Marcação firme e agilidade para atacar. Predicados que se encaixam muito bem aos rivais Real Madruga e Fúria, que duelaram na semifinal do XI Chuteira de Ouro de olho na grande decisão e (para o Fúria) buscando uma vaga na Série Ouro.
 
Com campanha irrepreensível, os azuis reais venceram sete das nove partidas disputadas na primeira fase e acumularam 22 pontos, conquistando a liderança absoluta do Grupo B da Série Prata.  O grande destaque individual foi o camisa 11, Bruninho, que une harmoniosamente velocidade, drible e bom arremate.
 
Já o Fúria perdeu a chance de garantir sua vaga na Ouro nas duas últimas rodadas da primeira fase. Com dois tropeços, sendo uma goleada inexplicável para o Lodetti e um empate com o Maciota's, o time rubro-negro ficou no segundo lugar do Grupo A, apenas com a vantagem de não participar do primeiro mata-mata da segunda fase. O goleador Papai do Axé fez onze gols, mas o destaque dentro do time foi Fah, que se desdobrou na marcação e na criação ofensiva.
 
A partida decisiva começou tensa, com poucas oportunidades para cada lado. A semelhança entre os estilos de jogo dos rivais, de muita firmeza na defesa e agilidade ofensiva, deixou o duelo travado e dependendo mais de erros individuais do que propriamente da criatividade coletiva de cada equipe.
 
O primeiro lance de perigo nasceu da falha. A zaga do Real Madruga cochilou e errou duas vezes na saída de bola, mas os arremates do Fúria foram ou muito fraco ou sem direção, deixando o goleiro Carioca aliviado.
 
O susto na "cozinha" despertou o ímpeto ofensivo do Real Madruga, que subia muito bem ao ataque com Zaron, Bruninho e Rafa Ornelas. Em uma jogada que o camisa 14, Zaron, tentou lançar para a área, a sorte ajudou. E a infelicidade também. Dias, um dos responsáveis pela classificação do Fúria para a semifinal, tentou afastar o perigo e acabou desviando pro fundo do próprio gol, deixando Sucão sem reação no lance.
 
Gol de sorte, de título.  E as jogadas seguintes eram norteadas por batalhas pela posse de bola no meio-campo, que, aliás, foi a sina da primeira etapa. O excesso de vontade rendeu cartão amarelo para Cardoso, do Real, aos 23 minutos, deixando o bom zagueiro pendurado para a segunda etapa. Bruninho, incansável, fazia a marcação adiantada para evitar a saída de bola tranquila do Fúria, isso ajudou ao time furioso ter poucas chances efetivas de gol.
 
O segundo tempo começou exatamente como terminou o primeiro. Mas os dois lados já pareciam mais exaustos. O sol quente e o ritmo de jogo não permitiam mais tantas arrancadas, deixando o que já estava cadenciado praticamente estático. Chutes de longa distância sem direção e muitos passes errados destoavam do que já se viu dos dois times na competição.
 
Porém, aos quatro minutos, outra vez Zaron brilhou. O camisa 14 marcou seu segundo gol no jogo e deixou o já classificado para a Série Ouro, Real Madruga, ainda mais perto da grande decisão da Prata.
 
As faltas excessivas não pararam, tampouco as chances desperdiçadas. A reação furiosa demorou, mas aconteceu. Aos 15 minutos, escanteio e bola na área do Madruga. O cabeludo Gabriel Carnaval tentou de peixinho e a zaga evitou, mas a sobra ficou com Fah, que ajeitou o corpo e bateu fora do alcance de Carioca, diminuindo a vantagem dos adversários no marcador. Esperança renovada, mas fôlego não. O Fúria precisava subir para o ataque, porém os pulmões já não respondiam ao que as cabeças exigiam.
 
Com melhores opções no banco de reservas, o Real Madruga mostrou que elenco também ganha campeonato. O heroico Zaron deixou o campo de jogo sentindo a perna esquerda, logo depois foi a vez de Rafa Ornelas e Bruninho darem espaço para Zé, Cesão e Baracho entrarem para segurar o resultado.
 
Em jogada ensaiada durante cobrança de falta, quase a estrela do camisa 4 brilhou. Zé rolou para Caio, que bateu forte por fora da barreira. A bola encontrou Baracho bem colocado, quase embaixo da trave, mas o jogador do Madruga pegou de canela na bola e praticamente jogou de zagueiro.
 
E o lance foi o último de perigo da partida. Com o apito final, o Real Madruga garantiu sua vaga na grande decisão e provou que os acessos seguidos representam a força deste elenco. Já o Fúria terá uma última chance de figurar na Série Ouro, já que enfrentará o Inflação em jogo que vale a quarta vaga de acesso para a elite do Chuteira, ainda a ser marcado.
 
Pós-jogo
 
Fah, ainda ofegante pelo esforço dentro de quadra, falou sobre o desempenho do time na semifinal. "Acho que a gente se doou muito. Como você observou no final, a gente lutou muito no primeiro tempo, essa era nossa grande chance e não podíamos perder. Infelizmente, hoje não saiu no detalhe. Teve falta de sorte no chute, gol contra no começo e aí fica difícil segurar. A gente tava na frente, não conseguia arrancar mais nada, faltou pouco".

Já sobre o vacilo do Fúria na primeira fase, o capitão foi enfático. "Complicou um pouco, pois calhou de pegarmos duas decisões nas últimas rodadas. O desnecessário foi a goleada pro Lodetti, foi bem incomum o resultado e eles depois nem seguiram tão bem, né? Mas a gente deu o máximo e não ficamos com essa vaga por pouco", completou.
 
Já o capitão madruga, Cesão, falou sobre a força de seu time. "Como eu falei pra você lá atrás, nossa chave era muito equilibrada e precisávamos ir para cima em busca do resultado. Ir pra final é um baita tesão para esse time que é novo e está colecionando acessos. Mesmo com o primeiro sendo no 'tapetão', o resto foi na bola e a gente provou que tem valor para figurar entre os melhores", opinou.
 
Sobre escolher o adversário para a grande decisão, o camisa 10 foi decidido. "Agora não tem muito como falar, quem vier vai ser difícil. Dos dois lados tem gente boa e estamos aí para isso, quem vier vamos para cima", disse.

Ficha técnica

Real Madruga 2 x 1 Fúria – Semifinal do XI Chuteira de Prata
 
Gols: Zaron (2) (RM); Fah (F)
 
Cartões amarelo: Cardoso, Caique e Zé (RM); Fah (F)

MVPs: 1 – Bruninho (RM); 2 – Fah (F); 3 – Zaron (RM)