Antes de falar sobre estrutura de time, é necessário dizer neste início, e não apenas no parágrafo final, sobre dois comportamentos execráveis e inadmissíveis ocorridos no último fim de semana. Após três rodadas, a arbitragem sofreu algumas reclamações além da conta referentes à quarta jornada. Até aí, sem problema, pois as críticas, quando construtivas, são bem-vindas. O problema é quando os protestos extrapolam o bom senso, e duas situações foram ridículas – aquela famosa vergonha alheia, mas que terá as devidas sentenças.
 
Sem dar audiência, nomes de autores das agressões e respectivos times serão omitidos, porém, valerá o registro de que nenhuma das patifarias feitas sairá sem punição exemplar. Porque tentar agredir um árbitro, tendo ele acertado ou não se a bola entrou, ou cuspir em uma autoridade (ainda mais, covardemente, pelas costas), não são dignos de pessoas para participar da liga. Sobre esta última prática, aliás, repulsa total.
 
Cuspir já é um ato nojento em qualquer circunstância; quando atinge um ser humano, por mais que o autor da ridícula agressão tenha razão, faz a gente repensar se estamos realizando o papel certo em termos de sociedade.
 
Afinal, uma criança que provavelmente viu o ato nefasto, também provavelmente achará que aquilo é o certo quando adulto. Não, criança, o certo é respeitar o próximo – ainda mais quando se trata de futebol e você é amador. Foi um fim de semana de constrangimentos para os agressores, que terão bom e longo tempo longe do Chuteira para pensarem nas atitudes impensadas.
 
Agora sim, falando de estrutura (outra vez) – Na semana passada, esta coluna exaltou o trabalho que o Lokomotiv vem fazendo na Série Prata. No último fim de semana, um time da Série Bronze mostrou o quanto é importante iniciar uma base hoje para, dali mais para frente, colher frutos importantes. Trata-se do Cachorro Velho.
 
Está no Chuteira de Ouro desde 2010, isso pouca gente sabe. Frequentou Prata, Bronze e Aço. Foi mais um nome que renasceu após alguns anos de ostracismo. O renascimento, coincidentemente, desde a chegada de André Veras para o comando técnico do time. É o principal responsável? Não, mas é parte importante nessa reaparição do CV – tão líder, em pontos perdidos, do Grupo A quanto o favorito Bacana.
 
Na terceira colocação, já que venceu o confronto direto ante o É Verdadeee, a equipe conta com bons nomes do presente e passado. Deu um salto de qualidade quando estava na Aço com a chegada de Teté, multicampeão com o CAV e que está comprometido com um elenco cheio de energia e perseverança. Outro sinal importante além de Veras.
 
Não tem o ataque mais efetivo nem a defesa menos vazada. Não tem jogador disputando artilharia nem goleiro no topo da lista de MVGs. O mais bem ranqueado entre os MVPs, Mateus, divide a décima colocação com mais dezesseis jogadores. Qual o milagre do Cachorro Velho? Basta assistir a uma partida da equipe para perceber que 1) há organização tática; e 2) cada jogada é encarada como o último prato de comida na Terra. O primeiro item tem a ver com André Veras. Sem alguém comandando do lado de fora, enxergando o jogo e fazendo as escalações/substituições necessárias, o sucesso seria incompleto. O segundo item é exclusivo de cada jogador, que abraçou a ideia de jogar por diversão, mas com responsabilidade. Prova veio perto dos 20 minutos da etapa final da vitória de 2 x 0 ante o Burrinho: cada dividida e/ou afastada de perigo, gritos de empolgação de todos no banco de suplentes.
 
Sobre essa energia vinda de fora, é fundamental. Mostra que não há acomodação; não há cadeira cativa. Tupi é outro exemplo. Está com uma forma física invejável e lidera um elenco que ‘abraçou a causa’ do Cachorro Velho. Vale lembrar que o Bacana, hoje líder, sofreu para eliminar a equipe de Giggio e cia. nas quartas de final da última edição da Aço. Vale lembrar que ‘comprometimento’ é a palavra-chave antes até que ‘estrutura’.
 
Todos, menos um – Das cinco principais divisões do Chuteira de Ouro, todos os grupos têm como líder uma equipe que já atingiu, no mínimo, 9 pontos – exceto uma chave: o Grupo A da Prata, de longe o único ‘grupo da morte’ deste semestre.
 
Já tinha sido alertado nesta coluna. Hoje, passadas quatro jornadas, é permitida uma análise mais profunda e uma projeção mais detalhada. Três pontos separam o líder Baixada de Munique do quarto colocado, Olimpo. E são quatro pontos apenas a separar o BM dos quinto e sexto colocados, Magnatas e Divino, respectivamente. Foram incluídos estes dois últimos por serem equipes fortes e que ainda farão confronto direto com o time da Baixada Santista – além de encararem StarFucks, Real Madruga e Olimpo daqui para frente.
 
No último sábado, o 3 x 3 de caiçaras versus fuckers mostrou o quanto a chave é equilibrada. Soma-se outro 3 x 3: o de Real Madruga e Olimpo, que poderia mudar os rumos do grupo. Mais coincidência, o(a) leitor(a) pode achar em Magnatas 5 x 5 Divino. Coincidência? Como, se foram confrontos entre os seis que estariam hoje no mata-mata? Detalhe: não foram mencionados The Veras, Se7e de Perdizes e Real Paulista Classic. O que se empreende disso tudo? Que o Grupo B, num mata-mata, deverá ter dificuldades.
 
Só uma amostra – A Copa Estrelato realizou sua segunda jornada e um detalhe é certo: o bicampeonato do Rachão fc 70 não será tão simples assim. Além de os líderes Gigantes, Sexta-Feira, Midfielders e Tirinhas 4i20 apresentarem bom futebol, um duelo mostrou o quão equilibrada ficará a disputa pela taça: Entre Amigos 3 x 1 Panela. Jogo disputado, aguerrido, com bons jogadores dos dois lados.
 
O equilíbrio mental, assim como o comprometimento, fará a diferença.
 
Final após a Páscoa? – Vários jogos agitarão a quinta jornada, mas apenas um será aquele ‘confronto direto que se equivale a uma final antecipada’. Zero 13 e Del Porto vão se enfrentar e, quem vencer, praticamente assegura a primeira colocação geral do Chuteira 5 – mesmo com ainda quatro jornadas a serem realizadas depois. Com 12 pontos em 4 partidas, o Z13 é o único time a romper a barreira dos 20 gols marcados entre todos da Liga Chuteira de Ouro. Com 9 pontos em 3 partidas, o UDDP quer brecar o poderio de fogo que sobe a Serra todo sábado.
 
Pausa para recarregar as energias – O Chuteira de Ouro fará uma parada esta semana em virtude do feriado católico intitulado Páscoa. No retorno, além de Zero 13 x Del Porto, vale destacar: Fora de Série x Mulekes (Ouro), já que será o primeiro reencontro de Tiago Dacal, agora no comando da mulekada, ante seu ex-time; Baixada de Munique x Olimpo (Prata), que poderá dar um novo líder ao Grupo A; Camelo x Soberanos (Bronze), encontro de duas equipes em ascensão; Mercenários x Plata o Plomo (Aço), que estão deixando o Grupo A tão equilibrado quanto a chave A da Prata. Bom descanso a todos.