Seu novo uniforme é de PR1MA! Facilitamos a sua vida!

    Agilidade e comodidade para você focar apenas no que importa... o seu time! @pr1masports e (11) 99210-4656

    Veja mais

Leões sai atrás do placar, vira e agora começa a brigar

Certa vez, Dona Etelvina resgatou um vira-lata faminto na esquina da Rua Aderbal de Melo Farias, em Ribeirão Pires. O bicho carregava um ferimento na pata direita, aparentemente fruto de uma mordida de outro cão. Ela cogitou levá-lo a um veterinário, mas ao se dar conta dos honorários do doutor, que, apesar de razoáveis, extrapolava seu orçamento, decidiu ela mesma cumprir o ofício, prevendo que o trato não exigiria mais destreza do que suas mãos de costureira poderiam prover. Na verdade, o que a fez refutar em levar o animal ao especialista foi o receio de ouvir dele que solução não haveria para a pata quebrada, de modo que o único conserto seria amputá-la. Ela estava certa: o problema era de menor natureza. Dois dias mergulhada em éter e a fêmea voltou a caminhar sem mancar. Como se tratava de uma vira-lata, ou seja, cadela sem frescura, poucos eram os gastos com a filha adotiva. Comida era resto de frango com quiabo às segundas, quintas e sábados; nos demais dias da semana, repolho com vinagrete. Aos domingos – e somente neste dia – ela incluía nabo e alcaparras na dieta. Assim conviveram, na virtude e no pecado, junto aos demais animais do zoológico doméstico por sete anos e duzentos e quarenta e três dias. Até que, na manhã do dia posterior ao tempo descrito, ao retornar da feira, encontrou os corpos de seus três gatinhos mutilados. Concluiu, então, que, a despeito do que possam dizer, cães e gatos não se bicam.
 
 
O Leões trocava passes no ataque. Mel abriu na direita com Daniel Lucchesi, que, na falta de opções, recuou para Caio Diniz. Thiaguinho, esperto, recuperou a bola e tocou para Leandro Silva fintar o felino e enfiar o bico de fora da área. A bola subiu e estufou a rede do arqueiro leonino. Gol do Cachorro Velho: 1 x 0. 
 
O plantel reduzido do Cachorro era compensado pela vontade da equipe. Sem poder contar com suplentes, o time se desdobrava em campo para manter a posse de bola e, dessa forma, administrar o fôlego. Depois do gol, o Leões atacou mais, mas a defesa canina segurava como dava. No contra-ataque, o time de Renê Oliveira quase ampliou. Rafa bateu colocado de longe e a bola saiu rente a trave esquerda. Na segunda oportunidade, o Cachorro não desperdiçou. Daniel bobeou, a torcedora do leões reclamou:
 
 – Não tem defesa!
 
 E Thiaguinho esculachou. Deixou um gatinho para trás, invadiu a área pela esquerda e bateu de chapa à meia altura para ampliar o marcador. Gol do Cachorro Velho: 2 x 0.
 
O Leões acordou. Após passe de Luan, Mel rugiu. Bateu forte sem chance para Botana. A rede balançou e a torcida vibrou. Gol do Leões.
 
O jogo ofensivo das duas equipes contribuía para o espetáculo. O negócio era ir com tudo para frente e segurar como dava lá atrás. As chances apareciam a toda hora. Em lance de bola parada, Rafa preparou o arremate de longe. Vai arriscar? Veio a bomba e Serginho foi buscar. A zaga afastou e a cachorrada insistiu sem sucesso. No contra-ataque, Caio recebeu passe de Luan na intermediária e soltou a bomba por cima do travessão.
 
Ajure adiantou a marcação e o Leões pressionava a saída de bola do Cachorro. A estratégia deu certo quando Berga entrou em campo. O matador recuperou a bola na direita e inverteu com Daniel, que finalizou alto no canto esquerdo para empatar em 2 x 2.
 
A mordida doeu e os vira-latas apagaram. Em jogada coletiva, Luan tocou no meio para Berga, que rolou para o arremate de fora da área de Caio. O chute saiu mascado, a zaga não cortou e  Berga completou de calcanhar pra rede. Virada do Leões: 3 x 2.
 
No duelo das mordidas, a do Leões foi mais funda que a do Cachorro

O Cachorro acordou e tentou o empate em jogada individual de Rafa. Só que o japa não tratou a gorda com carinho e ela saiu vendida pela lateral. O Leões recomeçou com Berga na defesa.  O rapper holandês tocou na esquerda para Luan bater rasteiro cruzado. Apesar de não ter pego daquele jeito, viu a morena entrar devagarinho no cantinho. E correu para o abraço! Gol do Leões. 4 x 2.
 
A cachorrada arreou. Sentiu forte a mordida. E, um minuto depois, o Leões atacou de novo. A triangulação ensaiada às terças-feiras começou com Paulo Vieira. Chegou para Luan, que tocou para Caio, livre na área. O caiçara selvagem da amazônia amapaense cortou para a esquerda e chutou rasteiro no mesmo canto. Não deu para o cão de guarda. Era o quinto do Leões!
 
O Cachorro ainda esboçou uma reação no último lance do primeiro tempo, mas acabou sofrendo o sexto. Marco tocou no meio para Richard, mas Paulo Vieira o interceptou. Tocou na ponta direita para Daniel, que avançou pelo flanco e cruzou no meio para Luan, de frente para o gol, cortar para fora e soltar a bomba rasteira no canto direito e fazer a alegria da torcida em família. Gol do Leões: 6 x 2.
 
O Cachorro voltou melhor na segunda etapa. O prejuízo era grande, mas Renê ordenou aos vira-latas que não fugissem da rinha. Logo no primeiro lance, o doberman teve a chance de descontar. Marco chutou forte no meio do gol e Serginho defendeu. Favero saiu jogando na zaga com Ajure. Leandro Silva a roubou na lateral e deixou para Richard pegar de prima, daquele jeito, e mandar a criança lá onde a farinha enche a pança. Um golaço! Sem medo de errar: o mais belo da rodada.
 
O momento era propício, mas o Leões esqueceu a falha no lance anterior e logo voltou a marcar. Foi como se tivesse enrolado um elástico no focinho e desse duas voltas. Luan tocou para Caio, que se livrou da marcação e tocou para Daniel chutar baixo no canto direito e marcar o sétimo do Leões.
 
Quando o fato parecia consumado e o Cachorro rendido, eis que surge uma esperança. É Thiaguinho, no cio há mais de duas semanas. Rafinha latiu na lateral direita e rolou para o arremate de Marco dali mesmo. Serginho defendeu em dois tempos. No contra-ataque, Ajure tocou no meio para Luan, que abriu na ponta direita com Caio, Cassius Clay antes de se converter. Ele inverteu a jogada pelo alto com destino a Berga, mas a zaga afastou. Na sobra, Caio cabeceou e Botana espalmou nos pés de Cainho, que rolou para Ajure estufar a rede. Oito.
 
Na base do “agora que se foda”, o Cachorro Velho avançou. Leandro Silva ajeitou a bola no ataque. De um tempo para cá, bola parada é a arma da cachorrada. Pois a zaga felina ficou com a bola até Thiaguinho recuperá-la. Aí a fera girou e bateu em cima do goleiro. No rebote, ela voltou nos seus pés e, dessa vez, foi caixa. Chute à meia altura no canto esquerdo. Tá na rede! Gol do Cachorro Velho. Luan chegou a reclamar de falta na jogada, mas o árbitro resenheiro negou qualquer irregularidade na jogada. Xuxa, o arqueiro titular dos gatos, interpelou o árbitro e também foi advertido. O papo aqui funciona desse jeito:
 
- Se marco falta é falta. Se não, pode continuar que está valendo. E não há quem prove que estou enganado.
 
E sem papo ele apitou o centro do campo. O cachorrão acreditava. Ainda havia tempo, mas gás... E não é que Renê confiou? Rafa cobrou lateral no ataque. Marco bateu cruzado de primeira, na direção de Leandro Silva na área, que chegou a relar nela antes da zaga afastar.
 
Marco pediu e Rafinha recuou. Recebeu de volta e tocou para Pedrinho no meio. Caio chegou rasgando e sobrou trava de chuteira no braço de Pedrinho. Marcelo julgou que houve excesso de virilidade no lance, razão pela qual sacou o amarelo do bolso e o apresentou a Caio.
 
 – Na bola – contestou o arqueiro leonino.
 
– Toda bola ele faz isso – incitou Leandro Silva.
 
Fato é que Marco não soube aproveitar a oportunidade, uma vez que fez pouco caso da bola.
 
Aí Caio recebeu passe do meio de um indivíduo de sobrenome Ajure e tocou para Marcos Simioni. Pedrinho roubou e a torcida do Leão ficou na bronca, ignorada pelo árbitro. Thiaguinho tabelou no meio com Richard e foi travado. Esta o juiz apitou. A sexta: shoot out. Rafa foi o escolhido. Adiantou e o goleirão saiu. Mais íntimo, o japa passou o pé na gorda, fez que ia para um lado e foi para o outro – a direita – e, com o goleirão vendido, só empurrou para a rede. Gol do Cachorro.
 
Um burburinho tomou conta da quadra 12. Era o relato de um rapa, cujo autor, Thiaguinho, sem dó e só com dois dedos de piedade, aplicara em Caio. O rumor esvaziou-se pelo ar, como se aquilo fosse uma conversa de doidos, cujo destino fosse um lugar qualquer. No que levou o amarelo, o árbitro apitou o fim do jogo. Não sem antes, porém, a fim de que conste nos anais do certame, um gol contra dilatar em um tento o placar, selando a goleada e deixando os Leões a um gol dos dois dígitos – o que certamente não acontecera frente a cachorrada nesta temporada.
 
Quitada a dívida, os Leões começam agora literalmente do zero e vão atrás dos primeiros pontos contra o Invictus na próxima rodada. Já o Cachorro, que também está zerado, encara o lanterna HidroNG; isso é, se os caras aparecerem.
 
Ficha Técnica
 
Cachorro Velho 5 x 9 Leões do Brás –2a Rodada do IX Chuteira de Bronze
 
Gols: Leandro Silva, Thiaguinho (2), Richard e Rafa (CV); Mel, Berga, Caio, Luan (2), Daniel Lucchesi (2), Ajure e contra (LdB)
 
Cartões amarelo: Renê (técnico), Marco e Thiaguinho (CV); Xuxa, Caio Diniz e Luan (LdB)
 
MVPs: 1 – Daniel Lucchesi (LdB); 2 – Luan (LdB); 3 – Richard (CV)
Comentários (0)