Poucos minutos podem mudar o contexto de uma partida. Com alguns lances de perigo, um jogo morno ganha tons emocionantes. E quando o gol da vitória acontece nos últimos lances, a impressão que fica é de os dois times poderiam ter feito muito mais.
 
O calor teve sua parcela de culpa. O encontro entre Voando Baixo e Os Mostarda aconteceu às 12h30 e diante dos quase 30 graus fica difícil dizer que ainda estamos no inverno. Com apenas três jogadores no banco d’Os Mostarda, era questão de tempo para o fôlego do time aurinegro acabar, então a missão era resolver o jogo o quanto antes.
 
Mas do outro lado estava uma defesa sólida e um goleiro de posicionamento impecável. E não foi por falta de tentativas. De longe, da esquerda, da direita... O time mostarda arriscava chutes de média e longa distância, mas poucas bolas levavam perigo real ao gol de Plinio. Do outro lado, Bahia e Ceará tentavam organizar contra-ataques rápidos, mas Biel começou o jogo sem falhar na defesa.
 
O excesso de erros ofensivos fez a temperatura do jogo diminuir, apesar do sol forte que açoitava sem piedade. Até os 15 minutos, só um lance claro de gol e uma coletânea de chutes sem destino. A bola parada surgiu como solução e Biel encontrou Bruno Egg sozinho. O camisa 16 bateu em cima do goleiro, mas Gui pegou o rebote e, com o gol todo aberto, só fez o movimento com o pé direito e correu para o abraço. Mas a vantagem no placar durou pouquíssimo tempo. Dois ataques mais tarde, o empate nasceu dos pés de Bahia, que escapou pela direita e bateu cruzado. A bola passou por toda a extensão da área e encontrou Ceará, desmarcado, que só teve o trabalho de tirar o goleiro Dan do lance.
 
Por opção estratégica ou por decisão tática, o Voando Baixo não impôs maior ritmo de jogo na segunda etapa. Mesmo com a vantagem numérica, faltava desejo de vencer. Enquanto isso, “lambendo a quadra”, o Os Mostarda tentava o que podia para começar a caminhada rumo à Série Bronze com uma vitória. Gui e Dany Steinle estavam no comando do ataque, municiados por Egg e Bellão, mas o ferrolho laranja e preto estava difícil de ser perfurado.
 
Tendo apenas o contra-ataque como arma, o Voando Baixo limitou-se demais e, sem um pivô clássico no elenco, faltava alguém para segurar a bola de costas pro gol. Em suma, as principais tentativas ofensivas do VB explodiam na defesa ou saíam pela linha de fundo. Enquanto isso, os aurinegros arriscavam tudo em lances de profundidade e continuavam insistindo nos arremates de média e longa distância.
 
Só aos 20 minutos do segundo tempo que o jogo ficou aberto de fato. As duas equipes se lançaram ao ataque e tivemos cinco minutos de bom futebol. Ousadia nos passes e boas defesas marcaram o final da partida, deixando um gostinho de que essa postura mais ofensiva, principalmente por parte do time laranja e preto, poderia ter tornado a partida muito mais atraente.
 
Ironicamente, o Voando Baixo que procurou o gol de maneira mais tímida conseguiu a vitória. Em falta próxima da área, Carioca rolou para Ceará, o melhor jogador do VB na partida, pegar firme, no meio da bola, e colocar entre o goleiro e a trave. Virada consumada, vitória construída.
 
“Faltaram algumas peças, mas eu acho que perdemos muitos gols. Merecíamos ganhar, tivemos o controle da partida, nosso time atacou muito mais”, ponderou o treinador do Os Mostarda. Já o técnico do Voando Baixo deu méritos para o equilíbrio do grupo. “Jogar nesse horário é difícil e ter banco de reservas ajudou a definir o resultado. Nessa temporada a gente se preparou muito mais nos amistosos e temos peças com qualidade. Vamos tentar chegar lá em cima”, finalizou.

Ficha técnica

Voando Baixo 2 x 1 Os Mostarda – 1ª rodada do IV Chuteira de Aço

Gols: Ceará (2) (VB); Gui (OM)

Cartões amarelo: Carioca e Renato (VB); Tatá e Dany Steinle (M)

MVPs: 1 – Ceará (VB); 2 – Bahia (VB); 3 – Gui Garrido (OM)