Dizem que os clássicos no futebol são um jogo à parte. O sangue esquenta, a atenção redobra, o coração acelera, o sentimento supera a razão, o orgulho fala mais alto. Ok, menos. A analogia foi desproporcional. Não estávamos no Mineirão. Longe disso. Mas assim como um bom e velho Galo contra a Raposa, não faltou emoção entre Real Madruga e Corleone. No final, quem tomou a cachaça mais doce foi a Raposa, ou melhor, o Real Madruga, que enfrenta agora o bicho-papão Kansado pelas quartas de final do VII Chuteira de Bronze. O galo, coitado, volta para o celeiro depenado, mas de cabeça erguida. É hora de a família se reunir e traçar os rumos para a próxima temporada.
No "clássico mineiro do Chuteira", deu Cruzeiro - ops, Real Madruga - no final
Alguém precisava falar para o Cainho que o jogo já havia começado. Caso contrário, ele levaria um tiro do padrinho. Bruninho aproveitou o vacilo do mafioso e quase abriu o placar. Marcelão fez boa defesa e manteve a meta limpa. Ou foi o Manfredini?
- Errei, errei - admitiu o gângster.
Ele se redimiu com um cruzamento na área em direção a Fezinho, que dominou e antes que a lágrima caísse ao chão disparou a pistola. Powwwwwwww. Sem chance. Morreu na rede. Pega lá dentro. Gol do Corleone: 1 a 0.
A gangue abriu a porta do opala negro na Times Square 10 e a coisa ficou preta. Johnny “coldblood” entrou duro em Bruninho e foi advertido verbalmente. Sem arrependimento. Isso é para os fracos.
A família voltou a cochilar e dessa vez levou um tiro pela culatra. Cesão roubou a bola no meio e tocou para Diogo chutar da intermediária e deixar tudo igual. A bola ainda resvalou na trave antes de entrar. 1 a 1.
Miranda não se deu por satisfeito e queria vingança. De quê? Difícil explicar. Não sei exatamente. Mas aquilo ali não era normal, não. O anti-herói acertou belo chute do meio no canto direito do goleiro atleticano – que caiu e não soltou. Boa defesa.
A pressão do Real continuou. Falta pela direita. Rafa Ornelas soltou a pancada e Manfredini defendeu. Agora eu cravo: foi Manfredini quem fez essa defesa. Só poderia ter sido. No rebote, Cardoso dividiu com Cainho e ganhou o lateral.
- Pô, não dá nenhuma pra gente, professor? - mafiosos na bronca com a arbitragem.
E, para piorar, virada celeste. Tostão, quer dizer, Cesão, tocou para Rafa Ornelas, que rolou para Caio soltar a bomba à meia altura. Não deu né, Manfredini? Gol do Real: 2 a 1.
A família discutiu “business” após o almoço de domingo e pôs os pingos nos is. Tchelo e Mamá se incumbiram de colocar a casa em ordem. Contaram com a mão de Fá e pelas laterais criaram algumas jogadas. Nenhuma perigosa.
- O chefe não vai gostar, hein!
O que aconteceu? O pior. É sempre assim. Barros puxou o contra-ataque com Cesão, que retribuiu o favor e deixou para Rafa Ornelas na área só ter o trabalho de tirar do arqueiro do Bronx. Mel na chupeta e 3 a 1. E agora, Famiglia?
Um encontro inusitado: acerto de contas em família. Era uma vez na América: Pedrinho “Lucky Luciano” acendeu o cachimbo, sacou a escopeta e metralhou Cardoso “Al Capone” no meio. Terminou assim o primeiro tempo.
Os problemas em família foram novamente resolvidos e a máfia descontou no início da etapa final. Edu lançou na área e Tchelo escorou por baixo. 3 a 2. Resolvido? Não, apenas o começo.
Julio “Goodfella” Guimarães cruzou na área. Edu testou nas mãos de João.
- Un churros para el Arquero!
Fred Molina, o mais novo membro da gangue, tentou jogada individual pela esquerda, mas parou na zaga azul. Contudo, não desistiu. Tentou de novo e... Nada.
- Cadê o resto da família para ajudar?
Tchelo lançou na área para Edu, mas João chegou antes e espalmou. A zaga azul deu continuidade na jogada até ouvir o apito do árbitro:
- A bola saiu.
- Não, não saiu – rebateu o outro árbitro.
Saiu ou não saiu? Não saiu.
- Tá de brincadeira, né, professor? -- ameaçou Cainho.
- Quer acordar com a cabeça de um cavalo, Rogério?
Julio Guimarães tentou resolver a parada e foi calçado na esquerda.
- Tá se jogando, hein! - protestou a torcida Real atrás da grade.
Mamá se aproximou da criança. À direita, já com uma mão no rifle e a outro no charuto. O tiro veio cruzado e quem finalizou o trabalho foi Edu. 3 a 3. A família foi buscar o empate que parecia improvável. Tudo igual. Jogaço!!!
Muita dedicacão dentro de quadra na saga mafiosa do tiro que saiu pela culatra; Rafa Ornelas foi o algoz
Caio e Edu trombaram no meio. O jogo ficou amarrado. Falta toda hora. Reclamação dos dois lados. Valia vaga nas quartas. Matar ou morrer. Fezinho apertou a marcação na defesa mafiosa; Cardoso, na madrugueira. Jogo tenso, disputado. Mas o que não foi legal foi o chute de Pedrinho.
- Ajoelhe-se. Beije a mão do padrinho por uma segunda chance.
Concedida. O chute da intermediária desviou na zaga e quase enganou o goleiro real. Uuhhh! E deste contra-ataque, já no final da partida, veio a vingança. Cabeças rolaram. Caio tocou para Cardoso, que cruzou para Rafa Ornelas na direita. O Mr. Blonde preparou o cenário e não perdoou. Pelo contrário. Ao som de:
- Clowns to the left of me! Jokers to the right! Here I´m stuck in the middle with you (Stealers Wheel)
O matador cortou para o meio e chutou rasteiro no canto esquerdo. Gooooooooooooool. Madruga na frente novamente: 4 a 3. Jogou gasolina e ateou fogo. Sem dó. Cadáver no chão. Fim de jogo. Madruga classificado para as quartas de final. Pela frente, uma pedreira. Se quiser chegar à Prata, o time do técnico Neto terá de passar pelo invicto Kansado no próximo sábado.
Ao Corleone, a dor da eliminação. Mas também a sensação de que o time fez o seu melhor. Assim definiu Lezão. “Frustração, não. Vontade não faltou. Demos o nosso melhor, foi mérito dos caras. Futebol é isso aí”, reconheceu.
Ficha Técnica
Real Madruga 4 x 3 Corleone – pelas oitavas-de-final do VII Chuteira de Bronze
Gols: Diogo, Caio e Rafa Ornelas (2) (RM); Fezinho, Tchelo e Edu (C)
Cartões amarelo: Vilhena e Caique (RM); Martin (C)
MVPs: Rafa Ornelas (RM); Fezinho (C); Diogo (RM)
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