Já com história dentro do Chuteira de Ouro, a rivalidade entre CAV e Arouca ganhou mais um capítulo na tarde do último sábado, quando as equipes se encontraram para decidir qual delas passaria para as semifinais da décima sétima edição do torneio. O Arouca foi valente e vendeu caro a derrota por 1 x 0, que só veio na prorrogação, quando valia o golden goal. Apesar do sufoco, o CAV chega forte para o confronto com o Mulekes, na semi.
 
Se na teoria os caveiras eram os favoritos, na prática a coisa não foi bem assim. A primeira chance da partida foi de Marcos Bohn, que recebeu ótimo cruzamento de Veloz e bateu para fora. Depois Barata enfiou para Veloz, que, dentro da área, armou o chute mas não acertou a bola. Pelo lado do CAV, Thiago bateu falta na intermediária, mas sem tanto perigo, e não chegou a assustar Maurício.
 
Maurício, aos 6, impediu que Hirota abrisse o placar. O camisa 2 da equipe negra recebeu de Deivids, invadiu a área e foi impelido pelo goleiro tricolor. Depois Bruno Cruz e Deivids tabelaram e o primeiro bateu forte, mas Maurício defendeu. O jogo era bom e o CAV, um pouco mais incisivo que o adversário. Mininel bateu de longe e levou perigo. Depois Deivids encontrou Henry dentro da área, que tirou o goleiro e tocou para o gol: Barata apareceu no último instante e tirou a bola, que tinha destino certo.
 
O Arouca encontrava alguma dificuldade e o CAV ia pra cima, sem sucesso. A equipe chegou a ter três escanteios seguidos, mas a defesa arouquense afastava. Além de Barata, Dhani, Netto e França compunham o ferrolho disposto a barrar o melhor ataque do campeonato. E o time ainda levava perigo nos contra ataques, como quando Marcos Bohn partiu da defesa e bateu da entrada da área, deixando Diego Gallego em alerta.
 
No CAV, o maior problema era a falta de sintonia da dupla Deivids e Henry, normalmente afiadíssima. O camisa 7, considerado por muitos o destaque do torneio, se recuperava de uma pancada sofrida ao longo da semana. E o Arouca seguia ameaçando. Dhani armou boa jogada de contragolpe aos 23, mas foi parado com uma falta na entrada da área – não assinalada pelo árbitro. Depois França entrou forte em Bruno Cruz e foi advertido corretamente. Bruno Hidalgo tentou uma bike ainda antes do intervalo e Netto quase fez de fora da área; Thiago afastou na hora certa.
 
Thiago arriscou de longe no primeiro minuto do segundo tempo e obrigou Gabriel a se esticar para tirar. A resposta veio com Bruno Hidalgo, que quase marcou de cabeça. O jogo era parelho. O xerife Thiago tomou amarelo depois de brecar jogada de Hidalgo com a mão. Em seguida Bohn cobrou falta e a pelota passou à direita do gol de Diego Gallego. Talvez a grande chance da equipe no jogo tenha sido quando a bola sobrou livre para Caio na marca do pênalti, mas ele chutou em cima do arqueiro da Vila, que estava atento e salvou no reflexo.
 
O CAV respondeu com boa troca de passes de Deivids, Tiagão e Cidrão, que bateu no ângulo, apesar de não estar em posição para tal. Gabriel – que substituíra Maurício – fez bela defesa. Em seguida, Cidrão tentou de fora da área, mas um desvio levou o chute para a linha de fundo. Pouco depois foi a vez do Arouca chegar à frente. Netto subiu ao ataque, antecipou o adversário e chutou forte; Gallego mandou pra escanteio. Cobrado, a bola chegou na cabeça do pequenino Dhani, que obrigou Diego Gallego a salvar os caveiras novamente.
 
Henry foi amarelado aos 12, depois de rápida rusga na lateral que ameaçou alterar os ânimos – coisa de jogo. Prosseguiu a troca de golpes: o CAV chegou com Hirota, que ganhou de Dhani e bateu forte, no ângulo; Gabriel salvou, de mão trocada. Netto revidou em cobrança de falta, que parou na barreira. Bruno Hidalgo ganhou de Cidrão logo em seguida e chutou cruzado, mas para fora. Já se sentia um cheiro de prorrogação.
 
Hirota era o mais articulado dos homens de preto. Aos 18, ele fez boa jogada na direita e cruzou para Deivids, que não alcançou. Na sobra, Tiagão mandou pra fora. Depois foi Netto que cruzou na medida para Bruno Hidalgo, mas Thiago cortou. Na reta final, as coisas ficaram um pouco mais difíceis pro Arouca: Netto chegou forte em Hirota e cometeu a quinta falta do Arouca – a próxima seria um shoot out.
 
Aos 23, Bruno Cruz recebeu na entrada da área, foi impedido pelo marcador e a bola sobrou para Deivids, que bateu forte; Dhani salvou. Depois Hirota saiu de Bruno Hidalgo, bateu cruzado e Gabriel teve que se esticar todo para mandar pra escanteio. Aos 24, Marcos Bohn teve a chance da vida: ele recebeu livre, na entrada da área, mas bateu mal. O jogo seria mesmo decidido na prorrogação.
 
Os minutos pós-jogo fizeram bem ao CAV, que voltou mais organizado; já no Arouca, a preocupação era não cometer faltas, já que as infrações não são zeradas na prorrogação. Hirota bateu de longe e a zaga afastou. Depois Deivids avançou, se livrou do marcador e, ao invés de bater, tocou para Henry; o japa chutou e Gabriel defendeu. Depois foi Thiago quem subiu da defesa e bateu forte; Gabriel fez bela intervenção. Tudo isso em dois minutos.


A pressão do CAV não cessou. Mininel recebeu de Deivids, que bateu para nova defesa de Gabriel. Depois Henry fez jogada na esquerda e Netto fez o desarme na hora certa. Foi aos 5 minutos da prorrogação que Diego Gallego iniciou o lance do gol que garantiria a vitória do CAV – e que gol. O goleiro fez a ligação direta com Bruno Cruz, que dominou, deu um chapéu em França, tirou de Netto e chutou no canto de Gabriel. Golaço de ouro.
 
O adversário do CAV nas semifinais será um velho conhecido. A reedição da última final do Chuteira de Ouro (e também da finalíssima da Copa Apertura) acontecerá, desta vez, nas semis. Quando entraram em quadra, os caveiras já sabiam o que os aguardava em caso de vitória, uma vez que o atual campeão Mulekes havia vencido o Arouca Jrs por 3 x 0 pouco antes. É a hora da revanche do CAV?
 
Ficha Técnica
 
CAV 0 (1) x (0) 0 Arouca – Quartas de final da XVII Chuteira de Ouro
 
Gols: Bruno Cruz (C)
 
Cartões amarelo: Henry , Thiago e Bruno Cruz (C); França e Netto (A)
 
MVPs: 1 – Thiago (C); 2 - Barata (A); 3 – Bruno Cruz (C)