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Um dos estrangeiros do Chuteira, Pedro Cunha, o Portuga, é mais que um português: é um cidadão do Brasil

 

Mudanças podem ser positivas ou negativas, ou até neutras, mas, independentemente do sentimento tomado, serão complexas em primeiras instâncias. Por exemplo, mudar-se do emprego, ou de casa, ou de bairro. Pode ficar ainda mais abstruso caso a mudança seja de cidade. E se, então, a(o) cidadã(o) resolve variar de país? Cada um sabe aonde a mente e o corpo deverão repousar na busca da satisfação própria.
 
Assim aconteceu com um dos muitos estrangeiros que já passaram pelo Chuteira de Ouro: Portuga. Nascido na Pátria-Mãe, Pedro Cunha desembarcou em São Paulo há 10 anos e logo encontrou seu porto-seguro. Entre o gáudio de trabalhar com o que gosta (é formado em Educação Física) e o prazer do convívio com os amigos brasileiros, Portuga se fixou na capital do concreto e aço e logo descobriu um lugar para praticar uma de suas paixões. No caso, o Chuteira de Ouro e o futebol, respectivamente.
 
Sempre com um sorriso no rosto, nunca escondeu sua competitividade, mas com lealdade. Dessa forma, construiu uma reputação que o faz ser lembrado até hoje pelos irmãos DiCredo para retornar ao SPQSF. “Como qualquer imigrante, quando cheguei, passei por algumas dificuldades e dissabores na vida, mas sempre tive fé que iria conseguir. Hoje trabalho com o que mais gosto de fazer na vida, sou casado e tenho uma filha de 2 anos. As coisas boas sempre aparecem para quem luta por elas, e hoje sou uma pessoa realizada tanto no nível profissional quanto pessoal”, declarou.
 
A partir de agora, viaje nas ideias lusitana-brasileiras do jogador que faz sucesso no Real Paulista Classic há alguns semestres: Portuga.
 
Começou a temporada 2018 do Chuteira e vemos o Portuga novamente vestindo a camisa do Real Paulista Classic. Pode-se dizer que esta é sua casa dentro da competição?
Antes de começar esta conversa, gostaria de dizer que é um prazer poder dar este depoimento. Quero agradecer o carinho que sempre demonstraram por mim fora das quadras. O mesmo não posso dizer quando estou lá dentro, pois sinto que sou um perseguido pelos árbitros, sinto-me quase que como o Diego Costa quando joga, ou um Pepe da vida (risos). Brincadeiras à parte, apesar de sempre jogar duro, não me considero um jogador maldoso, nunca machuquei ninguém com gravidade, nem nunca arrumei nenhuma briga dentro de quadra. Catimba e provocação fazem parte do futebol, mas sempre sem exceder o limite do respeito pela outra pessoa que, com outra camisa diferente da minha, está ali, assim como eu, acima de tudo, para passar umas horas de diversão. Acho importante deixar isso claro, pois sei que a minha fama no universo Chuteira é de ser duro e maldoso (muitos risos). Voltando à questão, vou mais uma vez, e com um enorme prazer, usar o manto do Real Paulista. É o time que estou jogando há mais tempo e realmente aquele com o qual me identifico mais. O ambiente de amizade e boa disposição, acima de tudo, é o que nos move e nos faz sair de casa todos os sábados. A resenha ao final do jogo, as risadas e as conversas servem de escape de uma semana de trabalho estressante e enche-nos de energia para a próxima. São momentos sempre agradáveis e acho que por tudo isso é que ainda continuamos juntos, apesar de os anos irem se passando. Estamos cada vez mais lentos em quadra e cada vez mais rápidos na breja! (Risos) E de vez em quando, lá sai um bom jogo e uma boa vitória (risos).
 
Aliás, lembro de você atuando pelo SPQSF. Como foi este período? O que o grupo possuía que fez você tanto jogar com ele, mas depois sair?
O SPQSF foi um time pelo qual joguei alguns semestres e com quem também me identifiquei muito. Ambiente de amizade formidável, viajamos juntos, partilhamos momentos das nossas vidas pessoais juntos. Foi uma fase muito legal. O que me fez sair teve relação unicamente com o aspecto competitivo. Na época, precisava de algo novo, que me desse outra motivação e vontade de jogar. No fundo, precisava de novos desafios. Mas já disputei outros campeonatos com eles, e todo final de semestre o Di e o Rodi (os irmãos Dicredo) mandam aquela mensagem “E aí? Vai voltar este semestre?” (risos). Sempre que os encontro pelos corredores do Chuteira, fico feliz e faço questão de cumprimentá-los. Galera do bem.
No Chuteira, além dessas equipes, atuou por alguma outra?
Meu primeiro time foi o In Dubio Pro Barum, uma galera da academia onde trabalhava que me levou, mas durou apenas um semestre. Metade dessa galera se juntou e formamos um novo time, o SuaMãe. Aí entramos no torneio que na época era de acesso, ou que corresponde hoje ao Estrelato, não me recordo, e tive o azar de quebrar rádio e unha em uma queda. Veio cirurgia, falta de ritmo e algum receio no meu regresso, e acabei sendo empurrado para fora do time. As pessoas que o fizeram, algumas, ainda hoje por aí andam, mas nunca passaram de uma Série Bronze. São perdedores até hoje, mas não lhes desejo nenhum mal. Para mim, até foi melhor. Dentro desse período, fizemos um amistoso com o SPQSF e, na hora, eles me chamaram. Fiquei mais um tempo com o SuaMãe, pois tinha assumido um compromisso e, para mim, a palavra das pessoas é o suficiente, mas não demorou muito a me mudar. O resto vocês já conhecem.
 
O Real caiu para a Prata no primeiro semestre de 2017. No semestre seguinte, parou nas oitavas de final. É uma equipe com uma média de idade alta. Quais são os rumos do Real Paulista daqui para frente? O que o público pode esperar de uma equipe elogiada, mas que está caindo a cada temporada?
Nossos objetivos, basicamente, todo o começo do semestre, são os mesmos, tentar chegar o mais longe possível. Temos plena consciência que os anos vão passando e o corpo já não responde como antes. Às vezes, isso é uma vantagem, não corremos à toa, não nos desgastamos sem necessidade e aproveitamos a nossa experiência. É engraçado quando colocamos um time de moleques na roda e eles sem entender nada. Mas, como falei antes, o que nos move é a nossa amizade e o ambiente do grupo. Os resultados são secundários, apesar de sabermos que ainda temos potencial para voltar à Ouro. Quem sabe não é este semestre?
 
O time acabou eliminado pelo o que viria a ser o vice-campeão, HidroNG. Qual o sentimento que ficou após essa saída nas oitavas de final? Ficou alguma sensação estranha ou o dever inicialmente planejado foi cumprido?
A nossa classificação foi bastante difícil, quase que ficávamos de fora, não sabíamos até poucas rodadas do fim se íamos cair ou não. Mas mata-mata muda o chip, os jogos são diferentes, é tudo ou nada. Ficamos tristes quando saímos e mais frustrados quando vimos aonde o Hidro chegou. Sabíamos que tínhamos time para bater com eles, mas não há jogos iguais. Talvez se tivéssemos passado teríamos perdido nas semifinais. Não dá para ter a certeza de nada.

 
Há quase 3 anos, o Real Paulista era vice-campeão da Prata, ao perder para o A.A.A. de Balãotelli
 
E para a temporada que se inicia, o que o público pode esperar do time, já que a divisão terá times chamados ‘favoritos’, como o Guaxupé?
É sempre bom tirarem o foco do nosso time. Seguimos quietinhos fazendo os nossos pontos e depois logo se vê. Do nosso time sempre podem esperar uma coisa, nunca nos damos como vencidos e vão ter que ralar muito para nos ganharem. Raça e vontade, apesar da idade, não nos falta (risos).
 
E o que esperar do próprio Portuga? Quais são suas motivações para jogar mais um semestre?
O futebol é uma das minhas grandes paixões, tento encarar todos os jogos como se fosse o último que vou jogar na vida. Esse, aliás, é o meu lema: aproveitar todas as coisas boas da vida com intensidade. Por isso que, às vezes, sai uma mão mais alta sem eu conseguir controlar, é instintivo (risos). Então, enquanto eu achar que o meu corpo deixa, a minha motivação é a mesma do que quando tinha 12 anos e entrei no meu primeiro campeonato como federado.
 
Seu apelido, Portuga, é autoexplicativo. Quando chegou ao Brasil? Por que se mudou para cá? Qual sua trajetória de Portugal para o Brasil?
No começo, ficava bravo com o apelido, achava que era depreciativo, mas depois fui me acostumando e percebi que era carinhoso (risos). Em julho deste ano fará 10 anos que me mudei para São Paulo. Já tinha tido uma experiência anterior durante 1 ano fazendo intercâmbio em Salvador, e desde essa época pude perceber que era uma pessoa do mundo, e que morar em Portugal, numa cidade pequena, não era aquilo que me faria feliz. Aliado a isso, a parte profissional também pesou na minha mudança. Sou formado em educação física e sempre achei que São Paulo era um lugar onde teria mais portas se abrindo. Como qualquer imigrante, quando cheguei, passei por algumas dificuldades e dissabores na vida, mas sempre tive fé que iria conseguir. Hoje trabalho com o que mais gosto de fazer na vida, sou casado e tenho uma filha de 2 anos. As coisas boas sempre aparecem para quem luta por elas, e hoje sou uma pessoa realizada tanto no nível profissional quanto pessoal. Não me arrependo nem um pouco das opções que fiz no passado. Só as saudades dos meus velhotes, que sempre são muitas e difíceis de matar.
 
Um dos problemas do mundo é a xenofobia. Seu idioma é a mãe do idioma falado no Brasil, mesmo assim, posso apostar que já teve problemas de preconceito em algum segmento de sua vida aqui nas terras tupiniquins. Estou certo? Como você lida com a questão xenófoba?
Sou muito agradecido por nunca ter passado por nenhuma situação desse tipo. Não sei nem como iria reagir. Sou contra qualquer tipo de preconceito. É engraçado, porque a história que aprendemos em Portugal tem como a descoberta do Brasil um dos nossos maiores feitos, mesmo sendo sem querer – queríamos ir para a Índia –, povo (português) burro do c****** (risos). Aqui, só de falar que (nós portugueses) descobrimos o Brasil, as pessoas já ficam ofendidas, falam que sempre cá estiveram (risos). Têm razão, mas temos que olhar para os dois lados e as duas visões. Então, esses tipos de discussões saudáveis, sempre tive. Brincadeiras sempre há, mas sempre com limite. Me zoam muito principalmente com futebol, ou é com a seleção portuguesa ou é com o meu Benfica. Tentam sempre arrumar coisas para me irritar. Torcem até para o Messi, que é argentino, só para dizer que é melhor que o Cristiano Ronaldo. Como sabem que sou muito patriota, ficam me cutucando até eu os mandar tomar no c*, depois param (muitos risos). Mas sempre fui muito bem recebido e acarinhado por todos e em todos os lugares que vou, mas também é porque sou um cara legal pra c****** (muitos risos).
 
Num domingo qualquer, estive no Playball e vi você lá orientando crianças. Conte para o(a) leitor(a) um pouco do seu trabalho e o que as crianças te ensinam para que sobreviva à fase adulta. Seria bem legal o público saber da sua parte educadora.
Como falei antes, sou formado em Educação Física, e realmente o trabalho com crianças e adolescentes é uma das coisas que mais gosto de fazer na vida. Conseguir passar para elas a nossa experiência, mostrar para elas o verdadeiro valor e sentido do esporte e tudo o que isso pode agregar nas suas vidas adultas, é extremamente motivador e me faz sentir realizado. Todos os dias elas nos colocam desafios novos, somos testados, voltamos a ser crianças e temos que tomar decisões de adultos. Lidar com os seus conflitos, dificuldades, e no final saber que você conseguiu ser importante para aquela criança e saber que a conseguiu ajudar, se tornando uma referência para ela, te traz muita responsabilidade. Mas, ao mesmo tempo, muito prazer. Não consigo nunca separar o Portuga ‘pessoa’ do Portuga ‘educador’, acho que os valores que nos movem são os mesmos.
 

Portuga dá aula em um colégio particular e cuida de algumas categorias em torneios


Inclusive, descobri que é amigo do King (capitão do É Verdadeee) justamente pelo seu trabalho. O que esse tipo de ligação te ajuda em sua vida? E até onde te ajuda a jogar o Chuteira?
Realmente, nos corredores do Chuteira encontramos muitas figurinhas que cruzamos também na nossa atividade profissional. Mais amigos de uns, menos de outros, mas o importante é sabermos distinguir as coisas e, principalmente, saber que somos referência para um grupo de crianças que comandamos. O Paulo (Cavalheri, mais conhecido como King) é uma dessas figurinhas, no caso um figurão, por ser tão gente boa quanto é de tamanho. Nunca tive oportunidade de jogar contra ele, mas, como técnico, jogando contra, já lhe ganhei (muitos risos). Se ainda tiver oportunidade de me cruzar com ele no Chuteira, pelo menos uma botinada vai tomar (mais risos). A única coisa que posso dizer é que o Chuteira é sinônimo de amizade. Muitos dos amigos que tenho hoje, foi lá que os conheci, e tirando uma confusão ou outra, acho que o universo Chuteira agregou mais do que separou.
 
Já levantou alguma taça de campeão no Chuteira?
Já subi algumas vezes direto de divisão por ser campeão de grupo, e talvez por isso já tenha disputado uma final da Prata. Parece que a galera relaxa porque já conseguiu o objetivo principal.
 
O jogo inesquecível do Portuga no Chuteira é?
O jogo inesquecível do Portuga no Chuteira é... o próximo, porque é esse que me faz levantar no sábado com uma vontade da p**** de ir jogar bola (muitos risos)!  

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