Desde o início, houve desconfiança, desapego, desilusão. Chegou a ser chamado de ‘filial’, substantivo que, no mundo do society, é utilizado como uma denominação que beira o pejorativo (embora quem alcunhou o time desse jeito não tenha tido essa intenção e, sim, apenas a vontade de motivar a campanha de um grupo até então desconhecido). Só que o futebol é gostoso pelas reviravoltas dentro de quadra: com muita raça, e doses de competência aliada à sorte, o Broders superou tanto o The Veras quanto a pecha de ‘filial do Spartacus’, e levantou o caneco da Divisão Prata da V Copa Apertura. Destaques para Biel e Caio Cézar (autores dos gols no tempo regulamentar), e para Velame – que evitou o gol de Victinho Petreche na decisão por shoot out.
 
O sábado não era de carnaval, mas com muitas finais. Eram três no total, por isso a arquibancada sempre esteve repleta de torcedores, e, assim, The Veras e Broders começaram a disputar quem seria o rei da Prata. Movimentações dos dois lados, passes com segurança, sistemas defensivos bem postados. Contra esse último item, Victinho Petreche logo tratou de botar fogo na zaga broder. Encarnando Lionel Messi no terceiro gol do Barcelona contra o Chelsea, no jogo de volta das oitavas de final da edição 2017-2018 da Copa dos Campeões da Europa, Petreche levou da meia para a esquerda em velocidade, mas, ao invés de chutar por entre as pernas de Velame e fazer o tento, resolveu cruzar para o meio do pagode à conclusão de João Claudio: Victinho cruzou, e seu primo guardou! 1 x 0!
Eram menos de 3 minutos e o TV já tinha a vantagem. Isso porque Cucio havia desviado lateral para fora antes da abertura da contagem. E o Broders escapou (por hora) do segundo após contragolpe theveriano que estaria nos manuais de prática futebolística: a roubada de bola seguida de rápido ataque chegou até João Claudio, que rolou no meio para Victinho Petreche novamente em velocidade; o hipster da camisa 17 viu Velame saindo da meta e tentou driblá-lo, mas o arqueiro saiu deslizando e foi reter a pelota nos pés de Victinho! (Guarde bem esta jogada, amigo(a) leitor(a), pois lá pelo último parágrafo será descrito o mesmo lance; se com o mesmo final, aí seria spoiler).
 
Enquanto o capitão Rapha Lima respondia mandando por cima do travessão de Binho, Velame era ovacionado e homenageado pela torcida liderada por Luis Moreira: “♪♫Velame, v***o♪♫”. O reconhecimento era pela defesa arrojada feita anteriormente, que poderia proporcionar o empate do Broders. E ele até aconteceria, só que não: em falta na entrada da área, Raphael soltou a paulada e balançou as redes! Os árbitros apitaram e... não confirmaram o tento! Espera o juizão autorizar, capitão! Na nova tentativa, Raphael rolou na direita e Caio Cézar chutou rasteiro, mas Denys deslizou e se intrometeu na trajetória para salvar o TV.
Salvou, justamente para ver o artilheiro verense brilhar novamente. Petreche e Cucio tabelaram como se estivessem no Quatro Quatro Dois De Boas até o primeiro concluir; Fabio ainda salvou em cima da linha, mas o rebote foi todo de João Claudio! 2 x 0! Em desvantagem, o Broders só tinha o ataque para alcançar, mas sem esquecer sua defesa. Enquanto Biel tentava acionar Caio Cézar com um passe que nem Usain Bolt pegaria, e Petreche cruzava para João Claudio não completar na resposta, o The Veras ia cozinhando o galo. Nico, Marchi, Cucio e Bombinha trocavam passes na linha defensiva e deixavam o tempo passar. Perigoso.
 
Mesmo com Cucio recebendo lateral e indo à linha de fundo chutar cruzado para defesa de Velame, o fator risco ao TV acabou se fazendo presente. Rennan entrou no jogo, e, de acordo com ele mesmo, “o Veras trocava passes atrás, até que eu pressionei a saída deles e dividi com um defensor, daí a bola sobrou próxima à linha de fundo e o Biel correu atrás dela para tocar por cima de Binho” para diminuir. Um belo gol aos 17 minutos! 1 x 2!
No hiato entre o gol de Biel e o tento de empate foi possível notar a presença de Kinho em quadra, enquanto os broders ficaram na resenha depois de Gustavo carimbar o poste sem rebote. Aos 19, o 2 x 2 na descrição de Rafa Velame: “Lancei direto para o lado esquerdo, deixando na medida para o Caio Cézar, que só teve o trabalho de tocar genialmente por cobertura. Uma obra-prima”! O detalhe: a rápida reposição de Velame veio após Danilo matar Bombinha do coração ao aparecer incólume na área, mas concluir o lateral com uma letra horrorosa. Melhore essa caligrafia, Danilo!
 
E não é perseguição do repórter, mas, em seguida, Bombinha ficou novamente maluco quando Danilo atuou como zagueiro ao entrar na trajetória certeira do chute do veras 3, que certamente morreria no canto esquerdo de Velame. Porém, Danilo tentou se redimir ao receber cruzamento da esquerda, matar no peito com estilo e chutar rasteiro, mas, Caio Cézar, que tinha acabado de gritar “Cadê a marcação, p****”, entrou no meio da bomba e salvou o Broders antes do intervalo.
 
E as quatro balançadas na rede da etapa primeira não se repetiram, nem uma mísera vez, na etapa derradeira. Aliás, os 25 minutos restantes não foram tão legais assim. Até teve lances de efeito nos primeiros movimentos, como na chegada de Rapha (depois de trama broder malandra) e arremate rasteiro para defesa segura de Binho, o The Monster, e no pivô maroto de Biel à direita para tiro de um livre Samuel, mas para fora. Entretanto, o TV tinha mais o controle da criança e trocava passes de forma envolvente no afã de desmontar a armada broder – contrariando palavras de Cucio, que, para a TV Chuteira, antes de a bola rolar, disse que o Veras jogaria fechado e explorando os contra-ataques.
Só que a partida era modorrenta, estagnada, inexistente. Fábio Vieira tentou animar a festa chutando cruzado da direita, só que pela linha de fundo. Enquanto isso, o embate, além de embrulhado, era nervoso. Em nenhum momento chegou a ser violento, mas era nítida a apoquentação dos jogadores em chegadas mais arrojadas para dividir lances. Com isso, ia recrudescendo o número de faltas. E ainda tinham aproximadamente 15 minutos para jogar. Em um lance de infração do flanco direito, Gustavo soltou a paulada e fez The Monster rebater à lateral. O mesmo Gustavo pegaria sobra de escanteio para encher o pé esquerdo pelo mesmo lado direito, mas a tentativa cruzada saiu.
 
Até então com mais posse, mas sem atacar de forma efetiva, o TV ressurgiu no bico de Denys que assustou Velame no centro da meta, na sobra, com alguém do banco de reservas gritando “Agora é a hora”, Negão mandou a chinelada e obrigou Velame a defender no susto!
 
A vida do Broders poderia ser diferente na expulsão de Bahia após este cometer falta, e com a cobrança da direita para a esquerda para encontrar o canudo de Napolitano, mas, no meio do caminho, a zaga desviou o bom chute do veras 9 e a pelota foi a corner. E, mesmo com um jogador a menos, Raphael ainda conseguiu acertar a trave num chute digno de craque e levar seu torcedor à loucura.
A decisão havia melhorado, e o Veras queria o título, tanto que Negão saiu de trás fazendo fila até mandar um balaço na trave! Outro digno de craque! E a turma do Benga só não soltou o grito entalado na garganta porque Bombinha recebeu cruzamento da direita, mas perdeu o gol na cara do crime! E teve ainda muitas emoções: quinta falta do TV, cometida por João Claudio; lateral da esquerda e desvio de cabeça de Fábio Vieira para fora; e Bombinha desviando para a linha de fundo cruzamento da esquerda. Estava fechado o segundo tempo.
Sem delongas, os valentes jogadores foram tirar na sorte grande quem seria o grande campeão. De acordo com o regulamento, um shoot out para cada lado. Quem perdesse, dançava. E, leitor(a), te lembras que escrevi no começo da matéria para guardar bem uma jogada de Petreche em cima de Velame? Preciso realmente continuar? O 17 do The Veras tentou driblar, mas o arqueiro broder saiu muito bem nos seus pés! Coube a Caio Cézar mandar no canto direito de Binho e consagrar o Broders como o campeão da Divisão Prata da V Copa Apertura! Depois, muita festa, e muito ‘chupa, Dodô’!
 
Ficha técnica
 
Broders 2 (1) x (0) 2 The Veras – Final da Divisão Prata da V Copa Apertura
 
Gols: Biel e Caio César (B); João Claudio (2) (TV)
 
Cartões amarelos: Gustavo, Bahia e Biel (B); João Claudio, Victinho Petreche e Cucio (TV)
 
Cartão vermelho: Bahia (B)