Um erro pode custar todo um trabalho. Quantas vezes já ouvimos a máxima? No futebol é tão recorrente que às vezes se presta a explicar as razões do fracasso. A narrativa, entretanto, não é sempre dramática. Pode-se errar, corrigir e acertar a tempo de vencer.  Ainda assim, há falhas difíceis de apagar. Quando elas definem um duelo importante, todo o resto foge à memória. É como se nada, além delas, tivesse acontecido. Uma dessas poderia resumir o que foi a última partida da tarde na 2ª rodada da Bronze, entre Allzuis e Rabisco, mas alguns personagens fizeram com que esta história se prolongasse.
 
Os atletas formaram a roda da autoestima e iniciaram o ritual sagrado. O árbitro, entretanto, se viu forçado a quebrar a concentração diante à semelhança entre os uniformes. Devido à força da tonalidade e instados a colaborar, os cavalheiros celestes concordaram em utilizar coletes virados pelo avesso, que mais atrapalharam a reportagem do que auxiliaram a arbitragem.
 
Armada a confusão, o juiz apitou e Romarinho cruzou para Biro cabecear pra rede e abrir o placar a favor do Allzuis. O Rabisco tentou responder com Dezinho e Mion, mas o time errava muitos passes. O Allzuis, não muito diferente, limitava-se a tocar a bola de lado. Quando avançava, perdia. A bola parecia queimar nos pés dos jogadores. Até que, menos nervoso e com mais movimentação, a equipe conseguiu se soltar e armar algumas jogadas. Aos 6, Guastini recuperou a bola na defesa e tocou no meio para China driblar dois marcadores e ser derrubado na entrada da área. Biro soltou a bomba na barreira. No contra-ataque, o capitão do Rabisco avançou pela direita, mas na hora de finalizar foi travado por Romarinho.
 
Com apenas um reserva, os jogadores do Allzuis invertiam posições e todos ajudavam na marcação. China, aliás, não parava quieto. Rodopiava o campo todo, às vezes com ousadia e habilidade, outras só na disposição.
 
A partida seguia truncada. Mais defesa que ataque. Muito mais. Mais marcação que criação, muito mais. Chute pra gol? Um ou outro sem mira. Só que o cenário começou a mudar quando Guto roubou a bola na lateral direita e tocou na frente para o irmão. Ozil pediu, abriu na ponta direita com Dezinho e fechou no meio aguardando a tabela, mas o goleiro Haga interceptou o cruzamento. Na sequência, porém, Guto tratou de deixar tudo igual com o arremate cruzado da esquerda. 1 x 1.
 
Alegria passageira, já que China, dois minutos depois, recebeu passe de Romarinho, cortou um marcador na esquerda e bateu forte no mesmo canto, sem chance para Diego Lima. Era o segundo do Allzuis, que assumia a vantagem outra vez. 2 x 1!
 
O Rabisco não deixou barato e foi em busca do empate. Quase conseguiu na cabeçada de Dezinho por cima do travessão. O banco se levantou e suspirou, depois os próprios reservas se deram conta de que a bola não passara tão perto assim. Aplaudiram do mesmo jeito. A recompensa pela confiança veio logo em seguida, quando Ozil arriscou de longe, fraco, sem qualquer pretensão. A bola desviou na zaga azul e matou o arqueiro Haga, que até resvalou nela, mas não pôde evitar o gol de empate do Rabisco no último lance da etapa inicial. 2 x 2!
 
Os comandados de Magrelo e Varoli voltaram arisco do intervalor e por pouco não viraram o placar. Lombardi lançou Ozil na área, que cruzou para Dezinho concluir em cima de Haga. Em seguida, o Allzuis também teve a chance de retomar a dianteira. Biro tocou no meio para Dodo, que deixou com Duarte, livre na direita. O capitão do mato chutou forte no meio do gol e Diego Lima espalmou pra escanteio. Na cobrança alta na área, Dodo subiu pra cabecear por cima do gol.
 
Nos quatro minutos que se sucederam, nada a comentar porque nada aconteceu. E por mais que Guto brigasse de um lado e Duarte do outro, quem fez a diferença foi o inusitado. Rubão afastou o perigo na defesa com um chutão truculento. A bola atravessou o campo todo e entrou por baixo das pernas de Haga. O arqueiro facilitou o golaço que botou, pela primeira vez no confronto, o Rabisco na frente do placar. 3 x 2!
 
E por pouco o time azul e branco não ampliou com Guto, aos 10. Fezão cobrou escanteio e o capitão subiu no terceiro andar para testar no chão; Haga encaixou. Sete minutos de sonolência... Ozil arriscou de longe e contou com a segunda falha de Haga para comemorar. Era o quarto do Rabisco, o segundo do alemão.
 
O Allzuis reagiu na raça de China e Biro e conseguiu descontar aos 14. China avançou pela esquerda. Biro apareceu livre mais à frente e inverteu com Obis, que bateu cruzado para recolocar os azuis na partida. 4 x 3! Varoli pediu tempo. Guto voltou no gás e fez falta em Duarte na lateral esquerda. Chiou. Quinta infração. O lance parecia perigoso, havia bom ângulo para o chute, mas não deu em nada porque Obis errou o passe. Redimiu-se, porém, ao recuperar a bola no meio e tocar para Duarte, que driblou um, dois, três beques e foi parado pelo quarto, Guto, na entrada da área. Sexta falta! Shoot out!
 
Guto e Dezinho trocaram gentilezas em vão. Reclamavam o indiscutível. Tudo em casa. Nervoso, Guto deixou o gramado e não viu Dodo desperdiçar a melhor chance que o Allzuis poderia ter de empatar, graças a defesa de Diego Lima, que fechou o ângulo e assegurou a primeira vitória do Rabisco no torneio!
 
O triunfo deixa o Rabisco em posição intermediária na tabela, com 3 pontos, na sexta colocação. A equipe tem pela frente agora o Cachorro Velho, que perdeu nas duas primeiras rodadas. O Allzuis começa mal a competição, mas terá bastante tempo para se recuperar. Está de folga neste sábado e só retorna em outubro.
 
Ficha técnica
 
Allzuis 3 x 4 Rabisco – 2^a rodada do XIII Chuteira de Bronze
 
Gols: Biro, China e Obis (A); Guto, Ozil (2) e Rubão (R) 
 
Cartões amarelos: Guto e Mion (R)
 
Cartão vermelho: Guto (R)
 
MVPs: 1 - Ozil (Rabisco); 2 - China (Allzuis); 3 - Fabricio (Allzuis)