Erramos! O Camelo dependia só de si (diferente do que foi escrito por este cronista há duas semanas). Era ganhar do Olimpo e, igualando a pontuação, passar o rival justamente pelo triunfo no confronto direto. Mas os gregos não quiseram nem saber de papo: venceram e convenceram, mesmo tendo a vantagem do empate. A técnica e o coração de Camillinho não foram páreos pro futebol moleque do time olimpiano. O 10 camelo até fez, e bem, sua parte. Chamou o time e a responsabilidade, marcou duas vezes — inclusive gols bem ajeitados, bonitos, um driblando o goleiro e outro de voleio —, mas sucumbiu aos pés de Zeus e toda a turma do barulho que a gente está acostumado a fazer alusão aqui nestas croniquetas. A pintura de Gui Pimentel, essa sim, foi uma verdadeira escultura grega. Não só grega como helenística (exclamação), diriam, respectivamente, minha professora de história da arte de outrora e o Roberto Avallone.

Depois das costumeiras firulas no texto e, em quadra, depois de a galera escolher e encher a bola da partida, o jogo:

Pouco antes dos 2 minutos, a primeira boa jogada foi do Olimpo. Começou pela esquerda e acabou sobrando do outro lado com Felipinho, que finalizou obrigando Digão à primeira participação. Na resposta imediata do Camelo, Camillinho recebeu pela esquerda e centrou pra Guga, que facilitou a vida de Marcelo Pimentel: bola à esquerda da meta. Na sequência, mais Camelo. Boa tabela de Lucas MM com Camillinho. O camiseta 10 recebeu no pivô, soltou de volta pra Lucas, que bateu firme. A bola desviou no meio do caminho e saiu pela linha de fundo.

Depois, passados os 4 minutos, Cachoeira levou a criança pra passear na quadra de ataque e encontrou Balada no camarote. Ele penteou ali pela meia esquerda e tentou mandar no canto oposto de Digão, mas tirou muito e mandou pra fora. No lance seguinte, de novo Olimpo em cima. Cachoeira ficou com ela pela direita, com boa possibilidade de marcar, bateu firme, mas viu Digão desviar providencialmente e frustrar seus planos.

Aos 6, Cachoeira foi frustrado novamente, dessa vez pela arbitragem. Marchezin derrubou Censon ainda nas trincheiras defensivas. Mesmo assim o camisa 7 conseguiu dar o passe à frente pra puxar o contra-ataque. Ia ficando praticamente num 3 contra 1, mas os juízes já tinham apitado a falta, perdendo a chance de dar a gloriosa vantagem. Fala a verdade… Pra arbitragem, o ponto alto do amor, possivelmente, é dar um vermelho com gosto, braço esticado, suvaco raspando na cara do jogador, mas quem assiste futebol valoriza mesmo é aquela lei da vantagem marota, que pune o infrator em vez de beneficiá-lo. A não ser que seja contra o nosso time…

Agora, já com 9 minutos, Gui Pimentel se desvencilhou bem da marcação de Camilinho, mas Renatinho chegou bem na sobra pra fazer o corte. Bom jogo defensivo do camiseta 7. Depois, resposta do Camelo. Camillinho tentou um chapéu em Godoy, que conseguiu chegar antes e tocar de cabeça nela. A bola ia sobrando pro artilheiro do Saara, que foi com sede ao pote, mas Marcelo Pimentel abandonou a meta e afastou o perigo.

O Olimpo seguiu com mais volume de jogo. Com quase 14 no cronômetro, tentativa de Balada pela direita do ataque olimpiano, ela rebateu na pata camela e sobrou pro arremate de Diego. Boa defesa de Digão! O Olimpo insistiu, Balada recebeu de novo na direita e dessa vez conseguiu a conclusão, e Digão estava lá novamente para impedir os planos do atacante.

Aos 15, Cachoeira recebeu de costas pro gol, conseguiu o giro pra cima da marcação e chutou forte. Digão ergueu os braços e deu glória a Deus quando não achou nada mas foi salvo pelo travessão! Depois, Lucas MM arriscou da meia direita, de longe, chute cruzado, tentando surpreender Marcelo Pimentel, que atento conseguiu fazer a defesa e mandar pra escanteio. Na cobrança, a zaga grega cortou mal e Lucas MM de novo foi lá e finalizou bonito, antes do quique. A bola, caprichosa que sempre é, foi no poste direito e saiu!

No lance seguinte, no minuto seguinte, deu ruim pro Camelo. Gui Pimentel levou no comando do ataque, ignorou a marcação e chutou forte. Digão foi muito bem, mas rebatendo pra onde deu acabou largando no pé de Godoy, que com o gol vazio guardou como quis. 1 x 0!

A resposta do Camelo não demorou muito. Em cobrança de falta, aos 17, Camillinho rolou pra Guga, que tentou o chute. Marcelo defendeu. De novo o Olimpo não deixou barato. Enquanto o Camelo se desentendia e Camillinho tentava organizar a defesa, Balada levou ela, nem sinal da zaga camela, cruzou a quadra na diagonal sem ser incomodado e bateu rasteiro no canto, ampliando a 2 x 0!

Logo após a nova saída de bola, Zeka tentou resolver sozinho da meia quadra. A bola saiu com efeito interessante, buscando o ângulo esquerdo, passou perto, mas não entrou! Tempo técnico para o Camelo reencontrar o caminho pro oásis da meta adversária. O time voltou propondo mais o jogo. Aos 22, Guga achou Camillinho já perto da trave rival. O artilheiro tentou o desvio, mas falhou, direto pra fora.

Antes do final da primeira etapa, Camillinho teve nova chance e dessa vez não desperdiçou. Ele recebeu mais ou menos no mesmo ponto da quadra em que havia perdido um gol minutos antes e com estilo driblou Marcelo, que saiu seco. Daí foi só empurrar pras redes. 1 x 2!

O segundo tempo começou como acabou o primeiro: Camelo no ataque. Bola pela esquerda com Salas, que cruzou pra Donato ganhar a dividida com Marcelo Pimentel, mas o atacante acabou fazendo a falta. O Camelo seguiu em cima. Salas conseguiu recuperar a bola e arriscou, obrigando Marcelo a cair e fazer a defesa.

Agora, já com 7 minutos, cobrança de falta de Lucas MM em cima de Marcelo, que armou a barreira e se posicionou ao lado. No contragolpe, Gui tentou da meia-quadra, e Digão pulou no canto pra ficar com ela sem possibilidade de rebote. Com 9, em mais uma falta cometida pelo Olimpo, jogada ensaiada, de Lucas MM para Guga, que tentou o chute. No desvio, ela saiu com perigo ao lado do gol. O Camelo pressionou a saída de bola. Guga conseguiu recuperar e novamente a finalização passou pertinho da trave.

Apesar de mais volume do Camelo na segunda etapa, o jogo parava bastante. Muitas faltas — 5, somados os dois times, em 11 minutos — e a cada falta demorava mais tempo pro jogo recomeçar. Bom pro Olimpo, à frente no placar e na tabela.

Com 12, Lucas MM mandou uma pedrada que medalhou Pimentel. O arqueiro conseguiu encaixar e ficar com ela, mas não antes de se ouvir o estalo no peito da batida seca. Na resposta, Censon subiu pro ataque e testou Digão em chute cruzado. O goleiro camelo também foi muito bem, desviando pra escanteio. Na cobrança, bola pererecando na área camela, Balada tentando fazer o desvio pra guardar, recebeu a marcação e caiu. O time reclamou, mas a arbitragem ignorou os pedidos de pênalti.

Na jogada seguinte, mais um belo gol de Camillinho. Lateral esperto batido por Santarosa, o 10 camelo dominou no peito e virou um voleio mesmo com marcação em cima. A bola desviou de leve e matou Marcelo, que foi nela mas não achou. 2 x 2! Mais um golzinho e o Camelo estaria no mata-mata! O detalhe é que Camillinho tinha acabado de mudar de função, substituindo Donato, que começou a segunda etapa no papel de pivô.

O Olimpo não se abalou. Na saída, Gui Pimentel já buscou responder à altura, tabelou com Cachoeira e tentou o toque rasteiro na saída de Digão, que interceptou bem. Na sequência, uma infelicidade tremenda do mesmo Digão, que vinha muito bem até então. Godoy disparou pela esquerda e mandou o chute de meia distância. O arqueiro fez uma pose de futsal, e a bola passou embaixo da perna direita. 3 x 2!, faltando 10 minutos mais acréscimos.

O Camelo não se entregou. O cronômetro chegava à hora do chá quando Camillinho tramou jogada com apoio de Marchezin, recebeu de volta, mas foi bloqueado por Marcelo, que saiu bem pra desviar o chute à queima-roupa! Um minuto depois, Lucas MM correu pela ala direita inteira, tentou o cruzamento, a zaga cortou, e ela acabou no pé de Marchezin, que espirrou o taco, mandando por cima da meta.

Outro tempo técnico em quadra, e o Camelo voltou com Donato e Camillinho juntos no comando de ataque. Logo na primeira oportunidade, tabela esperta, apesar da devolução de Donato não ter sido das melhores. Camillinho dividiu com Marcelo Pimentel e ficou caído no chão sentindo muitas dores, teve até que ser substituído, mas lance normal na visão da maioria, inclusive da que vale, a arbitragem, jogo que segue.

Donato continuou na função ali no ataque camelo, fez a parede mais uma vez e soltou em Veronese, que chegou batendo consciente, mas mandou pra fora. No lance seguinte, foi a vez de Lucas MM receber e arriscar da intermediária, também sem a direção certa.

Com quase 23 jogados, Lucas MM vinha de novo com ela, quando Gui Pimentel chegou pra fazer o corte e vibrar. Na sequência, Guga foi pra cima do 10 olimpo, tirou pra dançar, mas tocou fraco e sem direção. Gui Pimentel não deixou barato. Após receber passe de Diego, na entrada da área, ele deu o Fatality no adversário, desacelerou e mandou uma cavadinha. Digão já tinha caído, cobrindo o canto esquerdo, e só viu a bola entrar devagar, no alto, no lado oposto. 4 x 2! Golaço! Matou não só o goleiro como as chances do Camelo ir às oitavas! Gui aproveitou o momento, tirou onda e apontou pras costas da camisa.

E parecia que, pra azar do Camelo, era só ter tomado um pra alguma coisa dar certo no ataque. Guga recebeu mais uma, ciscou pra cima da marcação e bateu no canto de Marcelo, que, com a visão prejudicada por tanta gente entre ele e a batida, nem foi na bola. 3 x 4! Mas não deu tempo pra mais nada. O Camelo encerra participação bastante honrosa nesta edição da Bronze. Com o time mais entrosado, promete mais pro próximo semestre. O Olimpo segue forte na disputa pelo acesso, mas com parada duríssima contra o HidroNG pelas oitavas de final.

Ficha técnica

Camelo 3 x 4 Olimpo – Rodada final de classificação do XVII Chuteira de Bronze

Gols: Camillinho (2) e Guga (C); Godoy (2), Balada e Gui Pimentel (O)

Cartões amarelos: Leandro e Veronese (C); Felipinho, Censon, Godoy e Cachoeira (O)

MVPs: 1- Gui Pimentel (Olimpo); 2- Camillinho (Camelo); 3- Godoy (Olimpo)