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Mercenários vence e Só Quem Sabe não sai do lugar; Mezadri ainda acredita

Era hora de cumprir o que previu. 1, 2, 3, gols no Mercenários? E aí, SQS? Fala muito ou é bom mesmo? Mezadri é um homem de fé. Prova disso foi uma noite de inverno em 1984. 3h45 da madrugada o telefone toca. Era o chefe:
 
-        Mezadri: tenho um carregamento para Recife amanhã. Preciso de você.
 
-        O quê? O quê? Que horas são? - perguntou sonolento.
 
-        Acorda, porra! Um carregamento. Amanhã. Recife.
 
-        Você quer me foder né chefe? - questionou depois de duas bocejadas.
 
-        Bora, Mezadri. Não quer trabalhar, não, porra? - o chefe ameaçou.
 
-        Sim, mas é que...
 
            Ponderou por três segundos e respondeu:
 
-        Carregamento? Que porra de carregamento?
 
-        Galinhas d´angola. 875 – respondeu Serjão, coçando o bigode, e na dúvida se o caminhoneiro aceitaria a carga.
           
Acordado de vez, pensou. Olhou para o teto rachado, o ventilador Arno quebrado e a escrivaninha herdada da tia-avó. Sob ela, uma garrafa long neck de Cintra com o rótulo rasgado, ainda com três dedos de cerveja dentro. Não pensou duas vezes: mandou pra dentro. Cuspiu no chão aquela merda com gosto de cigarro. Caminhou até o banheiro, enxaguou o rosto duas vezes e se olhou no espelho trincado. A barba por fazer. F*-se. Pegou o telefone e aceitou a oferta.
 
No dia seguinte lá estava ele no galpão da viação, tendo que lidar com uma granja e a amolação de Serjão, que falava mais de prazo do que de grana.
 
-        Enfim, tô na m* mesmo – pensou.
 
O trecho Cuibá-Recife era desconhecido. 3.256 Km. “Tiro de letra”. Mandou-lhe um arrebique pra dentro e montou no Ford 5, velho de guerra. Às 2h13 da madrugada, no Km 182 da MT-40, quando manter os olhos abertos era um sacrifício, algo chamou sua atenção. Era um casarão antigo, estilo República Velha. A luz vermelha na varanda passou despercebida. Os dizeres no letreiro não:
 
-        Promoção Rapidinha: Cr$ 16,90. Aceitamos cartões, mas só de débito.
 
Vontade não faltou. Trouxe para a marcha 2 e ponderou por nove segundos. Olhou para o escapulário pendurado no retrovisor interno e para a aliança de prata no dedo do meio da mão esquerda. Seguiu em frente. Entregou a carga com sete minutos de atraso. Quatro galinhas morreram no trajeto.
 
Fernando de Andrade cortou por baixo no ataque e vibrou:
 
-        Ahh!
 
Rodriguinho fez falta em Noal no meio. Luiz Minici se movimentava. Túlio desabou no meio. Felipinho ciscava.
 
Luiz tocou na intermediária para Felipinho chutar alto no canto esquerdo. A bola subiu muito.
 
Rodriguinho pedalou pra cima de Luiz. Melhor para o Frank – que tocou para Noal, de frente para o gol, ser travado na hora H. Rodriginho contestou:
 
-        Não foi falta, não?
 
Ignorado. Felipinho chegou junto em Jacobi, que caiu. Leal, na bola. Dois homenzinhos da paz. Um deu o braço para o outro e o levantou.
 
Motta tocou no meio para Jacobi, que abriu com Tadeu na ponta direita. Tirou de um e rolou no meio para Bob – de frente para o gol – isolar. Pegou mal na gorda.
 
Paulinho arisco na direita. Tocou no meio para Tulio deixar com Maciel na esquerda. O injustiçado cortou para dentro e bateu por cima do gol. Alto demais. Tulio cobrou lateral na área. Noal subiu e meteu o coco nela. Tentou encobrir Arthur Chan – que deu um passo para trás e defendeu em dois tempos. No contra-ataque, Rodriguinho tocou na direita para Jacobi cruzar para Tadeu bater colocado no canto direito. Passou perto demais. Uhhhh!
 
Rodriguinho sofreu falta dura de Minici. Falta. Torcida branca na bronca:
 
-        Vai tomar no **, seu arrombado – gritou um torcedor mais alterado.
 
Tinha um que não parava de fumar Camel. Gostava do que via. Contudo, exigir dele uma leitura fiel do jogo seria demais. A paixão altera os sentidos.
 
Tulio parou a jogada de Jacobi com carrinho. Falta. Minici trocou um lero com o árbitro. Torcida queria cartão.
 
-        Tá liberado o carrinho?
 
-        Como assim é normal? - contestou Jacobi.
 
Porém, um minuto depois, o SQS não teve muito do que reclamar. Serjão – o touro xucro de Americana – cruzou na ponta direita para Minhoca cabecear para a rede. Gol do SQS: 1 a 0.
 
O Mercenários tinha dificuldade em armar jogadas. O SQS entrou com raça – o que geralmente não costuma faltar ao time vermelho tampouco. Fê é um caso à parte. Roubou na defesa e arrancou. Foi com tanta vontade que acabou tropeçando na bola. Arrancou gargalhadas da torcida adversária. Cutuca a fera pra vê!
 
O Mercenários voltou melhor. Bem melhor. Surpreendente até. No primeiro lance da segunda etapa, empatou. Dezinho cruzou da esquerda para Fê, que chegou atrasado para a conclusão. Felipinho, porém, estava na sobra e bateu rasteiro para empatar. Goooooooooool do Mercenários: 1 a 1.
 
Ele não é muito de comemorar, né. De tão tímido, pede desculpas por existir. Mas os companheiros extravasam por ele. Alegria em dose dupla. Kazu dividiu na defesa e levou a melhor. Tocou para Paulinho no meio, que passou por um marcador e tocou na esquerda para Dezinho chutar colocado no canto direito e virar. Gol do Mercenários.
 
Uau! Nem dois minutos se passaram e o Mercenários tomou as rédeas da partida. Voltou pilhadão. Mesmo sem a bola no pé, o time não dava sossego. Kazu tirou bola e ouviu elogios.
 
-        Boa Kazu – gritou Marquinhos do banco, todo encolhido do frio.
 
Dred roubou a bola no meio, tocou para Rodriguinho – o primeiro sub-15 de Araxá a completar o álbum de figurinhas da Pocahontas em 1997 – deixar com Pedroso no meio. Vai arriscar daí? Era longe, mas ele encarou. Bateu baixo no canto esquerdo. Alan defendeu. Serjão também deu seus pulos. Chutou do jeito que deu. Neste caso de fora da área. Muito alto.
 
O Mercenários não deixou o SQS crescer no jogo e tratou logo de acalmar os ânimos dos meninos. Paulinho ganhou no meio – tocou na ponta esquerda para Felipinho cruzar rasteiro. A bola atravessou toda área branca e caiu no pé de Dezinho – o Wesley Snipes do Chuteira. Puxou o gatilho. Matou. Gooooooooooooooooooooooooooool do Mercenários: 3 a 1.
 
Paulinho – o Blade Runner – recebeu passe de Bollito no ataque. Tentou o toca-que-eu-vou, mas Pedroso não deixou. Jacobi apareceu no meio e ligou Serjão aberto na ponta direita. O Touro indomável cruzou forte, a bola cruzou a área e não tinha ninguém lá para empurrá-la para dentro. Alguém que desse no couro. Cadê?
 
Minhoca deu um come seco em Dezinho no meio de campo e o deixou no chão. Mas na hora de finalizar... Um mijo. Alan defendeu tranquilo. Saiu jogando com Bollito, que tocou na direita para Fê rolar para Paulinho chutar forte no canto direito. Por cima do gol. Passou perto.
 
Aos 13, o SQS perdeu boa chance de empatar. Andrade armou jogada pelo meio e tocou para Dred cruzar rasteiro da direita. Bob chegou um pouco atrasado e não conseguiu concluir.
 
-        Ahhh – lamentou.
 
Já era. Paulinho saiu jogando em velocidade no meio, driblou um marcador e tocou na esquerda para Iago, que tocou por debaixo das pernas de Andrade e bateu colocado no canto direito para ampliar. Gooooooooooooooooooooooool do Mercenários: 4 a 1.
 
Renato Ribeiro se aquecia. Motta lançou na área. A bola pegou nas costas de Andrade – que olhou de um lado para outro até vê-la na sua frente. Recuou para Dred bater cruzado. Saiu à esquerda. Rodriguinho, em seguida, tentou jogada pelo meio. Dred pediu e cruzou da esquerda. Andrade esperava no outro lado, mas o lançamento foi muito alto.
 
Renato – o mesmo que há um minuto se aquecia – errou passe no meio, mas Minici consertou. Tocou para Túlio no meio, que ajeitou para o arremate rasteiro de Iago, no meio do gol. Arthur Chan segurou.
 
O SQS voltou a ter oportunidades no final do jogo. Dred tocou na esquerda para Minhoca ajeitá-la para Andrade chutar, com carinho, no canto esquerdo. A bola subiu e passou rente ao travessão.
 
Bollito e Serjão se estranharam na ponta direita e houve um princípio de confusão. Bollito ergueu os braços como quem não fez nada e ficou quieto. Serjão se levantou encarando Deus e o diabo. Dezinho chegou bravo na roda. Marquinhos gritou para tirarem Noal da parada.
 
-        Tira o Noal daí. Ele tá com amarelo.
 
Como sempre, a turma do “deixa-disso” chegou para apartar. E tudo não passou de um bate-boca. Três minutos depois estavam enchendo a cara juntos. Final de jogo.
 
Mezadri voltou de viagem para elevar a moral do time:
 
-        Vamos entrar com o mesmo espírito no próximo jogo.
 
O time vai precisar. Deste e, se possível, de alguns outros também. Encara o líder CAV precisando vencer e rezando para o Peneira não fazer o mesmo contra o vice-líder Mercenários, nesta que é a única disputa em aberto no grupo. É semana que vem. Quem vai cair?
 
Ficha Técnica
 
Mercenários 4 x 1 Só Quem Sabe – 8ª rodada do XVII Chuteira de Ouro
 
Gols: Felipinho, Dezinho (2) e Iago (M); Minhoca (SQS)
 
Cartões amarelo: Maciel, Felipinho e Noal (M); Jacobi e Serjão (SQS)
 
MVPs: 1 – Felipinho (M); 2 – Dezinho (M); 3 – Bob (SQS)
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