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Lodetti leva a melhor no clássico que entrou para a história

Pense em Deus e o Diabo na terra do sol. Panella é Antônio das Mortes, o matador de cangaceiros. Bahia é o Corisco, o diabo louro, aquele a quem todos temem. Tal qual no épico de Glauber Rocha, o duelo foi de tiros e palavrório, mas, diferente do final cinematográfico, o Diabo venceu. Ou não?
 
A maior explosão de talento já vista no Chuteira de Bronze. Em sete edições, nunca houve um jogo como este. Entrou para a história. A revanche mais aguardada. O terceiro capítulo da trilogia épica entre o atual campeão da Aço e os velhinhos do Bengalas outrora tricampeão da Ouro foi sublime. Não faltou nada: torcida inflamada fora de campo e provocação dentro dele. Gols – um de placa – e confusão. Caralho, que jogo!
 
L: sinal característico que embala o Lodetti na atual Bronze; favoritos, de fato estão na final

Duas rodas, duas forças. Uma suplicava ao céu; a outra, à Panella – que distribuiu afagos aos companheiros. Em troca, ganhou um beijinho na nuca. Que lindo! A resenha não tinha fim. Mais oração. Quem vai levar a melhor: Panella x Bahia, Camillinho x Cassio, Toretta x Bizú, Allyson x Robson?
 
- 1,2,3: Bengalas!
 
- 1,2,3: Lodetti!
 
- 3,2,1: Chegou a hora. É aqui. Semifinais do VII Chuteira de Bronze. Piiiiiiiiiiiiiiiiii!
 
 
Os técnicos combinaram uma parada técnica a mais. O sol estava de rachar, um inferno. A torcida não parava de gritar. A angústia não parou quando a bola rolou. Pelo contrário, apenas começara.
 
- Roda esta bola - gritou Negão.
 
- Mas a bola não roda? - indagou a ala feminina do Bengalas.
 
Carioca ganhou no meio, cortou para a direita e soltou a bomba em cima de Wé.
 
Vai, panelinha! - incentivavam as meninas.
 
O futebol foi grandioso, mas também teve espaço pra algumas truculências e provocações

A tramontina lançou Cassio na área, mas Carioca ficou com a bola e partiu pra cima. Guitolê, contudo, o parou. Panella arriscou do meio, Allyson caiu no canto e espalmou. Cassio arranjou um espaço no meio do bololô na área azul e emendou uma bicicleta do jeito que deu no centro do gol; Allyson defendeu. Vini Costa cruzou da direita nas mãos de Allyson. Wé não queria saber de mixirica no pomar ancião. Arrancou a crina da égua sem dó. Chutão pra afastar o perigo. O sarrafo foi digno de aplausos. Guitolê tocou para Cassio, que recuou para Panella dar uma enxadada no canto esquerdo. Uhhhhhhhhhhhhhhh!  Início de jogo movimentado.
 
Panella continuou insistindo, mas Dih e Guga acordaram dando bom dia ao Satanás. Vai mexer com as feras?
 
Cassio perdeu a bola no ataque, Diego Gama tocou para Camillinho na direita cortar para o meio e finalizar no canto direito de Robson – que espalmou pra escanteio. O atacante levou as mãos ao rosto. O suor respingava pela camisa. Melhor chance até então na partida. Eletrizante!
 
Esganiçadas, as meninas não paravam de incentivar.
 
- Vai, Panellinha! Vai, Phibbie! Vai, Cassinho!
 
No primeiro embate entre o matador e o diabo, Panella levou a melhor sobre Bahia na direita e chutou de longe cruzado. Golpe de vista:
 
Calma, daqui não passa – foi o recado de Allyson.
 
Será? Vini Costa perdeu na defesa e Frazão ficou com a criança. Mas logo em seguida o meia chutou em cima do preá, que se desculpou com a cúpula do INSS.
 
Frazão bobeou. Logo contra quem? O matador. Panella sacou a espingarda e deu um tiro de bico no meio do gol. Allyson só esticou a mão e salvou o cangaço.
 
Vini Costa ganhou de Bahia na direita e tocou para Philip driblar um leão, entrar na área e finalizar. Allyson! Na sobra, Salva bateu cruzado – Frazão cortou e ligou o contra-ataque com Bahia na esquerda. O “É o tchan” passou por Salva e tocou para Dih enfiar o cacete. Robson defendeu, mas no rebote Gama não perdoou. Bico no meio do gol. Goleiro batido. Gol do Lodetti. Placar aberto, torcida exaltada. Esquentaram-se os ânimos.
 
Toretta deixou o dele e comemorou; novamente ele chega à final podendo superar Lele na artilharia. Será?

Atordoado, o Bengalas mal pôde se recompor, sofreu o segundo. Lolão aproveitou o buraco na defesa amarela e, após passe de Frazão, com um toque na bundinha do bebê, tirou de Robson. A bola morreu no canto esquerdo. 2 a 0.
 
Ih, danou-se. O cabaré pegou fogo. Vini Costa tocou para Philip descontar. O ala matou um leão na esquerda, invadiu a área e chutou baixo fora do alcance de Allyson. Gol do Bengalas. 2 a 1. 
 
Partida tensa. Jogadas fortes. Provocações dos dois lados e pressão na arbitragem.
 
- A bola saiu pela lateral ou não? - Wé pressionou o árbitro.
 
Camillinho chegou na grade e tirou uma onda com Douglas:
 
- Ganhamos uma e vamos ganhar outra, disse o craque confiante.

Wé decepou a naja e o amarelo ficou barato. Gama ganhou dividida na defesa e vibrou junto à torcida na grade. Salva deu um carrinho em Carioca na direita e também levou amarelo. Jogo bom passa rápido. Final da primeira etapa. Wé deixou o campo mancando. Negão, um poeta:
 
- Eles é quem têm que se preocupar com a gente - orientou o time.
 
Eles já estão descontrolados.
 
Como era de se esperar, o jogo voltou ainda melhor no segundo tempo, com os dois times buscando o ataque. Lolão recebeu passe de Dih na esquerda e chutou forte. Wé afastou e Guitolê tocou para Cassio na esquerda chutar baixo. Boa defesa de Allyson. Dih tocou para Frazão, que, com um toque de gazela, deixou Bahia em ótima condição. O diabo louro girou e finalizou em cima de Robson.
 
Guitolê e Cassio trocavam passes no ataque tentando furar a defesa azul. Lolão, em contrapartida, perdeu grande chance de ampliar. A formiguinha ficou livre na direita, mas chutou por cima do gol. Livre na esquerda, Bahia lamentou:
 
- Toca a bola.
 
Falta no meio. Tramontina. É brabo. O tiro no canto esquerdo passou perto. Cassio ainda tentou desviar, mas chegou um pouco atrasado.
 
Bahia pediu e recebeu no ataque. Chutou forte no alto. Ele não sossegou. Na linha de fundo cruzou para Toretta dar um totó na bola e desviar de Robson. Gol do Lodetti: 3 a 1. Na comemoração, Bahia provocou os velhinhos. Braços erguidos no ritmo do axé.
 
Pra quê? A fera acordou:
 
- I am Panella. I am the Sheriff in town.
 
Quando o matador de cangaceiros afina a faca, Charles Bronson coça o bigode e Zé Pequeno molha a calça. É mau. É bronco. É boiadeiro. Nada sentimental. Come um peru de natal sozinho e pede sobremesa. Atropela criancinhas e não presta socorro. Estaciona o corcel no meio da 25 pra tirar um cochilo. Enfia dois dedos na goela quando sente indigestão. Faz festa no bordel e não paga a conta. Palita os dentes enquanto assiste de camarote a uma rinha de cães. Aposta a mãe numa mesa de poker. Não se comove em funerais. Não se comove com nada. Não chora; bebe. Não acha; sabe. Não pensa; faz. Eu sou Panella.
 
Ele partiu pra cima da defesa azul e sofreu a falta. Frontal. Montou no jegue e fez o serviço. O chute cruzado matou Allyson. A barreira, pasma, não entendeu nada. Bola na rede. 3 a 2.
 
Goleiros foram destaque na partida; tanto Allyson quanto Robson fizeram grandes defesas

Bahia viu que o negócio esquentara e tratou de escrever o fim da história. Rolou a bola para Toretta, que chutou em cima de Robson. O goleirão ligou o contra-ataque com Salva, que tocou para Panella. Ferrou. O chute colocado veio da direita e estufou a rede no canto esquerdo. Goooool do Bengalas. Tudo igual. Que jogo! Que semifinal! Dois grandes times. Só um vai passar. O pau vai quebrar!
 
- O maestro está de volta - gritou o banco ancião.
           
Camillinho, outro designado por Antônio Conselheiro, entrou livre na área e finalizou por cima, desperdiçando grande chance de gol. Incrédulo, o camisa 10 lamentou.
 
Salva mandou o cacete do meio; Allyson caiu e não soltou. Carioca dividiu com Vini Costa na lateral e a torcida bengalesa chiou:
 
- Amarelo, juiz - pediu o banco ancião.
 
- Não foi nada isso aí, contestou a torcida azul.
 
Dih tocou para Carioca, que antes de finalizar viu Guitolê chegar de trator e afastar. A bola voltou para Dih, que tocou para o diabo louro, livre na esquerda, chutar cruzado e pôr o Lodetti de novo na frente. 4 a 3. Na comemoração, Carioca ostentou o escudo do time, apontando-o para a torcida, ao lado do banco do Bengalas. Vibra o Lodetti. Vitão pediu um minuto para prosa. Partida tensa. É rivalidade à flor da pele.
 
No meio, Panella lançou Vini Costa na área – que deu um chapéu em Allyson e empatou. Goooooooooooooooooooooolaço do Bengalas. 4 a 4. Puta que o pariu, que jogão!

O preá teve pouco espaço para jogar, mas quando apareceu fez a pintura da partida. Cadê a bola, Allyson?

Dois minutos e trinta e sete segundos depois, o Lodetti voltou a marcar. Confusão na defesa amarela, a bola sobrou para Gama soltar a pancada no meio e estufar a rede. Goooooooooool do Lodetti. 5 a 4. Na comemoração, Bahia provocou o banco bengalês com um “chupa” ao pé do ouvido de Guitolê. Pronto.
 
Guitolê não gostou do insulto e partiu pra cima do diabo, tentando exorcizá-lo, mas não o alcançou. Menos mal. Porém, o circo estava armado. Confusão generalizada. Salva se estranhou com Lodetti, fora do jogo, na lateral. Camillinho tomou as dores do capitão e encarou o ancião. O pau só não comeu porque a turma do “deixa disso” apartou. Panella quase foi pra cima de um torcedor do Lodetti quando ouviu “você não sabe perder” vindo da arquibancada. Bahia era contido por metade dos colegas.
 
Quando os ânimos pareciam se acalmar, a confusão se reinstaurou. Bizú e Camillinho foram tirar satisfação com o árbitro ao saberem que haviam sido expulsos. O juiz voltou atrás e corrigiu o erro. Expulsou Bahia, Guitolê e Salva e encerrou a partida com sete minutos de antecedência, alegando que a torcida do Bengalas tentou invadir a quadra.
 
Camillinho pediu mais organização no Chuteira. “Tem que haver um jeito de conter a invasão”, cobrou.
 
Panella deixou o campo de cabeça erguida, lamentando o tumulto. “Foi um jogão. Não era pra ter terminado assim”, disse o xerife. Carioca concordou. “Jogão. O final não foi legal, mas foi um jogão.”
 
A confusão não chegou a vias de fato. Bizú e Negão conversavam na linha de fundo. Jogadores dos dois times questionaram por que a partida foi encerrada antes. Bahia assumiu que provocou, mas também disse que o jogo poderia ter continuado. “Sim, mandei um chupa. Qual é o problema? É do futebol. Agora, não sei por que ele terminou o jogo.”
 
Que pena. Sete minutos a menos de futebol em alto nível. Fim do espetáculo. Lodetti posou para foto e gritou:
 
- Tâmo na final!
              
Favorito, encara o Real Madruga na final. Todavia, não contarão com o Corisco.
 
                       
Ficha Técnica
 
Lodetti 5 x 4 Bengalas – Semifinais do VII Chuteira de Bronze
 
Gols: Diego Gama (2), Toretta e Bahia (L); Philip, Panella (2) e Vini Costa (B)
 
Cartões amarelo: Wé e Thiago Fernandes (B)
 
Cartões vermelho: Bahia (L); Guitolê e Salva (B)
 
MVPs: 1 - Panella (B); 2 - Diego Gama (L), 3 - Frazão (L)
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