo tempo técnico: faltavam seis minutos para o fim da partida, além de uma temporada de acréscimos por conta da cera. Na volta, Ricardinho cometeu a quinta falta do Peneira e Luiz Minici virou o líbero do NQS. Era tudo ou nada.
 

Tão decisiva, a atuação de Michael só teve um arranhão: depois de passe de Paulo Netto, um chute de Desco passou pelo meio das pernas do goleiro (que estava de pé). Era o Nois que Soma diminuindo. Um gol levaria para o prorrogação.
 

Cinco minutos de acréscimo (que no fim seriam seis) foram concedidos. Neles, o Peneira chegou a levar perigo com Ricardinho na bola parada: o xerife acertou a trave! Já um contragolpe dois contra um que tinha tudo para ser decisivo virou cinzas após Negueba receber de Nei e mandar para fora.
 

No sufoco lá atrás, Jonas teve que se virar para tirar chute de Paulo Netto que quase entrou. Enquanto os jogadores ainda desabavam (Bruno foi o último), os minutos passavam. Ainda deu tempo de Beleti cometer a quinta falta do NQS, que lutou, lutou, mas não conseguiu furar o bloqueio. Quando o apito soou, o Peneira comemorou como um título.
 

Com a derrota inédita do NQS em mata-mata, o campeonato perde seu time mais importante e maior atração, mas, por outro lado, tem a chance de ver um novo campeão após dois anos de hegemonia. A recém proclamada “queda do império” vai impedir que o tão querido Chuteira de Ouro se torne um campeonato mequetrefe igual o Italianão ou a Bundesliga.
 

Já o Peneira - maior representante do futebol raiz e rival do estilo “de apartamento” reinante na franquia - pega o Fora de Série nas semi, e Catado ou Mulekes na final, caso passe. A parte mais difícil da jornada rumo ao título já passou.