Gostaria de narrar dribles desconcertantes, toques mágicos, jogadas ensaiadas, defesas improváveis, tudo isso junto e mais detalhes que nos prendem a atenção. Nada disso aconteceu. A culpa não é dos times; nós somos exigentes demais.
 
Como de praxe, Mão deu uma apertada na bola e a posicionou na marca da cal, no centro do gramado. Passados os rituais de estímulo, quando as primeiras gotas da tarde caíam e o sol esmorecia, o juiz apitou.
 
Cardoso jogou o corpo em cima de Desenho e levou amarelo. A árbitra ouvia desaforos de Baracho, que veio lá de trás aporrinhar, mas ela não voltou atrás. E a jogada, por sua vez, não deu em nada. O início do jogo dava pinta de um duelo pegado, mordido, que acabou não se concretizando, e a partida de uma maneira geral foi limpa.
 
Tão limpo quanto manso. Os minutos corriam e nada acontecia. As gotas finas passavam quase despercebidas. Mão sobe pra espalmar. No rebote, nada. Cardoso cobra falta em cima da barreira. Caio finaliza pra fora. Rafa Paz fura. Matheus arrisca de longe. Tony isola. Zóio apoia: “Tá bom, tá bom”.
 
Bom ficou depois da maré mansa, quando Rafa Ornelas aproveitou o rebote de Mão, após chute cruzado de Bruninho, e abriu o placar para o Real Madruga. Ela ainda bateu no travessão antes de sacudir a rede. 1 x 0.
 
Marximelo fez uma graça na lateral: pôs o balão no alto, deixou ela quicar na cabeça e recuou de calcanhar para Rafa Paz, que iniciou o ataque bloqueado no meio. Bruninho ficou com ela e tocou, forte demais, para Rafa Ornelas, que ficou na bronca. Em seguida, o Monstros teve a chance de empatar na jogada individual de Marximelo. O meia-atacante arrancou pela esquerda e bateu cruzado. A bola saiu por pouco, com o goleiro já vendido.
 
A partir da metade do primeiro tempo, o jogo ficou menos truncado. Os times acertavam passes e as jogadas fluíam. Quando Tony perdeu a bola no ataque, Vilhena tocou para Rafa Ornelas no meio chutar forte e rasteiro. Mão caiu no canto esquerdo e espalmou. No lance seguinte, Cardoso tocou na ponta direita para Bruninho bater colocado no alto. Mão foi nela e fez outra boa defesa. O Monstros respondeu com Bruno Ferrari. O craque chutou colocado da intermediária e a bola tirou tinta da trave direita. Uhhh!
 
E no final do primeiro tempo, quando a bola caiu no pé do matador, um abraço. João o lançou no ataque. A fera limpou e bateu sem chance para Mão. Tá lá dentro. Gol do Madruga: 2 x 0.
 
O time do técnico Wagner Neto voltou firme do intervalo. O Monstros caiu de rendimento e errava passes bobos. O Real mantinha o ritmo e buscava o terceiro. Aos 3, Cardoso cobrou escanteio na área. Bruninho dominou e bateu rasteiro no canto direito. Mão espalmou.
 
Depois do susto, o Monstros acordou. Tinha muito tempo ainda pela frente. E agora era o Monstros quem atacava. Aos 7, Desenho tocou na direita para Bruno Ferrari chutar cruzado. João pôs pra escanteio. Marximelo tabelou com Zóio, que bateu da intermediária. A bola saiu à esquerda e por pouco o time verde não descontou.

O Monstros atacava, mas a defesa azul estava atenta. Cesão bloqueou o arremate de Bruno Ferrari na hora certa. Vilhena cortava os cruzamentos pelo alto e Caíque cadenciava. Enfim, o negócio estava difícil para o time do técnico Alexandro Vieira. Restou os chutes de longa distância, que também não surtiram efeito.
 
O Real Madruga adiantou a marcação e diminuiu o ritmo ofensivo. Retinha a bola para não levar sustos. Com isso, gastava tempo. Mas não deixou de arriscar. Desenho perdeu a bola na intermediária e Bruninho mandou de bico no meio do gol. Mão espalmou e ficou na bronca com o companheiro, que se redimiu vinte e oito segundos depois, ao dar o passe para Bruno Ferrari, livre de marcação, empurrar pra dentro. Gol do Monstros – vivo na partida.
 
O Real Madruga achou por bem atacar, de modo a conseguir o terceiro gol e garantir a vitória. Em rápido contra-ataque, Bruninho avançou pela direita, cortou para fora e, na hora de bater, foi travado por Matheus de carrinho, na bola.
 
A poucos minutos do fim, o Monstros demonstrava nervosismo. Sabia que a qualquer momento o juiz apitaria. Bruno Ferrari disse que era com ele. Gingou no ataque de um lado para o outro. Boa jogada. Dois marcadores ficaram no vácuo, mas, na hora de finalizar, perdeu a bola. O Monstros não criaria mais lances de perigo.
 
Depois de alguns minutos de monotonia, fim de jogo.
 
Com a vitória, o Real Madruga chega a seis pontos e encara o TCM na próxima rodada enquanto o Monstros vai atrás dos primeiros pontos contra o Ras.
                                              
Ficha técnica
 
Real Madruga 2 x 1 Monstros – 2ª rodada do XIII Chuteira de Prata
 
Gols: Rafa Ornelas (2) (RM); Bruno Ferrari (M)
 
Cartões amarelo: Cardoso e Bruninho (RM)
 
MVPs: 1 – Rafa Ornelas (Real Madruga); 2 – Bruninho (Real Madruga); 3 – Bruno Ferrari (Monstros)