Torcida azul chegou toda-toda. Foto com os craques, abraço daqui, beijinho ali. Todo mundo feliz. Mas de uma hora pra outra, os sorrisos se acabaram, as faces se franziram e o pau comeu...
 
Romulo pediu na lateral direita; Diogão – que dispensa apresentação – pôs pra lateral. Este chupa manga com casca.
 
- Bota na área lá, Edu – pediu Fábio dos Santos.
 
Guedes subiu e testeu a maricota. Passou perto. Quatro dedos do travessão. Uhhhhhhhh!
 
O Império sufocava. O time compunha bem o meio com Vina, Zukauskas e Gois ligando o ataque com Guedes, que procurava jogo pelas pontas. A torcida não parava de gritar.
 
Japa Mori fez falta na direita em Arai. Perigosa. Guedes tocou para Rafael Frai na direita cruzar na área para Eduardo, entre a zaga, empurrar pra dentro. Chute baixo no centro da meta. Goooooool do Império. 1 a 0. Na comemoração, beijinhos pra namorada. Que lindo!
 
A resposta do Coringa, que até então pouco jogava, foi imediata. Careca...
 
- Cambiasso ou Verón, perguntou a torcida?
 
- Gravesen.
 
...cruzou do meio na cabeça de Farias na área. Lançamento preciso. Testada cruzada. A bexiga beijou a trave e entrou. Gooooooooooooool do Coringa. 1 a 1.
 
- Joga no Verón que ele sabe o que fazer com a bola – disse um Zenite, atrás da grade.
 
Ele não corre, mas faz a bola correr. É o suficiente. Mas o Império tem Guedes. É fera. Joga demais. E quando a coisa esquentou, ele decidiu. Na entrada da área, cortou para direita e soltou o tiro no ângulo esquerdo. Arrancou aplausos dos jogadores do Zenite:
 
- C*, que golaço!
 
Gui só viu a bola dentro da rede.
 
Guedes sofreu falta no meio e o árbitro parou.
 
- Você viu que não foi nada. Ele está mandando no jogo – reclamou o banco Coringa.
 
Frai ajeitou. Deu dois passos e meio pra trás e... Explodiu na barreira. Na sequência, porém, Eduardo recuperou e tocou para Romulo na direita bater cruzado e ampliar. Gooool do Império: 3 a 1.
 
Bota um sorriso neste rosto, meu garoto!
 
O pica-pau coringa deu o ar da graça. A rapina bateu colocado de fora da área no canto direito. Assustou.
 
Outra falta a favor do Império no meio. Guedes deu quatro passes pra trás. Partiu. Vai descer a lenha? Não. Abriu com Frai na direita, que tocou para Eduardo. Lá, cá, aqui. Parou por aí. A defesa coringa afastou.
 
- Vamos parar com esta putaria aqui na minha defesa.
 
Este é Big. Bebedor da melhor qualidade. Encara tudo.
 
Zé Victor fez faltou em Leozinho no meio e o árbitro o amarelou. A torcida chiou. O craque sorriu:
 
- Na bola, professor. Fui na bola – contestou.
 
Alguém já viu um admitir?
 
- Está correto, professor. Fiz a falta e aceito o cartão.
 
Careca tentou jogada semelhante à do gol. Deu um tapa na macaca e pôs na área. Dessa vez, contudo, a defesa celeste estava a postos e afastou. No contra-ataque, Guedes (porra, toda hora ele) recebeu no meio e chutou rasteiro – Gui defendeu com os pés. O Coringa respondeu com Felipinho na esquerda. O tá-com-tudo-e-não-tá-prosa bateu alto demais.
 
Dan Cantarelli fez falta no meio. A sexta. Shoot-out.
 
- Vermelho, professor. Vermelho – pedia a torcida.
 
Nem amarelo. Guedes ajeitou. Não beijou, não. Sem frescura. Um toque; uma pancada. Alta no canto direito. Olhos fechados – mãos no rosto. Não foi dessa vez, maestro. Por pouco. Muito pouco.
 
O pé de vento do Farias saiu jogando com velocidade no meio. Tocou para Leozinho na esquerda, que deixou com Felipinho, no meio, bater rasteiro no canto esquerdo. Uhhhhhhhh!
 
No lance seguinte, ele reclamou falta de Gois na intermediária:
 
- Ei, ei!
 
O juiz assinalou; Corneta chiou:
 
- No grito, no grito!
 
Farias bateu rasteiro no canto direito pra diminuir. Gooooooool do Coringa!
 
Aí mexeu com caboclo mau. Jonny roubou bola na defesa e tocou no meio para Rodolfo cruzar para Guedes na esquerda. Pegou de primeira.
 
Que isso, atleta?
 
Tentou corrigir, mas fez gracinha na esquerda e perdeu a bola. Zukauskas parou a jogada na sequência com falta e ironizou:
 
- Eu?
 
Corneta queria tempo. Ítalo furou na lateral e ouviu:
 
- Vixe!
 
- Vai que ele tá abalado – cornetou.
 
Farias caiu no meio e pediu falta – ignorada pelo árbitro.
 
- É lá e cá – disse Corneta.
 
- Na sua cara hein, juizão – contestou Farias, ainda caído.
 
Falta perigosa na entrada da área a favor do Império. Guedes e Eduardo trocaram um lero-lero ao pé do ouvido. Eduardo partiu. Guedes abriu na esquerda. A bola explodiu na barreira e o craque lamentou. Palavras contidas. Só o pensamento:
 
- Tava aqui, tava aqui.
 
- Vem comigo que é gol.
 
A dois metros dali, Felipinho desabou. E tome reclamação dos dois lados.
 
- Nossa, que juiz horrível – exclamou Cidrão.
 
- Não vai dar nada, não? - indagou Corneta.
 
Mais confusão. Japa Mori e Frai se estranharam na lateral direita. Princípio de briga. Rafinha e Telles bateram boca. Um aponta para o outro:
 
- Eu também te amo.
 
Empurra-empurra daqui e dali, elogios desmedidos, sogras orgulhosas e Guedes acalmando a galera:
 
- Calma. Estamos ganhando.
 
Eduardo fez falta em Rafinha na intermediária. Falta frontal. Farias na bola? Não. Careca. É do balacobaco. Chute rasteiro fraco no meio do gol. Passou pela barreira e Gamarra aceitou. Que frango! Gooooooool do Coringa. Foi buscar. Tudo igual. 3 a 3.
 
O arqueiro se lamentou de cabeça baixa. Era hora de erguê-la. Tem crédito. Falhou, mas pega muito. O torcedor perdoou:
 
- Futebol é assim. Os caras não fizeram lá na frente; tomaram.
 
- Acontece. É assim mesmo. Mas o Gamarra é foda, agarra muito.
 
O que foi isso? Não, não é possível. Toque de calcanhar de Careca. Recebeu de volta na lateral. Tentou o elástico – não colou. Puxou com a direita pra trás, mas a bola escapuliu. Levantou a mão esquerda como sinal de perdão e estalou a língua no céu da boca:
 
- Tsa.
 
- Vai pra área, Renan – gritou Corneta.
 
Guedes pediu na direita e, de voleio, bateu de fora da área. A zaga coringa cortou. E Rafinha aproveitou. Ítalo tocou na ponta esquerda e Rafa avançou. Gamarra saiu e dividiu com o atacante. Ambos caíram. A bola foi contra a meta celeste e morreu no canto direito. Goooooooooooooool do Coringa. O quarto! O da virada! Incrível, o time foi buscar o resultado.
 
Ainda caído, Rafinha inclinou a cabeça, viu que a bola entrou, cerrou os punhos, fechou os olhos e esmurrou o chão. Três vezes.
 
- C********************!
 
Mas ainda tinha jogo. Dan ganhou dividida com Guedes na esquerda e vibrou. Bateu no peito e soltou o grito:
 
- Éeeeeeeeeeee!
 
Guedes não desistiu.
 
- Joga no pagode – gritava a torcida.
 
Guedes estava lá. Com o pandeiro na mão, bateu rasteiro do meio. Gui, agachado, defendeu. Quase deu samba! Pressão celeste: Dan afastou o perigo na área coringa e comemorou. Rafinha, de carrinho, ganhou dividida na lateral. Piiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii. Final de jogo.
 
Não deu para o Império, que sofreu nova virada e ainda não pontuou nesta temporada. A vitória escapou por pouco e será sentida. O capitão Guedes atribuiu a derrota à falta de atenção. “Vacilamos duas vezes, não fizemos lá na frente e acabamos tomando a virada”, ressentiu.
 
Mas o time precisa reagir. Tem time pra isso e não adianta chorar pelo leite derramado. Pode começar a reverter esta história já na próxima semana, quando encara o Condor´s, que está uma posição acima na tabela. O vice-líder precisará de outro trunfo pra bater o Só Resenha, que vem de derrota e estão trucados.    
           
Ficha Técnica
 
Império Celeste 3 x 4 Coringa – 3ª rodada do XVII Chuteira de Ouro
 
Gols: Eduardo, Guedes e Romulo (IC); Farias (2), Careca e Rafinha (C)
 
Cartões amarelo: Frai e Zé Victor (IC); Japa Mori, Dan Cantarelli e Diogão (C)
 
MVPs: 1 – Rafinha (C); 2 – Guedes (IC); 3 – Careca (C)