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Alviverde abre vantagem, sofre pressão, mas consegue segurar o placar em duelo equilibrado

Quem passava pela quadra 6 parava para assistir ao aquecimento. “Ih, este aqui vai ser jogaço!”, exclamou um palmeirense que cochichava com os amigos sobre a glória do dia seguinte. Pudera... Na fase de classificação, as equipes empataram em 2 x 2 na 4ª rodada. Naquele jogo, o All Games arrancou o empate no fim, mas o resultado acabou por desbancá-lo da liderança do torneio – posição que não recuperaria mais, terminando a primeira fase na vice-liderança com os mesmos 13 pontos do TeJanto, mas com uma vitória a menos (4 a 3).
 
O Guaxupé fazia até então uma campanha mediana. A vitória contra o Surf & Samba, na 2ª rodada, foi um massacre (10 x 0), é verdade, mas a equipe perdera na estreia para o TeJanto (1 x 3) e empatara na 3ª rodada com o Casa Mimosa (5 x 5) – um jogaço por sinal. Depois do empate com o All Games, ainda tropeçou diante do Magnatas (3 x 4), antes de emendar duas vitórias nas últimas rodadas e saltar do meio da tabela para a 3ª posição.
 

Aquela partida não foi o ponto inicial da recuperação porque o Guaxupé perdeu logo em seguida, mas foi a partir dela que se notou um jogo mais consistente, sobretudo na defesa – não pela quantidade de gols sofridos, mas por não sofrê-los nos momentos decisivos. Defesa sólida alinhada ao ataque que já vinha funcionando – foram 21 gols nas cinco primeiras partidas –  trouxe o equilíbrio desejado. A partir daí as vitórias vieram com bastante propriedade: 10 x 6 (Taurus);  9 x 2 (Carrossel Verdi) e 5 x 2 (Magnatas), e, salvo uma ocasião contra o Taurus, revertida em poucos minutos, o Guaxupé não levou nenhuma outra virada.
 
O reencontro na semifinal prometia ser ainda mais emocionante. A vitória que deixara escapar no fim ainda perturbava. O rival permanecia invicto, o único da competição. Só que a história agora era outra – não havia possibilidade de empate.
 
Henry joga fácil e achou que com a fama de capeta faria fila na zaga vermelha, mas não é bem assim. De dois ele passou, mas Digo o desarmou por trás. “Toca a bola, Henry”, gritou o goleiro Marcão. O Guaxupé tocava bem a bola. Henry na lateral direita, Jeh, na esquerda, e China, centralizado, compunham o trio ofensivo do time verde. Koga aparecia como elemento surpresa de trás e finalizava com perigo.
 
O All Games, por sua vez, jogava recuado, mas não propriamente com sete homens pendurados na trave. A equipe explorava os contra-ataques – que no início de jogo não foram muitos – e procurava encurtar as linhas ofensivas e defensivas, isto é, jogava de forma compacta, para se valer de um chavão que nenhum craque de rua entenderia, pois não precisaria, já que enquanto alguns gastam o vocabulário para se fazerem de entendidos, outros simplificam com dribles e toques de letra o que todo mundo quer ver.
 
Rapha e Índio saíam com perigo pelas pontas. Metade do primeiro tempo encaminhado, este era mais ou menos o desenho da partida. Pipoca veio trocar uma letra com o jagunço na lateral. Aos sábados ele segue sempre o mesmo ritual: acorda cedo para fazer a barba, arrasta o meião preto até o joelho, assina a promissória com a balança, coloca dois pacotes do salgadinho Torcida sabor churrasco na mochila e um moletom da NicoBoco por precaução.
 

Durante o jogo, o professor passa boa parte do tempo com uma das mãos no quadril. Os olhos não desgrudam da bola, embora o rosto demonstre pouca reação frente às jogadas, mesmo as mais plásticas. É frio e econômico no apito. Certa vez, confessou que o árbitro quando distribui cartões em excesso é por que quer aparecer, e por isso só o faz se for unânime. Carlinhos controla a vaidade. Ele prefere o papel do mediador e, se necessário, só em último caso, intervém. Rechaça, com veemência, o desígnio de proteger jogador, pois entende que esta tarefa compete à babá.
 
O perfil afeito ao jogo viril incomoda alguns atletas, geralmente os mais técnicos, que consideram função do juiz coibir jogadas violentas. Ocorre que na maioria das vezes a sua interpretação diz que não houve jogada violenta, houve jogador mole. E tal ponto de vista agrada a outro grupo de atletas, notavelmente o do setor de marcação. Carlinhos não esconde a mentalidade pró-defesa, não se vende como isento e lembra que os seus pares agem da mesma forma, mas no sentido inverso. Ele diz adotar esta postura para contrapor o lobby do setor ofensivo que tenta monopolizar a beleza do jogo. “Os atacantes, para desfilarem os seus talentos e poderem se gabar depois, querem que o árbitro os mime, e isso eu me recuso a fazer”, desabafa.
 
Aos 14, China armou o voleio na entrada da área e concluiu com maestria e desenvoltura – pena que a zaga alvirrubra afastou o que poderia ter lhe rendido a primeira placa desde a reforma da quadra e uma sessão de autógrafos com fãs sem amor próprio.
 
Pelo lado vermelho, Digo enfiou Ygor na intermediária, que teve de recuar para Magro porque a zaga do Guaxupé se fechara. Magro, então, limpou um marcador na direita e cruzou rasteiro para Luquinhas finalizar de primeira no mesmo canto. Marcão defendeu em dois tempos.
 
No contra-ataque veloz, China João lançou Jeh, que tentou a tabela com Bilu no meio. A zaga vermelha afastou para a linha de fundo. Na cobrança de escanteio alta, Enrique subiu para cabecear no canto esquerdo e abrir o placar para o Guaxupé. 1 x 0. “Boa, Enrique”, gritou o arqueiro, que até então mais incentivava do que defendia. “Tá zero a zero”, ponderou o autor do gol.
 
Jeh joga com chuteiras cor-de-rosa. Há quem pense que é marra, porque houve um tempo em que só existiam as pretas tradicionais – e tradição é algo muito difícil de ser superado no futebol – mas no caso de Jeh não é bem assim, afinal, o cabra é bom de bola. 1,74cm. Corre feito um corisco. Joga sempre com a boca ligeiramente aberta e nem pisca quando tem a bola no pé. O seu drible predileto até pode parecer manjado, mas costuma dar certo: um corte pra fora, outro pra dentro, estilo futsal, onde a brincadeira começou. Foi assim que, aos 3 minutos do segundo tempo, Jeh mandou um tiro de fora da área no travessão que fez dois caipiras suspirarem e acenderem os dois últimos palhosos do maço.
 
O All Games tinha dificuldade em entrar na área verde. Magro, Ygor e Luquinhas se mexiam bastante, mas colado neles estavam Enrique, Koga e Kenzo. O Guaxupé também já não pressionava como antes. O seu jogo agora consistia em valorizar a posse de bola e explorar as laterais. China arriscou bom chute da direita, por cima do travessão. No outro lado, Ygor livrou-se de um marcador, mas bateu mascado à esquerda da meta.
 
No contra-ataque, China tocou para Jeh no meio, que cortou para fora e bateu rasteiro no canto direito. Bola, goleiro do AG, espalmou. China insistiu em seguida e mandou um tiro da direita. Ela bateu na trave e saiu. Uhh!
 
Aos 14, China, de novo, arrancou de trás, deu uma vaca no marcador e tocou para Jeh na entrada da área. A fera tentou devolver, mas nisso um zagueiro cortou. Digo puxou o contra-ataque e lançou Luquinhas na ala direita, que cruzou na área para Índio. O xavante dominou de costas, girou e bateu rasteiro no cantinho direito – ela saiu rente à trave na melhor chance do All Games na partida até então.
 

A equipe não desistiu e na reta final correu atrás do empate. Digo tentou cruzar alto na área, mas Enrique afastou de cabeça. Pipoca, minutos depois, avançou forte pela direita e Enrique o travou. O beque deixou com Henry no meio, que lançou Jeh mais à frente. O artilheiro cortou para a direita e encheu o pé para estufar a rede, erguer os braços e esperar o abraço. Era o segundo do Guaxupé, praticamente com a vaga na final garantida. 2 x 0!
 
A partir daí o jogo pegou fogo. Henry perdeu a bola na defesa – segundo ele, sofreu falta – e Digo ficou com ela livre na entrada da área. Chutou colocado no canto esquerdo para descontar. Os mineiros foram pra cima do árbitro pedir falta em cima de Henry no lance que originou o gol. Carlinhos disse que não foi nada e mandou seguir. All Games vivo no duelo! 2 x 1!
 
Luquinhas ainda teve a chance de empatar na investida derradeira, mas chutou para fora. O juiz apitou e aí foi a vez dos vermelhinhos contestarem o professor. “Por que você zerou o cronômetro?”, questionou Pipoca. Eles alegavam que o árbitro encerrara a partida no minuto 24 e pediam acréscimo. Carlinhos não queria saber de conversa e mandou todo mundo para o chuveiro, sob o risco de pôr a mão no bolso e fazer o que menos gosta. Fim de jogo. Vitória do Guaxupé.
 
As caveiras caipiras encaram o Taurus na decisão – uma reedição daquele 10 x 6 que deixou todo mundo abismado com a atuação do Guaxupé, mas que, assim como nas duas últimas semanas, a revanche contra o Magnatas e a vitória ante o All Games deram um rumo diferente à narrativa antiga, o terceiro capítulo pode não ser a continuação, mas o epílogo de uma história que é impossível saber o final.
 

Ficha técnica
 
All Games 1 x 2 Guaxupé – Semifinal do VI Chuteira 5

Gols: Enrique Bispo e Jeh (G); Digo (AG)
 
Cartão amarelo: Modelli (AG)
 
MVPs: 1 - Enrique (Guaxupé); 2 - Jeh (Guaxupé); 3 - Digo (All Games)
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