Favorito ao título, o CAV bateu o Inflação por 7 x 3 na primeira semifinal do XIX Chuteira de Ouro, naquela que talvez tenha sido a melhor partida dos atuais campeões nesta edição do torneio – e pode-se afirmar também que a pior do Inflação. Apesar de terem saído atrás no placar, os caveiras não deram chance aos rivais e saíram de quadra com a vaga após um segundo tempo primoroso. Agora, na grande decisão, o adversário será o Mulekes na final mais esperada pelos espectadores.
 
Só que o Inflação começou disposto a dificultar a caminhada do alvinegro. As primeiras oportunidades vieram dos pés de um Bahia afoito, mas cheio de vontade, que tentou até uma bicicleta maluca. A resposta veio com Mike, que pôs Sandrinho para trabalhar pela primeira vez, em um chute cruzado.
 
Desde então o time da vila já demonstrava qual seria a tônica do jogo: marcação de pressão lá na defesa do Inflação. A linha de frente apertava a saída de bola, dificultando a saída de jogo do time alaranjado. O abafa começou a surtir efeito e Quinho e Thithi acertaram bolas no travessão em uma diferença de segundos. O gol parecia questão de tempo.
 
E ele veio. Mas para o outro lado. Nego Wé estourou da defesa e acabou dando um grande passe involuntário para Bahia, que teve traquejo para tirar do marcador e inaugurar o placar. Mas quase não houve tempo para comemorações. O Inflação ainda estudava uma nova estratégia defensiva quando Japa bateu forte da esquerda, obrigando Sandrinho a espalmar para cima. Quem aproveitou foi Mike, que entrava na área e só teve o trabalho de cabecear para a rede já debaixo da trave. 1 x 1.
 
A essa altura, o CAV já jogava inteiro do lado de lá do meio de campo. Piffer recebeu de Léo Moratta e não virou graças a intervenção de Sandrinho. O Inflação, por sua vez, enfrentava dificuldades de ligação e não conseguia armar contragolpes eficientes quando com a pelota. Henrique e Bahia jogaram fora algumas boas chances; Canibal estava sumido.
 
O CAV pressionava e o Inflação não conseguia segurar a posse de bola. Os zagueiros, sufocados, passavam por apuros e, com muito esforço, davam o chutão pra frente e devolviam a posse de bola ao CAV. Jorginho bateu uma carteira e deixou para Diogão, que finalizou para fora. Mas o gol da virada veio, e em grande estilo: Edinho recebeu no meio, ninguém deu combate e aí ele resolveu arriscar de longe. Acertou a gaveta de Sandrinho em um chute indefensável! 2 x 1!

Já o Inflação seguia mal, muito mal. Nem a entrada de Capeta arejou a equipe, que encerrou o primeiro tempo com uma finalização bizonha do camisa 17 após um das raras trocas de passe bem sucedidas no primeiro tempo.
 
Pouco mudou depois do intervalo. Quinho tentou de longe e assustou a defesa rival. Thithi, em um lance azar, interceptou um chute de um companheiro que tinha destino certo. A redenção veio pouco depois, quando o camisa 11 cobrou lateral perfeito (se é que isso existe) para Léo Moratta, com um toque de classe, fazer o terceiro.
   
Tempo para o Inflação. Nada mudou e Thithi quase marcou outro em um chute colocado. Os inflacionários insistiam em Bahia estacionado no ataque, como um muro no qual as bolas batiam e voltavam para os rivais. Não que a culpa fosse do atacante – muito pelo contrário: o 9 foi dos poucos que não se omitiu, mas nada era criado. A bola não saiu redonda uma vez sequer do meio.
 
No CAV o jogo fluía. Thithi fez bela jogada na lateral e jogou para Japa, que poderia muito bem ter anotado o quarto se não tivesse feito o mais difícil e acertado a trave, sozinho, dentro da área. Mas Japa mostrou a que veio no lance seguinte, ao enfiar bolão para Mike nas costas da zaga; este passou e serviu Thithi, que marcou. 4 x 1.
 
Em uma rara jogada de ataque que deu certo, Negueba deixou Chide na cara do gol. O camisa 20, contudo, bateu em cima de Renan, que espalmou sem maiores dificuldades. Mike começou a jogada que passou por Edinho antes de chegar em Paulo Netto, que concluiu para fora.
 
A partida já parecia definida, mas o CAV queria mais. O quinto saiu em um lance de Diego Orsi, que teve calma par atravessar a quadra controlando a bola e rolar para Jorginho, que bateu de chapa. Em seguida, nova jogada similar: de Orsi para Jorginho, de Jorginho para o gol. Mas Sandrinho evitou o pior desta vez.
 
O sexto veio dos pés do própiro Orsi, que se beneficiou de uma lambança da sempre pressionada defesa inflacionária, que penava com a marcação rival. Gordo afastou mal e a pelota ficou para Diego, que não perdoou. Negueba ainda diminuiu, depois de tabela com Capeta, mas Jorginho tratou de colocar um 7 x 2 no placar, após jogada despretensiosa de Piffer.
 
Na reta final o Inflação deu uma leve melhorada e testou algumas triangulações que deveriam ter acontecido no começo do prélio. Numa delas, Capeta deixou Canibal defronte ao gol, mas Piffer apareceu para tirar. Depois Capeta fez uma boa ultrapassagem, tentou o drible dentro da área e foi derrubado: pênalti. Bahia foi para a bola e converteu. De nada adiantou: o Inflação só não saiu tomando de oito porque Sandrinho fez um milagre no último lance, ao defender chute de Caio Fleischmann à queima roupa.
 
O 7 x 3 conquistado é um grande cartão de visitas do CAV para a final. Com todo respeito ao Mulekes, o time de Fleischmann chega à decisão como favorito e quer o tri de qualquer forma. Se a atuação do último sábado se repetir, vai ser difícil isso não acontecer.     
           
Ficha Técnica
 
CAV 7 x 3 Inflação – Semifinal do XIX Chuteira de Ouro
 
Gols: Jorginho (2), Mike, Edinho, Léo Morata, Thithi e Diego Orsi (C); Bahia (2) e Negueba (I)
 
Cartões amarelo: Thithi, Piffer e Diego Orsi (C)
 
MVPs: 1 - Mike (CAV); 2 - Quinho (CAV); 3 - Thithi (CAV)