Chuteira de Ouro - Panela no chão, taça na mão

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Após sofrer dominância do Entre Amigos, Cacildes de Ramos reage com gol de Léo Rinaldi, segura a igualdade até o fim e usa prorrogação para sacramentar o título com tento de Vitão

Matheus Mazzo
Dez 21, 2023
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Uma das partidas mais equilibradas da história da Liga Chuteira de Ouro. Cacildes de Ramos e Entre Amigos fizeram um jogo espetacular, com tudo o que uma final merece. Os dois times alternaram momentos de dominância na peleja, aproveitando-as para chegar ao tão sonhado gol. Contudo, o CR esteve um pouco mais aplicado no campo ofensivo, ainda que não tenha jogado dessa maneira durante o jogo todo. Fazia parte da estratégia do EA dar a pelota ao rival, mas talvez isso tenha saído um pouco de controle, principalmente no recorte final do game. Após levar o empate, os aurinegros criaram poucos lances ofensivos, o que ajudou a defesa adversária. Ainda assim, o 1 x 1 se manteve no placar até o apito final, e o duelo precisou da prorrogação para ser resolvido. Foi aí que surgiu o pé mágico de Vitão, completando de primeira o escanteio cobrado por Fabinho para dar o título ao Cacildes de Ramos! Após dois vices seguidos, os cacildistas finalmente voltam a pode entoar o grito de “é campeão”!

Carimbados com a chancela dourada, Cacildes de Ramos e Entre Amigos entraram em quadra pelo capítulo final da Prata 26. Na comparação com um jogo de vídeo game, a última fase, onde o respectivo adversário de cada time seria o temido boss final, ou chefão. Num Battle Royale (modo popular entre os gamers por colocar vários jogadores frente a frente numa arena, até que reste apenas o vencedor) seria o confronto derradeiro para subir o Booyah (expressão usada no free fire para coroar o campeão) na tela.

Segundo lugar no Grupo B, com 16 pontos somados em 7 partidas, sendo 5 vitórias, 1 empate e 1 derrota, o Cacildes de Ramos entrou em quadra carregando um leve favoritismo. Apontado como um dos principais times a conquistar a Série Prata desde o início da competição, a esquadra começou a fase eliminatória massacrando o Soberanos por 7 x 2. Depois, duelo duríssimo contra o Real Migué, terminado em 7 x 6. O Entre Amigos era o último degrau para a conquista da taça.

O CR, colosso dentro da LCOF7, entrava em quadra para a sua quarta final seguida! Desde que estreou na Liga, o time sempre ficou com pelo menos o segundo lugar. Feito para poucos. Contudo, a esquadra vinha de um retrospecto não tão agradável, já que eram dois vices seguidos, no Chuteira 5 e na Série Bronze. Com mais derrotas do que vitórias em finais, os cacildistas estavam dispostos a mudar o cenário. O elenco foi recheado para o último jogo da Série Prata, com a escalação inicial sendo formada por Lino, Jorjão, Léo Rinaldi, Orelha, Fabinho, Viola e Biel.

O Entre Amigos teve a quarta melhor campanha do Grupo A, o que fez a equipe começar a vida no mata-mata nas oitavas de final. Foram 3 vitórias, 2 empates e 2 derrotas. Os amarelos chamaram a atenção da imprensa pelo bom futebol desde o primeiro jogo, ponto que foi ressaltado ao longo do semestre. A caminhada na segunda fase começou em jogo duro contra o SPQSF, vencido por 4 x 3. Nas quartas, o fortíssimo Panela foi a vítima, em vitória emblemática por 2 x 1. Na semi, tabu quebrado contra um rival de longa data: 6 x 3 sobre o Kiwi SP. Só havia mais um adversário entre o EA e a taça prateada.

Para vencer a Prata pela primeira vez, o Entre Amigos precisaria deixar a vida em quadra. Derrubar o Cacildes de Ramos, feito que só o Panela conseguiu na atual competição, não seria nada fácil. Por isso, os amarelos vieram com o elenco completo, entrando em campo com o que tinham de melhor. Os selecionados de Bahia foram: João, Dvd, Salomão, Rafa, Fumes, Monagatti e China.

Os cacildistas deram o primeiro toque na bola, mas foi o EA quem chegou primeiro. China apertou a saída de Fabinho, tomou o melão, avançou pela esquerda, mas foi puxado! Falta marcada e cartão amarelo para o camisa 11! Rafa cobrou em ajeitada para pancada de Monagatti por cima do travessão. O CR respondeu em lançamento de Lino ao campo de ataque, ajeitado por Léo Rinaldi para pedrada de Fabinho, nas mãos de China! Marcada a infração! Biel foi para a cobrança, mas carimbou a barreira.

O game seguiu pegado, com o Entre Amigos tentando passes pelo meio, enquanto o CR fechava a defesa e povoava a meiuca. Léo Rinaldi conseguiu boa escapada pela faixa central e descolou passe na direita para pedrada de Jorjão, segurada por João. Contudo, o Entre Amigos mostrou que estudou o adversário e entrou preparado no confronto. Uma equipe que gosta de jogar com a bola nos pés fica desconfortável quando encontra um cenário adverso. Então foi exatamente isso que o EA fez, pelo menos por alguns minutos. Muita troca de passe na defesa e meio campo, com China, Rafa, Fumes e o arqueiro João. O último lançou ao ataque para conclusão de Dvd, fora da baliza.

Os cacildistas tentavam mudar o cenário, embora estivesse complicado. Em lance ofensivo, Biel cobrou lateral para conclusão de Léo Rinaldi, ao lado. Participativo fora das quatro linhas, o professor Daniel Macedo marcava o duelo por conta de suas instruções ao lado amarelo. E num momento oportuno, esqueceu que não era mais jogador ao dominar e ajeitar um lançamento de João que foi para fora. A bola procura quem sabe!

Léo Rinaldi teve a chance de provar a tese após lance incrível, iniciado em passe de Jorjão para Fabinho, na direita. O cacildense avançou e mandou chute cruzado, cortado por Fumes. Contudo, a esfera ficou redondinha e bonitinha para Léo Rinaldi, sozinho na área e praticamente embaixo da trave. O craque da camisa 10 teve a chance de abrir o placar, mas de forma inacreditável acertou o poste! MEU DEUS DO CÉU! Os gritos de lamento da torcida do CR foram ecoados por todo a Barra Funda (ou seria Pompeia? Quiça Perdizes?)! Fabinho ainda apareceu bem em chute frontal que João tirou com os olhos! Foi quase!

Passado o momento cacildista no ataque, o ritmo diminuiu levemente, embora a peleja continuasse quente e pegada. Ainda assim, mesmo com muita movimentação pelo meio e jogadas acirradas, Lino e João não eram tão acionados defensivamente, participando mais em trocas de passes e lançamentos à frente. Rafa mudou o cenário e fez Lino trabalhar após arremate cruzado da ponta esquerda. Biel respondeu à altura – ou talvez nem tanto, já que o tiro da faixa central não fez João se mexer, foi direto ao fundo.

Com os dois times muito bem postados em quadra, os setores criativos encontravam dificuldades para realizar boas escapadas à frente. Com isso, as ligações diretas começaram a aparecer, mas também sem muito sucesso. As defesas estavam bem postadas. O Entre Amigos, contudo, retomou a estratégia de minutos antes, passar mais tempo com o melão nos pés, colocando o CR para correr atrás da pelota, tirando a esquadra de sua zona de conforto. Ainda que não estivesse criando tantas chances, a tática poderia cansar o rival.

A primeira pausa do game foi solicitada pelo EA. Além de ajeitar a estratégia, era a hora de reidratar o time, já que fazia um forte calor na manhã do último sábado (a câmera gravando o jogo que o diga, já que superaqueceu algumas vezes). Subiu a #BebamÁgua na transmissão! Na beira de campo, Antônio Lemos aproveitou o brake para pegar uma palavrinha do professor Daniel Macedo, que engrandeceu a transmissão dizendo que queria voltar a jogar. “Eu quero jogar, eu quero brigar, eu quero treta”, foram as palavras do coach que tirou risos de toda a equipe na cabine.

A peleja foi retomada e o Cacildes mostrou que não queria mais correr atrás da bola. Tratou de ir ao setor ofensivo em escapada de Juninho pela direita, seguida de cruzamento à área, onde Pelé quase conseguiu desviar à rede! Uuuuuh! Lolo arranjou boa escapada em arrancada pelo meio, limpando a marcação e ficando na boa para concluir. Contudo, Dri esticou o pé e fez a falta! Amarelo para ele! Na cobrança, Viola tocou para Orelha, que ajeitou para canhão de Vitão, nas mãos de João. Orelha teve boa chance em tiro frontal após arrumada de Vitão, mas a esfera passou ao lado.

A etapa final estava perto do fim, mas o Cacildes não conseguiu segurar a emoção. Lolo deu um rapa em Bispo em saída de bola, marcando a quinta falta para a sua equipe. Mais uma infração daria um shoot out ao rival! Pelé retomou o melão e puxou o CR ao ataque em bom passe para Lolo, que escorou na direita para Juninho. O 19 de Ramos tinha o campo livre, mas brigou com a bola, se atrapalhou todo e perdeu o lance! Vitão foi melhor em tiro da faixa central, mas viu João se esticar para desviar ao fundo!

Os professores Thiaguinho e Guilherme decidiram pausar o jogo para ajustar a estratégia do CR. Contudo, o cenário não mudou, já que o equilíbrio persistiu. Sem muitos lances ofensivos e com a redonda girando pelo meio do campo, ora com os aurinegros, ora com os rubro-negros, a peleja seguiu até o apito final da primeira etapa!

O segundo tempo começou com a saída do Entre Amigos, que já foi para cima do rival. Fumes conseguiu boa escapada na frente, mas viu a marcação travar na hora do tiro. Resposta do CR em passe de Jorjão na esquerda para Orelha, que mandou cruzamento ao meio, mas sem encontrar nenhum pé para desviar. Pelota na linha lateral. O Cacildes cochilou em lateral do EA, a redonda chegou para Dri, que escapou pela esquerda e encontrou Salomão. O camisa 8 teve espaço para mandar cruzamento ao meio, onde Monagatti surgiu com liberdade para dominar e mandar para dentro! Aberta a contagem! 1 x 0!

Muita reclamação pelo lado cacildista, que dizia ser o detentor da cobrança de lateral (sem procedência, checamos no VAR!). Os aurinegros tentaram o segundo em ajeitada de Dri para tiro de Dvd, na marcação. Após, nova cochilada do Cacildes no ataque, o melão ficou de graça para Fumes, que esticou na frente para Dvd. O aurinegro 12 tinha o campo livre para correr, além de Monagatti na boa pelo seu lado esquerdo. Eram dois amarelos contra o arqueiro Lino. Contudo, Dvd tomou a pior decisão: tentou resolver sozinho, mandou cavadinha sobre Lino e errou a meta! Nãoooooooooooooo! Não se pode perder uma chance dessa!

Os cacildes perceberam que a sorte no lance anterior foi grande e que ela poderia sorrir novamente para eles. Orelha surgiu pela direita e deu belo passe na área para Jorjão, que ajeitou para conclusão de Léo Rinaldi, bem defendida por João! Uuuuuh! Contudo, foi um lance isolado. O Entre Amigos estava melhor. Bem postado defensivamente, com Fumes e Bispo fazendo a linha de frente, os amarelos se prepararam para explorar os contragolpes, com ligação de Rafa para encontrar a velocidade de Dvd e Salomão, além da referência de Monagatti no ataque. Com essa composição, o EA deu a bola para o rival e se fechou.

Os rubro-negros passaram a ficar mais tempo com a pelota, mas encontravam muitas dificuldades para furar o bloqueio rival, que ainda se reforçava com Monagatti para, em algumas ocasiões, fechar uma linha de três defensores. As tentativas do CR eram similares a uma pena tentando derrubar um muro. Ilustrado por lance de Pelé pela esquerda, agarrado com tranquilidade por João. O arqueiro rapidamente acionou Monagatti na frente, que escorou para pedrada de Salomão, por cima!

O EA voltou ao estilo descrito logo acima: esfera nos pés do Cacildes e casinha fechada para explorar os contragolpes. Mesmo que nesse cenário, a esquadra cedia pouquíssimas chances ao rival, tendo sua meta sem ser alvejada por alguns bons minutos. Jorjão tentou mudar a parada em arremate pela esquerda, nas mãos de João. Viola alçou lateral até Jorjão, que escorou para tiro frontal de Orelha, sem direção. Vitão foi mais um que tentou em chute perto da área, mas sem muita força. Após as tentativas rivais, o Entre Amigou parou o duelo.

No retorno ao gramado, Monagatti poderia ter matado o confronto após passe de Rafa, mas a conclusão da ponta direita passou ao lado da baliza! Na cabine de transmissão já começava o papo de que não parecia ser o dia do CR, e que a equipe teria uma certa síndrome de finais. Mas, caros leitores, se tem um time dentro da LCOF7 que é capaz de tudo, é o Cacildes de Ramos. Quando a agremiação parecia não encontrar mais saídas para empatar, já que a muralha amarela estava bem postada para tirar qualquer perigo, algo mágico aconteceu. Vitão chamou a responsa pelo meio, passou pela marcação de três e abriu na direita até Juninho. Este levantou a cabeça e descolou um bolão na área para Léo Rinaldi, que se esticou para completar o cruzamento e empatar a peleja! Temos um jogo! 1 x 1!

A partir daí, o cenário mudou completamente. O EA, que sustentava no setor defensivo e não fazia tanta questão da posse, passou a ficar mais com a redonda, já que precisava marcar para vencer o game, além de diminuir as chances de o rival aparecer no ataque. O Cacildes, mesmo com o melão passando menos pelos pés, quando comparado ao recorte anterior ao tento, conseguia as melhores escapadas. Gegê tentou virar o score para o CR em descida pela direita, concluída em tiro nas mãos de João. Léo Rinaldi surgiu bem em tiro frontal, que desviou na marcação, subiu e raspou no travessão! Quase!

A reta final se aproximava, então o CR decidiu pausar o game para ajustar a estratégia. A arbitragem assinalou mais cinco minutos de acréscimo, por conta das paralisações e atendimentos ao longo da segunda etapa. No retorno ao gramado, Daniel poderia ter virado o game após passe de Viola, mas o tiro frontal parou em defesão de João! Quaseeeee! Fabinho tentou em sapatada da ponta direita, segurada por João. Pouco depois, a juizada apitou pela última vez no duelo! Teríamos morte súbita!

Após o descanso e reidratação, Entre Amigos e Cacildes de Ramos voltaram ao gramado para os últimos 10 minutos de Prata 26. O CR teve a saída e logo dominou a posse da bola. Com muitas trocas de passes pelo meio, os rubro-negros tentavam encontrar as brechas na defesa adversária. Juninho dominou pela direita, avançou ao centro e deixou de calcanhar no flanco onde acabara de passar para pedrada de Vitão, espalmada ao fundo por João!

O desenho da prorrogação era claro: Cacildes com a posse e ocupando o setor ofensivo, enquanto o Entre Amigos se fechava a explorava a velocidade do contragolpe. Juninho apareceu pelo rubro-negro pela esquerda, levantando a cabeça e encontrando Léo Rinaldi pelo outro lado. O tiro foi ao fundo após desvio. Escanteio para o CR! Fabinho pegou a pelota na cobrança, alçou na entrada da área para Vitão, que emendou balaço de primeira para balançar a rede! Gol da virada! Gol da vitória! GOL DO TÍTULO! 2 x 1!

Num jogo disputadíssimo, digno de duas esquadras que jogarão a Série Ouro no próximo semestre, o Cacildes de Ramos virou sobre o Entre Amigos e quebrou a série incômoda em finais.

O CACILDES DE RAMOS É O GRANDE CAMPEÃO DO XXVI CHUTEIRA DE PRATA!

Ficha técnica
Cacildes de Ramos 1 (1) x (0) 1 Entre Amigos – Final do XXVI Chuteira de Prata
Gols: Léo Rinaldi e Vitão (CR); Monagatti (EA)
Cartões amarelos: Fabinho, Biel, Orelha e Manga (CR); Dri e Samuel (EA)
Cartões vermelhos: Jorge (CR); Daniel Macedo – técnico (EA)
MVPs: 1 – Léo Rinaldi (Cacildes de Ramos); 2 – Vitão (Cacildes de Ramos); 3 – Monagatti (Entre Amigos)

PREMIAÇÃO INDIVIDUAL
Artilheiro: Léo Rinaldi (Cacildes de Ramos)
MVP: Léo Rinaldi (Cacildes de Ramos)
MVG: Raul (Midfielders)
SuperMVP: Léo Rinaldi (Cacildes de Ramos)