Foi, acima de tudo, um jogo muito bom de se ver esse Catado x Abre o Olho. Um primeiro tempo disputadíssimo, que não podia terminar diferente: empate. A boleirada até tentou estragar o espetáculo (com uma ajuda da arbitragem), mas não foi furdunço suficiente. Isso porque se os ânimos às vezes se exaltaram, e a bola ficou parada, quando ela estava rolando foi um jogo de altíssimo nível. No segundo tempo, o Abre o Olho assistiu ao Catado de Interior manter o ritmo — pro bem e pro mal — e não conseguiu acompanhar. O camisa 20 terminou a partida com 4 assistências, um placar a seu favor em 5 x 2 e com a esperança de neste semestre mudar os rumos da elite chuteirense. Foi, sem dúvida, uma apresentação, não só de Interior, pra ganhar confiança pro resto da temporada! E o NQS QCCuide.
A dupla mais odiada apitou e os nobres cavalheiros, vestidos a rigor, deram início ao baile. A primeira visita ao salão adversário foi realizada pelo Abre o Olho. Sem perder tempo, Cesinha recebeu pela direita e fez os cumprimentos a João Vitor, que ficou com ela, com a tranquilidade de um bom anfitrião. A retribuição veio também com certo cavalheirismo. Rannyer carregou pela ala direita e bateu rasteiro, sem força. Kelson se deitou no solo, segurou a criança e pôs pra dormir. Aos 3 minutos, o mesmo Rannyer quis aumentar um pouco a levada do jogo, não muito, ciscou pra cima da marcação, carregou e bateu com mais força dessa vez. Kelson não esperava tamanha falta de sensibilidade e acabou amassando os trajes e dando rebote, mas ninguém chegou pra aproveitar tamanha boca-livre.
Aos 4, Luan serviu o primeiro prato para os convidados saborearem, a contragosto da zaga catada, que tentou lhe tirar a bandeja das mãos. Ele insistiu, ficou com ela, João Vitor chegou pra pelo menos dividir a gorjeta, mas não foi muito incisivo e novamente Luan foi teimoso, e a teimosia deu resultado: ele e o gol, só pra empurrar pra rede. Foi um lance ‘peculiar’, diriam os espectadores mais atentos por trás de seus monóculos. Alguns, de fato, acharam que nada daquilo estava valendo, mas estava! 1 x 0 Abre o Olho! Belo prólogo.
Depois, mais uma chegada do Abre. Fê Amato cobrou córner, Beza segurou no meio e ajeitou para Vander chegar batendo, mas ela saiu à direita do gol. Aí Interior, que não tinha ainda chegado pra festa, recebeu um DDD do time e atendeu prontamente. Lançamento ainda da quadra de defesa lá na frente pra Mateus, que dominou e tocou no alto, Kelson caiu e não achou. 1 x 1! Ainda com pouco mais de 5 minutos jogados.
A banda trocou as partituras e acelerou o passo. Os olhudos tiraram o paletó e foram pra cima. Passinho no ataque. Cesinha acionou Beza pela esquerda. O 10 tentou de bico, mas errou o alvo. Com 8 minutos, o Catado chegou também trocando passes, bola na esquerda para Gui, que rolou no meio pra Mateus chegar batendo da intermediária, também sem a direção correta, por cima da meta. Na sequência, mais uma chegada da dupla Gui e Mateus, que tabelaram pela direita, Mateus recebeu de volta e chutou em cima de Kelson, que ficou com ela em dois tempos.
Agora, aos 10 bem jogados, contragolpe do Abre o Olho com Vander, que encheu a bota de média-distância. João Vitor defendeu no reflexo e ela sobrou com Beza, que desperdiçou. O chute errado ainda tocou na trave antes de sair pela linha de fundo. Depois, Winni levou pela esquerda, tentou o chute, Shel foi pra desviar e fazer, mas teve que se contentar com o escanteio. Ele mesmo foi na cobrança, Cesinha subiu pra completar de cabeça, mas não levou intranquilidade a João Vitor, que ficou com ela. No lance seguinte, porém, o goleiro passou um pouco mais de sufoco. Fê Amato levou a bola, tabelou com Beza e encheu o pé, a bola desviou e foi na trave!
Se de um lado ficava só no quase, do outro saiu o gol, e que golaço. Bola de pé em pé no ataque, Gui pela esquerda recuou na entrada da área pra Interior, que serviu Mateus na direita: “faz!” E o camisa 13 não só não decepcionou como fez mais: chapada no ângulo oposto, indefensável e vira-virou, com 14 minutos do primeiro tempo! 2 x 1!
O Abre o Olho voltou a aparecer no ataque em cobrança de falta de Vander, pela meia-direita. O chute saiu forte, mas sem direção, por cima do gol. Do outro lado, a Juve chuteirense voltou a chegar com troca de passes entre Interior e Mateus, aos 20. Mateus voltou a bola pra Murillinho, mas o arremate passou à direita.
Chegando ao fim do tempo regulamentar, foi a vez dos olhudos anotarem em bom estilo. Vander recebeu pela direita do ataque e cruzou no meio da área pra Beza fazer de letra! 2 x 2. Ponche pra todos!
Logo após o empate, Luanzinho entrou segurando ali a luva de pelica para, mantendo a mesma classe do jogo (talvez um pouco menos), estapear os adversários, convidando-os para um duelo de floretes. Fê Amato recusou, mas a arbitragem gostou do desafio e mandou o jogador do Catado se preparar do lado de fora: cartão amarelo, e lá foi Luanzinho de novo pras tribunas, acompanhar tudo sem sujar o traje. O primeiro tempo, que quase não teve bola parada, nem em arremesso lateral que fosse, desperdiçava seus últimos suspiros.
A segunda etapa começou com o Catado disposto a resolver o duelo. Raphinha, sem muito floreio, levou ela pela direita e tentou cruzado no contrapé, e o chute saiu à esquerda do gol. Uma boa chegada, logo aos 2 minutos. Na subida seguinte, foi a vez de Interior ir pra cima da marcação, e ele até conseguiu soltar a bola para Mateus, antes de receber a falta, mas a arbitragem já tinha assinalado. Sorte de Mateus, que perdeu o gol. Uma breve confusão ali e de novo ares de um espetáculo menos refinado que o da primeira etapa. Depois de muito tempo de bola parada, Rannyer rolou a bola pra Murillinho mandar longe.
Aos 5 minutos, resposta do Abre. Biro recebeu pela esquerda e bateu cruzado, Cesinha tentou cutucar, mas passou batido. No lance seguinte, foi a vez de Vander ter a chance perdida, livre pelo meio, após cobrança de lateral. Bola pra fora, à esquerda do gol. Interior, que não tem culpa se o adversário acerta ou erra, avançou pela esquerda e virou pra Gui, com o canto aberto, fuzilar e colocar o alvinegro interiorano mais uma vez à frente. 3 x 2! Com 8 jogados.
E o rapaz queria mais. Zanzava de um lado pra outro, chamando todo mundo pra dançar, animando o início do fim de festa. Pegou a bola e foi pra cima, a marcação ficou com medo de errar o passo e cair pra trás, mas caminhou justamente nessa direção, no que o 20 aproveitou pra arriscar pro gol. Kelson fez boa defesa, mas gerou escanteio. Interior, onipresente, estava lá pra cobrar e só não foi na área pra cabecear porque, bom… a altura ele deixou pra Ricardo, que mal subiu pra botar a testa na bola, consagrar o companheiro com 1, 2, 3, 4 assistências! (quando o Chuteira vai ter premiação disso, hein?) e fazer, também, o quarto gol do Catado! 4 x 2! Antes dos 10 minutos.
Do lado agora amuado da quadra, querendo ir pra casa, os olhinhos quase fechando… se abriram rapidamente quando Perna mandou a porrada em cobrança de falta e a bola subiu um pouco demais, mas arrisco dizer triscou de leve a trave.
Aos 13, mais Catado. Gui construiu a jogada pela ala direita e, quase da linha de fundo, bateu forte pro gol. Kelson apareceu bem novamente pra fechar o camarote. Na sequência, mais uma chance pra Gui pela direita, chute cruzado e ela saiu do outro lado. No que ela saiu, os zóiudos pararam o jogo pra tentar arrumar a casa e acabar com as comemorações do adversário.
Na volta, já contados 16 do segundo, Vander avançou pela esquerda, arrancou a agulha da vitrola, girou em cima da bola e chutou cruzado. Perna tentou o desvio, mas quem tocou nela foi a defesa. Escanteio! Perna foi pra reposição e devolveu em Vander, que ajeitou o corpo e bateu bonito. Ela novamente petelecou de leve o travessão e se perdeu.
Depois, Vander ganhou um carinho na caneleira com o bico da chuteira de Intera, mas seguiu em frente e obrigou João Vitor a aparecer bem pra defender. No lance seguinte, a culpa pesou nas consciências dos juízes: amarelo atrasado pra Interior. Ele protegia a garota, com quem dançou a matinê inteira, pensando na próxima jogada, e a marcação, desesperada, ignorada pela gordinha, mergulhou pra trás antes de levar o drible. Aí a coceira da reclamação proliferou de vez nos fundilhos dos fraques alugados, e os juízes ficaram ali procurando explicação. No lance seguinte, só pra piorar a situação, Raphinha, em revide, acertou Biro, e a dupla mais odiada não pensou duas vezes pra sacar o vermelho. Sobrou ainda amarelo pra Biro, por entrada no mesmo lance.
Ânimos exaltados, principalmente do lado alvinegro, mesmo com os 4 x 2 e volume de jogo maior desde o primeiro tempo. Os jogadores do Abre, de outro lado, só queriam que os juízes acrescentassem os devidos 15 minutos de acréscimos, pois perceberam que não tinham aproveitado os festejos como deveriam. E foi quase isso mesmo, em tempo de bull terrier, que o jogo ficou paralisado. Na cobrança da infração, para o Abre, Perna virou tudo pra Vander beliscar a trave mais uma vez. No lance seguinte, aproveitando a vantagem, os olhudos trocaram passes e Fê Amato recebeu na esquerda bola que veio de Vander, com oportunidade de finalizar, mas João Vitor chegou no abafa pra fazer o bloqueio. E o goleiro catado, sem hora pra chegar em casa, também queria mais. Já aos 28, ele descolou belo lançamento no meio do salão pra Gui, que trouxe pra direita e bateu cruzado, pra fechar bonito o jogo (apesar das intempéries relatadas) e o placar. 5 x 2!
No apito final, Intera, inteiro, satisfeito, de barriga cheia, ainda deslizava de um lado pra outro e ficou uns 10 minutos correndo em círculos até o efeito dos brigadeiros acabar. A impressão é que, se dependesse dele, o Catado já adiantava, na sequência mesmo, o confronto ante o MachuPichu, já que o 2 Tok’s deu W.O. Interior e o Catado vão ter a oportunidade de gastar toda a energia acumulada contra o Condor’s, na próxima rodada. O Abre o Olho enfrenta o Zenite.
Ficha técnica
Abre o Olho 2 x 5 Catado – 2ª rodada do XXVII Chuteira de Ouro
Gols: Luan e Beza (AO); Mateus (2), Gui (2) e Ricardo (C)
Cartões amarelos: Perna e Biro (AO); Interior e Luanzinho (C)
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