Os velhinhos entraram dispostos a deixar as eliminações no Chuteira para trás e com vontade de provar para a garotada que ainda tinham muita lenha para queimar na temporada. Afinal, o torneio Master era o que restava para a maioria dos atletas em campo. O Xoras era basicamente o mesmo time aguerrido da Aço; o Primatas, um remendo símio imperial ligado e por onde mais os tentáculos de Chicão andou a tocar.
 
O jogo começou com Roberto Solcia reclamando do próprio comandado. “Que veterano é esse que não sabe cobrar um lateral?”, ironizou a reversão no lance cobrado por Arai. O time vermelho era quase todo celeste, a base ao menos é: Jonny, Rosis, Toty, Rômulo, Arai. Todos estiveram, uma hora antes, na derrota do Império para o Invictus nos pênaltis (8 x 9), mas o revés, surpreendentemente, não parecia ter-lhes abatido, pelo menos todos incorporaram o espírito primata, e a camisa vermelha que um dia tão bem lhes caía, continuava leve feito uma pluma. Chicão, como dono da bola, foi outro que não se ausentou e entrou de titular. Já Fenômeno, claro, não podia faltar, optara pelo banco no início da cruzada.
 
Já o tricolor vinha com as grandes lendas que driblam a passagem do tempo e desafiam o físico para provar que o Xoras de ontem e hoje é um só. E foram eles os primeiros a chegar com perigo na batida à meia altura de Ric, o homem formol, imune ao tempo, da direita. O grisalho Marco defendeu.
 
Depois disso, sete minutos se passaram sem muita tensão até que Carioca armou o contra-ataque. Dutramax pediu no meio e tocou para Ric aberto na esquerda. O capitão trouxe para dentro e bateu forte no canto oposto para abrir o placar para o Xoras: 1 x 0!
 
O Primatas reagiu, mas no seu tempo, sem pressa. Gui Rosis recebeu na esquerda, driblou Deus e o diabo e mandou de bico no ângulo, um golaço! O juiz, no entanto, já havia paralisado a jogada no meio quando um jogador da própria equipe sofreu falta. “Por que ele não deu vantagem?”, perguntou Rômulo no banco. “Louco”, respondeu bravo.
 
O Primatas adiantou a marcação e passou a controlar o meio. Aos 12, quase empatou. Kevin rolou para a batida de Arai rente à trave esquerda. Uhh! Jonny e Rômulo chegaram junto em Marçal, que avançava pelo meio com ela dominada. O professor mandou seguir e Jonny pegou a sobra para mandar uma bicuda e isolar. Boa tentativa.
 
Em seguida, a polêmica. Marçal avançou pela ala direita e cruzou rasteiro na área. Jonny deu um carrinho para afastar e a bola resvalou no seu braço. Os jogadores do Xoras pararam para pedir o pênalti, mas o árbitro mandou seguir. Jonny saiu com ela em disparada, passou por dois marcadores e soltou o tiro no ângulo direito para deixar tudo igual no final da primeira etapa. Golaço! 1 x 1! O banco tricolor pressionou o professor, mas ele não se comoveu com o choro.
 
O Primatas voltou do intervalo tocando bem a bola. De Rosis para Fenômeno e de Fenômeno para Kevin. Kevin recuou para Toty. Toty cruzou da defesa para a fera.  Fenômeno tabelou com Kevin, mas a devolução foi muito adiantada. Rômulo recuperou em seguida e mandou a bomba da direita – em cima da zaga. No contra-ataque, Dutra lançou Dutramax na área, que cabeceou fraco, fraco. No outro lado, Kevin emendou uma bicicleta na lateral direita e a bola saiu pela esquerda. Matheo pediu para bater a falta no meio e isolou.
 
Marçal e Cabral dividiram na linha de fundo. O juiz deu escanteio para o Primatas. O primeiro soltou os cachorros. “Ah, professor, eu chutei nele”, berrou. “A bola saiu”, respondeu a autoridade. “Então! A bola foi para trás. Era nossa”, contestou o xorão. A cobrança não deu em nada e o jogo seguiu truncado, sem grandes chances para nenhum dos lados.
 
O marasmo acabou aos 15, quando o Primatas voltou a levar perigo. Toty tocou para Gui Rosis, que tabelou com Arai na intermediária e bateu rasteiro no canto esquerdo. Piero rebateu com os pés. O Xoras respondeu na jogada individual de Paulinho. A fera cortou um primata no meio e chutou rasteiro na saída do goleiro Marco, que espalmou.
 
 A defesa vermelha saiu em velocidade e o Primatas chegou à virada. Após a cobrança de lateral na direita, Kevin ajeitou para Gui Rosis bater colocado no canto direito e sacudir a caçapa. 2 x 1!
 
O Xoras ainda tentou uma reação desesperada. Ric e Dutra arriscaram de longe, mas não chegaram a assustar. E no último lance da partida, Sennise fez falta em Kevin na área e o árbitro não pestanejou. Pênalti. O próprio Kevin cobrou para marcar o terceiro e dar números finais ao confronto. O Primatas está na final do I Chuteira Master.
 
Os jogadores se cumprimentaram e deixaram o gramado satisfeitos com a atuação apresentada. Marçal, mais efusivo, culpou o homem pela derrota. “O cara pôs a mão na bola e o juiz não apitou. Em seguida, eles empataram”, reclamou em alusão ao gol de Jonny.
 
O quarteto celeste vestirá vermelho outra vez no sábado, quando o Primatas decidirá o título ante o Fora de Série. Clebão x Chicão. Ninguém quer perder este encontro.
 
Ficha técnica

Primatas 3 x 1 Xoras – Semifinal do I Chuteira Master

Gols: Ric (X); Jonny, Gui Rosis e Kevin (P)

Cartãões amarelos: Sennise (X); Gui Rosis (P)