Novo semestre, nova chance. Com esperança e elenco renovados, o Lodetti começou mais um ciclo atrás do objetivo dourado. Diante do Basicus, recém-rebaixado da Série Ouro, os Leões Azuis teriam que provar que aprenderam a lidar com o favoritismo e consertaram os apagões defensivos, tão recorrentes no último campeonato.
 
Sem Camillinho e Bahia, transferidos para o Bacana, mas com a importante chegada de Paolo, vindo do Kansado, o time lodettino começou a 12ª edição do Chuteira de Prata com grandes aspirações. Do outro lado, o time rosa e preto vinha vivendo uma gangorra emocional: queda na Ouro e título da US Cup davam o tom de uma equipe totalmente indecifrável. Qual Basicus veio para o Chuteira de Prata?
 
No início do duelo a resposta parecia fácil. Com dez minutos de jogo, quatro gols do Lodetti. Aos cinco do primeiro tempo, o estreante Paolo partiu pela direita e tabelou com Guga, que devolveu de primeira no espaço vazio; cara-a-cara com o goleiro o camisa 20 dos Leões Azuis bateu firme e contou com a sorte, já que a bola passou por baixo do corpo do goleiro Roland Seaman. O segundo tento surgiu dois minutos mais tarde, desta vez em um lançamento primoroso do goleiro Alysson para o camisa 10, Guga, que dominou com categoria, já tirando da marcação, e bateu no contrapé do arqueiro, que esperava o arremate cruzado.
 
Aparentemente perdidos em campo, o Basicus não oferecia resistência ao rival. Cinquenta segundos depois do segundo gol veio outro castigo. Cobrança de escanteio pela esquerda e a zaga tirou mal, a bola caiu no pé esquerdo de Guga, que fintou o zagueiro antes do chute colocado. A bola passou entre dois defensores e encontrou o ângulo de Seaman, que mal enxergou de onde ela veio. O quarto gol também nasceu de uma cobrança de corner. Desta vez, Pedro Lodetti acertou a cabeça de Paolo, que se antecipou aos zagueiros e fez o movimento perfeito para colocar a bola entre a trave e a mão do goleiro. O rolo compressor Lodetti estava a todo vapor.
 
Muito irritado com o que via acontecer ao seu time, o capitão Bolas tentou resolver sozinho e até foi bem. Em duas arrancadas pela direita o camisa 22 levou perigo ao gol de Allysson, mas o Basicus não tinha perspectiva de melhora sem a presencia de Puff, um dos principais jogadores do elenco. E se de um lado Allysson não tinha problemas, no outro flanco a defesa do Basicus sofria com a tarde inspirada do Lodetti. Aos 16, Bolas cometeu pênalti em Guga e o bom zagueiro Bettoni foi para a cobrança. Com categoria e calma, deixou o goleiro de um lado e bateu no canto superior direito.
 
E na saída de jogo, outro apagão defensivo. Incrivelmente abatidos, os jogadores do Basicus pareciam atordoados com o que acontecia. Passe errado e Diego roubou a bola e tocou para Guga, que cortou para a esquerda e bateu forte, no alto, sem chances para o pobre goleiro Seaman, que curiosamente usa o apelido de Jesus na camisa (devido sua semelhança com símbolo cristão). É, amigo, nem Jesus salva!
 
A segunda etapa começou trágica. 6 x 0 no primeiro tempo não serviram para nada, e a defesa rosa e preta cochilou mais uma vez. Lolão foi rápido e não teve vaidade na frente do goleiro, rolou para trás e viu Paolo livre para marcar e se consagrar em seu primeiro jogo no Chuteira pelo Lodetti.
 
O sétimo gol colocou ainda mais conforto na situação lodettina e o time tirou o pé do acelerador. Cadenciando mais o ritmo e também sofrendo com o sol forte, os Leões recuaram um pouco e deixaram o Basicus se organizar. Diferente do que aconteceu na última temporada, o time azul e branco não sofreu um blackout defensivo, apenas diminuiu a intensidade do jogo, que começava a ficar mais equilibrado com o aumento do ímpeto ofensivo do Basicus.
 
O marasmo acabou para Allysson e logo o goleiro teve que sujar o uniforme. Aos 8 minutos, Tuiu arrancou bem pelo canto esquerdo e, de biquinho, conseguiu descontar o placar. Quatro minutos depois, pelo outro lado, Rapha tabelou com Veneza, que deixou o camisa 14 livre de marcação. Rapha errou o chute, mas deu sorte e a bola enganou Allysson, morrendo quase sem força no fundo do gol.
 
Não era uma perspectiva de reação. O Basicus encontrou seus gols porque melhorou no jogo, mas ainda existia um abismo entre os dois times. E o Lodetti parece ter lembrado que saldo de gols faz a diferença e voltou a caprichar mais na hora de finalizar. Um minuto depois de sofrer o segundo tento, Pedro Lodetti voltou para a quadra e resolveu. Aos 13, o capitão completou cheio de estilo o cruzamento da esquerda e, aos 16, roubou a bola da defesa e deixou o goleiro Seaman no chão, antes de finalizar para o gol vazio. Dois lances praticamente seguidos que mostraram a importância do capitão para sua equipe. Aliás, Pedro Lodetti ficará um mês fora de combate para recuperar-se de uma cirurgia de hérnia. Apesar da modéstia em dizer que qualquer atleta do grupo pode substituí-lo, são poucas as opções no grupo que têm as mesmas características do capitão.
 
O último gol do jogo foi marcado por Thiaguinho. Após linda tabela entre Dih e Marcelo Toretta, o camisa 30 apareceu embaixo do gol para garantir o placar elástico. 10 x 2 em uma tarde de opostos.
 
Capitão e referência técnica da equipe, Pedro Lodetti falou sobre seu substituto. “Tenho certeza de que qualquer um está apto para entrar e desempenhar um bom papel, nem sei se o treinador vai fazer alguma mudança na tática ou não, mas tenho confiança no grupo”, afirmou.
 
Do outro lado, o capitão Bolas tentou explicar o jogo apático de seu time. “A gente chegou atrasado e ainda incompleto. O time que acabou de ganhar um título não é o mesmo que entrou em campo hoje; as peças são as mesmas, mas a postura estava diferente. No segundo tempo a gente melhorou, mas com a vantagem deles já não dava para fazer muita coisa”, ponderou o jogador.
 
Ficha técnica

Lodetti 10 x 2 Basicus – 1ª rodada do XII Chuteira de Prata

Gols: Guga (3), Paolo (3), Pedro Lodetti (2), Bettoni e Thiaguinho (L); Rapha e Tuiu (B)

Cartão amarelo: -

MVPs: 1 – Paolo (L); 2 – Guga (L); 3 – Pedro Lodetti (L)